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26.12.08

Televisão desligada, crise apagada.

A televisão acende sempre na miséria humana. Mudo de canal e está um casal com 4 filhos à mesa a lamentar-se de ter prescindido do carro, do telemóvel e das bolachas de marca. Em rodapé lê-se que a situação de crise levou mais uma fábrica a fechar e a levar centenas de trabalhadores para o desemprego antes do subsidio de natal, trata-se de uma fábrica de cortiça (quando não é de cortiça é têxtil, ou de calçado, ou de peixe, é daquilo que sabemos fazer melhor, não, aquilo que sabemos fazer melhor, antes da cortiça, dos sapatos, ... é dar cabo daquilo que temos de melhor). Tive mesmo que desligar o aparelho. Ainda esperei que a notícia do rodapé volta-se a dar em rodapé porque achei que tinha lido mal, quem deve ter levado a fábrica à falência foi o patrão da fábrica mas não li mal não, foi mesmo uma tal de "situação de crise". Tive mesmo que desligar o aparelho. Estas coisas pegam-se. Esta espécie de gripe dos jornalistas pega-se de uma maneira que se não desligamos imediatamente o aparelho o vírus contamina-nos e ficamos como o aproveitador do governo, que vê aquelas coisas na televisão (e chamem-no lá parvo) e ameaça logo que 2009 é ano de "apertar o cinto", "vêm aí tempos difíceis" como quem diz: o governo é bom, toda a desgraça a partir de agora é culpa da crise europeia e mundial. Pior! Podemos ficar como os empresários e donos de bancos, que aproveitam a espécie de gripe dos jornalistas, os primeiros para despedir os trabalhadores, não aumentar os salários nem dar formação ou melhores condições de trabalho, os segundos para pedir injecções de capital (chamem-nos lá parvos).

Experimentem desligar a televisão. Protegerem-se da espécie de gripe. Protegerem-se dos aproveitadores. Experimentem. E não sentirão crise nenhuma de especial. A gasolina está mais barata que nunca, as taxas de juro estão em queda livre (somos um país atrasado, quando a crise europeia e mundial cá chegar já o resto do mundo está em pé, curado e esquecido, com a vantagem que a crise é como um furação, arrasa tudo e vai perdendo força, se não ligarmos a televisão neste entremeio, quando a crise chegar já vem fraquinha, podemos pegar nela e mete-la num frasco e por uma rolha bem metida no frasco e despachá-la) e há subsídios de todas as qualidades e não é preciso ir à junta, nem à escola, nem à rodoviária, nem à segurança social fazer o pino, é só levantar a mão (e fazer um ar desolado, não se perde nada em fazer um ar desolado quando se trata de pedir um subsidio, se quiserem também podem lamentar que já só comem bolachas sem ser de marca, mas garanto que não é necessário chegar a tanto).

4 comentários:

Becas disse...

E eu a pensar que ibernavas mesmo no natal...

Rainha Reles disse...

O Patrick Dempsey ganhou o prémio de homem mais elegante!
(espero que ainda leias jornais e revistas)

Carmina Burana disse...

Becas: e ibernei, só que adormeci com a televisão ligada...

Carmina Burana disse...

Rainha Reles: pois ganhou! Eu li (na Hola!)
Afinal ainda há jornalistas sérios...