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24.11.08

Soldadinhos de Zinco


(Fotos Reuters)

Os mineiros das Minas de Aljustrel esperavam (esperam) do governo uma intervenção semelhante à que aconteceu com o BPN. Toda a gente sabe que não tenho nada contra o plano de medidas concretas que o governo apresentou para a crise financeira, nem contra a injeção de dinheiro nas instituições financeiras, já falei disso, toda a gente sabe que tenho um… fascínio por mineiros. Têm olhos piscando na carne cheia de fuligem, parecem-se com soldadinhos de chumbo, são soldadinhos de Cobre e de Zinco, não são de brincar, são soldadinhos sem medo ou então o medo está coberto da mesma fuligem e só lhes encontro a bravura.
O governo fala em negociações com investidores que querem comprar as minas de Aljustrel e assegurar assim os postos de trabalho nas célebres jazidas, mas os mineiros não pedem por mais promessas, pedem medidas concretas ao governo que tratou de salvaguardar os postos de trabalho do Banco Português de negócios, que tranquilizou os bancários, que nacionalizou o banco e os mineiros? Todos aqueles homens que têm olhos piscando na carne cheia de fuligem? Que até lutando por um buraco tenebroso e sombrio na finisterra onde mais ninguém quer ter um posto de trabalho, só lhes encontro a bravura?

26 comentários:

Anónimo disse...

Belo texto!!!Nós, cá por Aljustrel continuaremos a lutar. É a nossa sina...

Carmina Burana disse...

Pois é, é uma sina, o povo alentejano é lutador por natureza, e é solidário, mas é assim, mantendo essas duas características geração após geração, que vai mantendo a dignidade que lhe é atribuída (e reconhecida).
Nós (aqueles para quem os mineiros exercem um grande fascínio) por cá, desejamos boa sorte para esta causa nobre e que Santa Bárbara, não é? ajude os mineiros e os habitantes de Aljustrel, ou ajude o primeiro-ministro e o ministro da economia (agora fiquei confusa, já nem sei quem é que precisa mais de ajuda se são os mineiros se é o governo que sofre daquele problema de audição, reação, mais o problema de dotar ao esquecimento alguns setores não menos nobres que a banca, como mineiros, pescadores, operários fabris têxteis e do calçado, onde a sustentabilidade do nosso país assenta...)enfim, as melhoras para estes últimos.

MiudaCute disse...

As fotos são fantásticas, muito bem captadas (e muito bem escolhidas) e o texto também Carmina b.
Simles e está lá tudo, como uma singela homenagem à forma extremamente digna com que os mineiros de Aljustrel (neste caso) têm lutado pelos seus postos de trabalho e por um indice remuneratório que mesmo que lhes fosse concedido ficava aquém do merecido, é uma profissão tão fascinante quanto dura.
Boa sorte! E as sinceras e rápidas melhoras do primeiro ministro, claro.

MiudaCute disse...

(Não eras tu que também tinhas um fascinio por limpa-chaminés?)

Becas disse...

Um fascínio por mineiros é uma coisa que a gente resolve levando-te às minas de Aljustrel (levo-te eu que estou aqui mais perto), agora um fascínio por limpa-chaminés é que é pior... ainda existem limpa-chaminés? Se eu encontrar um... guardo-to.
A profissão de mineiro (e de pescador também), na minha opinião, será sempre mal paga porque não há dinheiro que pague aquilo, o risco, a dureza da actividade, a tal bravura, no caso dos mineiros a vida é curta mas este factor parece só ter relevo e ser levado em consideração no caso dos jogadores de futebol e dos pilotos da TAP não é?

Carmina Burana disse...

Tenho um fascínio por limpa-chaminés sim, será da fuligem? :) Não, acho que não! acho que tem a ver com mãos e rostos marcados pela profissão. Também tenho um fascínio por oleiros por exemplo, pescadores…
Os mineiros, mãos e rosto ficam marcados pela fuligem, pela clausura dos dias, as mãos dos oleiros pelo barro, rosto e mãos dos pescadores pelo frio…
Rostos e mãos com história, são fascinantes. Para um fotógrafo da Reuters então! já imaginaram?
Não me parece que possas encontrar um limpa-chaminés Becas, acho que eles já só existem no meu imaginário…

Carmina Burana disse...

Falaste duma coisa (Becas) pela qual eu tenho grande curiosidade: Qual será a idade de reforma de um mineiro? Como será feita a contagem de tempo de serviço de um mineiro para fins da aposentação?
A vida de um mineiro não é obrigatóriamente mais curta mas é-o potencialmente devido à exposição permanente aos compostos e às matérias da atividade e até pela própria dureza da profissão. Os mineiros devem ter o direito à reforma mais cedo, curta devia a ser a carreira, como é para os jogadores de futebol. Será que é? Temo a resposta porque quando vejo um mineiro, raramente ele é um rapaz novo.

Becas disse...

Quando vires um mineiro com 60 anos deduz que ele entrou tarde na profissão.
E isto é para não te dar um desgosto.

Becas disse...

Estou a brincar. Não sei, não faço ideia.

Carmina Burana disse...

... Também posso deduzir que devido à dureza da profissão parecem mais velhos do que são na realidade não é? Sou uma otimista.

Becas disse...

És uma otimista.

