oreinabarriga

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20.11.06

Uma nova palavra

Não, uma silaba nova, assim é que é, por enquanto. Pê.
Pê é peixe! Foi a minha mãe que me disse que pê é peixe porque o Miguel fartou-se de repetir a sílaba mas eu não chegava lá.

9.11.06

Poema Temperamental

Ó cara...! Ó cara...! Quem abateu estas aves? Quem é que sabe?
Quem é que inventou a pasmaceira?
Que puta de bebedeira é esta que em nós se vem já desde o ventre da mãe
e que tem a nossa idade?
Ó car...! Ó car...! Isto de a gente sorrir com os dentes cariados
esta coisa de gritar sem ter nada na goela faz-nos abrir a janela.
Faz doer a solidão.
Faz das tripas coração.
Ó car...! Ó cara...! Porque não vem o diabo dizer que somos um povo de heróicos analfabetos?
Na cama fazemos netos porque os filhos não são nossos,
são produtos do acaso desde o sangue até aos ossos.
Ó c...! Ó c...! Um homem mede-se aos palmos se não há outra medida e põe-se o dedo na ferida se o dedo lá for preciso.
Não temos que ter juízo o que é urgente é ser louco
quer se seja muito ou pouco.
Ó c...! Ó c...!Porque é que os poemas dizem o que os poetas não querem?
Porque é que as palavras ferem como facas aguçadas cravadas por toda a parte?
Porque é que se diz que a arte é para certas camadas?
Ó c...! Ó c...!Estes fatos por medida que vestimos ao domingo tiram-nos dias de vida
fazem guardar-nos segredos e tornam-nos tão cruéis
que para comprar anéis
vendemos os próprios dedos.
Ó c...! Ó c...! Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!Ser-se cego surdo e mudo entre gente sem cabeça não é desgraça completa.
É como ser-se poeta sem que a poesia aconteça.
Ó c...! Ó c....! Nunca ninguém diz o nome do silêncio que nos mata e andamos mortos de fome(mesmo os que trazem gravata)
com um nó junto à garganta.
O mal é que a gente canta quando nos põem a pata.
Ó c...! Ó c...! O melhor era fingir que não é nada connosco.
O melhor era dizer que nunca mais há remédio para a sífilis. Para o tédio.
Para o ócio e a pobreza. Era melhor. Concerteza.
Ó c...! Ó c...! Tudo são contas antigas. Tudo são palavras velhas. Faz-se um telhado sem telhas para que chova lá dentro e afogam-se os moribundos dentro do guarda-vestidos entre vaias e gemidos.
Ó c...! Ó c...!Há gente que não faz nada nem sequer coçar as pernas.
Há gente que não se importa de viver feita aos bocados
com uma alma tão morta que os mortos berram à porta dos vivos que estão calados.
Ó c...! Ó c...! Já é tempo de aprender quanto custa a vida inteira a comer e a beber e a viver dessa maneira.
Já é tempo de dizer que a fome tem outro nome.
Que viver já é ter fome.
Ó c...! Ó c...!Ó c...!


Joaquim Pessoa

Vem aí o Natal

Vem aí o natal e agora? Aonde é que eu me escondo?
Já vejo lâmpadas, milhares de lâmpadas à minha volta, acesas, sem ideias novas. E pessoas. Na minha imaginação levam um machado para cortar pinheiros, as que não levam um machado vão arrancá-los da terra ainda pequenos.
As lojas vão finalmente contratar meninas para ficarem de pé a fazer embrulhos e por lacinhos, meninas que não sabem se o semário sai à quarta ou à quinta, se o pão é de hoje, se há em azul, só sabem fazer embrulhos e por lacinhos e às vezes sabem sorrir.
Já vejo os pais natal do ano passado a subir por uma escada as varandas da minha rua, e os que são deste ano estão todos pendurados nas vitrines do Chinês a trepar por ali a cima até ao teto das lojas.
Vem aí mais um natal dos hospitais sem a prática da eutanásia estar devidamente legalizada.
A carta para pagar o seguro do carro deve estar na minha caixa do correio.
Alguém já me perguntou hoje o que é que eu quero para o natal? Já? Um funeral. Quero um funeral para o natal. E um burro, que eu quero por força ir de burro ao funeral do natal.

Palhaço rico, palhaço pobre...


Rico que come muito é Gourmet, pobre que come muito está esfomeado, rico que lê o jornal é intelectual, pobre que lê o jornal está desempregado, rico vestido de branco é médico, pobre vestido de branco é pai de Santo, rico a subir a ladeira faz rapel, pobre a subir a ladeira está de regresso a casa, rico de fato é empresário, pobre de fato é defunto, o rico na loja pergunta: Quanto custa? O pobre na loja responde Estou só a olhar...

1.11.06

O Mê Éme do Miguel!

O Miguel percorre kilometros no seu Mê Éme pela casa! (carrinho da chicco que os padrinhos lhe ofereceram no 1º aniversário) E grita enquanto anda: mãmãmããããããm! (Os mê émes têm este defeito: motor muito ruidoso, mais a mais quando conduzidos por miniaturas com idade nenhuma para guiar)

Tudo para ele é um volante: um prato, uma roda, a ventoínha do climatizador, a nora de brincar que está na banheira. Já diz papá, vô, vó, íave (chave), ó pá! ... agora diz muitas vezes ó pá! Quando cai, quando deixa cair alguma coisa, quando algo se desmancha... é muito engraçado. A íave (chave) é o seu objecto predilecto e quando lhe damos uma ele descobre fechaduras por todo o lado e tenta abrir todas as coisas.
Como se destapa constantemente durante a noite, anda constipado, pois claro. Hoje vamos experimentar enfiá-lo num saco cama quando ele adormecer. Pode ser que seja a solução para a constipação e para as "diretas" que a mamã tem feito (agora com esta idade) porque tem que tapar o piolho de todas as vezes que ele muda de posição.
O CD do Noddy continua a ser o meu grande aliado, quando preciso ir para o banho, ponho o Miguel a ver os 8 episódios do Noddy, ou quando tenho que arrumar a casa, ou almoçar, ou vir ao computador, ao Blog aos e-mail's, à net sem a miniatura atrás de mim com as mãozitas irrequietas a querer ligar e desligar o aparelho, a impressora, as colunas.
Temos que pedir ao Paulo urgentemente (pode ser que ele nos esteja a ler) mais CD's do Noddy porque eu já sei aquilo tudo de cor e salteado (as falas, as canções, preciso de variar!) e por falar em Noddy, o que é que a vó Dília vai oferecer ao Miguel no Natal? O que é? É segredo mas eu digo-vos, baixinho, aqui só para nós: é o comptuador do Noddy! Viva...