oreinabarriga

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25.5.05

A Última ecografia?

Hoje, fiz a última ecografia. Certamente, a próxima vez que vir o meu filho poderei pegar-lhe de seguida e contemplá-lo sem a ajuda dos ultra sons. Ele estará ali, fisicamente, poderei senti-lo, cheirá-lo, beijá-lo, tudo, finalmente. Ainda bem porque ele já não cabe inteiro no ecran e depois de ter realizado a eco a 3/4 dimensões, ver o meu filho por partes e a preto e branco...
Estou com 35 semanas de gestação e 41 cm' s de bebézinho! Fui bem examinada mas às pressas, talvez porque o corredor lá fora estava apinhado de grávidas e de outras barrigas cheias de água mineral, qual balões prestes a rebentar se a espera demorar mais um nadinha que seja, ou talvez porque os médicos e enfermeiros estiveram a ler as mesmas notícias que eu e ficaram cheios de stress. Muito embora o governo tenha mudado à pouco tempo da direita mais para a esquerda, a verdade é que vão haver cortes no orçamento para a saúde (cortes, tem piada, mais um corte milimétrico e ía jurar que deixa de ser possível substituir as lâmpadas fundidas nos hospitais); os impostos vão aumentar assim como a prestação para a segurança social (tudo em nome do défice) e outras notícias da mesma espécie para as quais tenho aplicado os exercícios de respiração mais adequados que me tem ensinado a Professora Lurdes.
O meu filho está bem e já deu a volta, ou seja, está de cabeça para baixo, a fazer o pino como deve de ser, prontinho para nascer e isto é o que me deixa aliviada e ligeiramente adormecida, lembro-me das notícias mas se calhar li o jornal de outro país qualquer igualmente moribundo... O que realmente importa é o meu filho.
Já fora da clínica é que me passou pela cabeça que atrás de mim outras mães vêm e estiveram tal como eu uma eternidade de calendário e depois de salinha de espera a aguardar por uma ecografia para ouvirem dizer que está tudo bem, sentirem a saborosa anestesia das frases mágicas que eu também pude ouvir: percentil 50, boa vitalidade fetal, posição cefálica... a realidade é que somos atendidas às pressas, representamos para o estado um número de beneficiário com uma senha na mão com o número da nossa vez, mas deveríamos ser atendidas e atendidos como os que fogem às contribuições e são atendidas(os) no privado: como reis e como raínhas! Com pompa e circunstância, porque afinal, somos nós, os utentes da segurança social, os miseráveis do costume que vamos mais uma vez salvar Portugal do défice, da lama, da cauda da Europa e nas próximas eleições estaremos lá, esperançosos, com o perdão na mão e a esferográfica na outra para votarmos outra vez no mesmo partido!
O avôzinho João, depois de amanhã que é feriado, vai voltar à clinica para buscar o relatório da ecografia... não sei quanto pesa o meu filho ao certo e o peso do meu filho é que me importa. Mais que tudo, devia até ser notícia de abertura de telejornal. Pelo menos...

1 comentário:

Unknown disse...

Amo-te mãe, mais do que tudo no mundo, (pelo menos até agora... 13/09/2019) e obrigado por esta lembrança! :)