Anónimo disse...

Os noticiários e meios de informação deram destaque à manifestação dos professores contra o sistema de avaliação e não tirando razão aos professores e aos sindicatos dos professores, já era altura da Ministra da educação acertar de vez com o sistema, de uma coisa não se podem queixar: falta de tempo de antena. Os mineiros de Aljustrel na sua luta organizada e decidida em plenário, bem como o sindicato dos mineiros passaram ao lado, não tiveram a mesma sorte.
Uns são filhos de Deus outros são filhos de um Deus menor.

Anónimo disse...

Os futebolistas reformam-se mais cedo, os pilotos também, os deputados e os membros do governo reformam-se novos ainda e cheios de sáude (profissão desgastante?), os médicos e enfermeiros porque estão mais sujeitos a acidentes de trabalho e aos 65 não têm a mesma capacidade para tratar dos doentes, os educadores de Infância porque lidar com crianças é difícil, aos 65 já não há paciência... Eu não posso, nem quero acreditar que os mineiros não vejam a hora da reforma mais cedo. Devem ver com certeza.

João David disse...

Gostei do post. Como os fotógrafos da Reuters, tens uma 'objectiva que tão depressa capta a aparência como a essência e retrata sempre algo para além do óbvio.

Carmina Burana disse...

A minha objectiva capta as duas formas de beleza: a fácil e a difícil. Os mineiros são de uma beleza rara e todas as pessoas que assumem as rugas da vida, as marcas do tempo, são estranhamente belas.

Carmina Burana disse...

“Os mineiros de Aljustrel saíram hoje da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, com "duas mãos cheias de nada", disse no final da reunião o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira Jacinto Anacleto.”

25 Nov Lusa

Não foram recebidos pelo Primeiro Ministro, nem pelo Ministro da Economia, foram recebidos por um assessor do primeiro ministro para as questões sociais e saíram com “duas mãos cheias de nada”. O governo fala em “investidores crediveis” que é uma coisa vaga, nem nome têm, ou nacionalidade, é uma coisa vaga até para uma otimista como eu.

Anónimo disse...

As reformas antecipadas são uma maneira de não pagar subsídios de risco ou compensar com regalias quem exerce profissões mais pesadas ou de desgaste mais rápido mas parece que só para os deputados e membros do governo é que não restam dúvidas que gozam das duas maneiras.

david

Anónimo disse...

Gostei de te ver miuda. Por onde andavas? Ouço e leio por aí que os blogues estão a "morrer" e fico logo assustado com o teu volta e não volta vou- ali- e- não- sei- quando- volto.

david

Carmina Burana disse...

Assustada estou eu que o gajo que me assaltava o carro todas as semanas não tem dado sinal de vida. Tenho mesmo que ir à psp dar baixa do desaparecimento dele porque lhe aconteceu alguma coisa. A psp que o encontre porque eu até gostava dele, não estragava nada e se for preciso agora vem para aí outro que para me assaltar parte-me um vidro ou leva-me o carro.

Rainha Reles disse...

O meu fascínio vai para as pessoas que lutam por um posto de trabalho e não por subsídios e para aqueles que ainda encontram força para se manifestar.
Espero que a psp encontre o gajo que te assaltava o carro todas as semanas, nas minas de Aljustrel é escusado procurarem, não deve lá estar com certeza.

Rainha Reles disse...

Também tenho um limpa-chaminés no meu imaginário!

7 Sóis disse...

Porque é que estes homens insistem em ser mineiros?
Com tanto carro que há...

7 Sóis disse...

Espero que encontrem o gajo que te assaltava o carro todas as semanas, ele há-de aparecer, de Deus quiser.

7 Sóis disse...

Se Deus quiser numa mina qualquer a 7 mil palmos de terra a ver se consegue extrair qualquer coisa.

Anónimo disse...

Um abraço,

A actividade no interior de minas, em anexos mineiros ou instalações afectas a essa exploração é reconhecidamente uma actividade que acarreta riscos acrescidos para a saúde dos trabalhadores, tendo características que a determinam como especialmente desgastante. É por esse motivo que o regime previsto para trabalhadores de interior de mina, no que toca a antecipação de reforma,

estabelece os 50 anos como idade mínima,

através do Decreto-Lei nº 195/95. Esse Decreto-Lei vem exactamente consolidar e regulamentar a necessidade de serem consideradas condições conjunturais que justificam ou podem justificar antecipação da reforma por velhice, abrangendo assim não apenas os trabalhadores do interior das minas, mas todos aqueles que são directamente envolvidos na actividade mineira, desempenhando uma "actividade exclusiva ou predominantemente de apoio". Diversos estudos referem a perigosidade a que estão expostas as populações cuja actividade é levada a cabo em contacto com materiais radioactivos, onde se insere a extracção de urânio e o trabalho nas respectivas minas. São estudos levados a cabo inclusivamente por institutos públicos (Instituto de Tecnologia Nuclear e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge) que bem destacam a influência nefasta da proximidade e exposição ao urânio e produtos do seu decaimento radioactivo.

Orlando C.
pcp.pt

Carmina Burana disse...

Orlando, este seu comentário é tranquilizador em relação à nossa dúvida. Obrigado por estar atento e ter vindo em 'nosso auxílio. Avante!!