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29.8.07

A minha primeira grande desilusão

Era eu pequena e o meu pai entrou em casa com uma grande caixa de papelão. Era Sábado e todos os sábados o meu pai ía à Feira da Ladra e trazia brinquedos. Lembro-me particularmente dos carrinhos, dos serviços de loiça, uns de loiça verdadeira, às miniaturas muito, mas muito pequeninas, de uma delicadeza que só os meus deditos de criança pequena conseguiam manipular. Pousou a caixa (era pesada, grande e pesada) no hall de entrada do lado direito, no chão. Eu na minha imaginação, achei que quando o meu pai abrisse a caixa, sairíam carrinhos, serviços de loiça, jogos e bonecas dela!
- O que achas que o pai tem naquela caixa?
Eu enfiava tímida a cabeça dentro dos ombros e os meus olhos deviam brilhar por demais. Respondia que não sabia, mas a minha imaginação e expectativa, não paravam de crescer.
A grande desilusão veio quando o meu pai finalmente, abriu a grande caixa de papelão.
O que havia dentro daquela caixa? E agora, faço eu um bocadinho de suspense, nada de baixar a vista e ler o último paragrafo hein? Eu também esperei para saber.
Ontem comecei a ler "O vendedor de Passados" do José Eduardo Agualusa, que não é para aqui chamado mas para fazer tempo serve. Por falar em tempo, hoje está de chuva. E hoje é Agosto.
Pois o que havia dentro daquela caixa era um lustre. Um candelabro volumoso, para pendurar no tecto da sala. Decepcionados? Agora imagem uma criança tão pequenina, tão cheia de imaginação.
Ainda hoje lá está. Pendurado no tecto da sala, os pinjentes a lacrimejar como que para cima da mesa de jantar. Claro que nunca gostei dele, até porque várias vezes lhe acertei com brinquedos e bolas e o gajo nunca, mas nunca se partiu.
Foi a minha primeira grande desilusão.

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