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5.10.05

Diário do nascimento de uma mãe XIII

Antes do Miguel nascer, andava eu em busca da felicidade. Em baixo das coisas, escondida atrás das árvores, no meio dos livros, atrás das portas.
De cada vez que encontrava a felicidade, sentia-me feliz claro, enquanto durasse o momento.
Desde que fiquei grávida, tudo passou a andar ao contrário e ainda hoje é assim. Ando feliz. A felicidade anda sempre comigo, (Deus também) e a tristeza é que às vezes a encontro em baixo das coisas, escondida atrás das árvores, no meio dos livros ou atrás das portas... De vez em quando encontro-a, à tristesa, e fico triste, claro, enquanto dura esse momento.
Gosto da minha vidinha assim.
Gosto do meu filho mais do que tudo na vida!
Fico surpreendida se o pai do meu filho chega a casa e só tem olhos para a lâmpada que se fundiu, para os salpicos no armário, para a luz da impressora que ficou acesa e para os milhares de acontecimentos sem importância absolutamente nenhuma que acontecem numa casa, tendo cá o nosso filho! É que para mim, desde que ele esteja aqui ao pé, a rir-se de não lhe doer nada, estou-me nas tintas para essas miudezas todas.
Será ele infeliz? Quando muito é tão feliz como eu era antes do Miguel nascer, uma coisa de horas, de dias quando muito.
Não sei se é herança, se o que é, que o faz ser assim, mas tenho pena, por mais felicidade que haja, há criaturas que não têm mãos para a agarrar, nem coração que chegue para ficar com ela.
Coitados...

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