O Miéu vai ao Vivo!

Desde que o pai lhe contou que comprou bilhetes para o Noddy Live que o Miguel todos os dias lembra:
- O Miéu vai ao Vivo! O Miéu vai. Pai compô os biêtes!

Esquecido

O meu filho anda muito esquecido. Come muito queijinho. Agora está sempre a dizer:

- Não me lembo. Miéu esqueceu!

Também não tem a mania que é sabichão, não, quando não sabe, admite prontamente:

- Não xei...

Á morte ninguém escapa

Nem o Rei nem o Papa
Mas escapo eu!
Compro uma panela
Custa-me um vintém,
Meto-me dentro dela,
E tapo-me muito bem,
A morte então passa e diz assim:
- Truz! Truz! Quem está aí?
- Aqui não está ninguém!
- Então Adeus meus senhores e passem muito bem!

A Criada

A criada lá de cima
É feita de papelão,
Quando vai fazer a cama
Diz assim para o patrão:
Sete e sete são catorze
Com mais sete, vinte e um,
Tenho sete namorados
E não gosto de nenhum.

A Lenga-lenga da avó Dília

A lenga-lenga da avó Dília também é muito engraçada...

O meu menino é pequenino
Vou à cama e não o acho
Vem de lá uma pulga, dá-lhe um coice
Manda-mo da cama a baixo!

Não é uma delicia?

Bichinha Gata

Bichinha gata
Que comeste tu?
Sopinhas de leite
Onde as guardas-te?
Debaixo da arca
Com que as tapaste?
Com o rabo da gata! Sape, sape, sape!

A minha mãe conta agora esta lenga-lenga ao meu filho e eu volto à infância quando isso acontece, como se fosse outra vez para mim...

Pico, Pico serenico

Pico, pico serenico
Pico, pico serenico
Quem te deu tamanho bico?
Ou de ouro ou de prata
Mete a mão neste buraco
Pico, pico serenico
Quem te deu tamanho bico?
Foi o filho do Luís
Que está preso pelo nariz
Pico, pico serenico
Quem te deu tamanho bico?
Foi a filha da rainha
Que está presa na cozinha
Salta pulga da balança
E vai ter até à França
Cavalinhos a correr
Meninas a aprender
Qual é a mais bonita
Que se irá esconder


Se vocês ouvissem esta lenga-lenga mas dita pela avó Ana! Se vocês algum dia a ouvissem, mas contada pela avó Ana, a minha querida mãezinha, vocês, acreditem, escangalhavam-se a rir.

Lenga-Lenga para a avozinha Ana

A avozinha Ana faz anos no dia 9, faz 73! Viva!

Agora a parte pior. A mamã não tem guita para comprar uma grande prenda, de modo que vai fazer um quadro. Não se assustem, não precisam tapar os olhinhos, vá lá, ponham-se à vontade, é um quadro com a minha fotografia! Não é outro ovo estrelado pendurado numa corda da roupa, não.

E ao lado a mamã vai escrever esta lenga-lenga que acabou de inventar:

A minha avozinha Ana
Já me ensina a Tabuada
Fica comigo durante a semana
E põe pão na minha marmelada

Quando chegar o Natal
Vou ao meu mealheiro
A minha avozinha, muito natural
Deve ter posto lá dinheiro

A minha avozinha Ana
Anda sempre de avental
É para não andar à paisana
E guardar lápis, alfinetes e tal

Não é meramente ornamental…

Gosto muito de ti avozinha
Mais do que bolos e bolachas
Que a minha barriguinha
Também gosta de larachas

E Lenga-Lengas de encantar
Que contas a fazer ver
Que só as sabes dizer
De pernas para o ar!

Quando me deito sonho contigo
E com o avozinho João
Sou o teu melhor amigo
E assim termino senão
Não acho rima para amigo
E fico aqui de castigo
A dizer este sermão.

(Bonito, bonito não está que a minha mãe para fazer quadros é um desastre quanto mais quadras! Mas é original. Ninguém tem um quadro como o que a avozinha vai ter.)

Foto

Será possível que ele não veja o Miguel?
Será possível que ele só veja dinheiro à frente?
Eu vejo o meu filho, o Miguel. Ele está lá, eu vejo-o tão bem... está tão bonito o meu filho.
Ele vê 3 Euros a multiplicar por não sei quantas...
Será possível? Não pertencermos ao mesmo mundo e vivermos na mesma casa?

Os animais

O linhão, a fifafa, o cão, o coelhinho, o pato, o sapo, a rã, a minhoca, a vaca, o mémé, o camêio, o pi-piu...

As cores

Vuméio, vêde, amaiêio, azui, roxo, laranja, pêto e banco.

O Helicóptero

E não é que o Miguel sabe dizer Helicóptero? Bem, não é bem helicóptero, nem sei se ele diz com agá, mas diz helicópto, não é semelhante? Não está bom de ver?

A bolinha da Tetéia

Guloseimas, guloseimas e mais guloseimas!

Não bastava já o Lúcolate (chocolate) as bolachinhas, os bolos, a coija (mel) agora são as bolinhas da Tetéia. Tetéia é a ursa Teresa, a amiga do Noddy e as bolinhas são pintarolas que vêm dentro da boneca. Eu bem digo que faz mal à barriga, caem os dentes e tudo! e vai pedir à avó está bem? Pede à avó que ela dá de qualquer das maneiras...

Só não sei como é que o Miguel vai limpar o prato da sopa quando as bolinhas da Téteia acabarem...

A Coija

- Ó mãe (chama como se fosse contar um segredo)
- Diz filhinho (eu de cócoras para ouvir o segredo)
- Põe a coija (e aponta para o bico da chucha)

(a coisa é mel)

O modelito

De manhã, antes do pequeno almoço...
- Ó mãe, essa não! (Para a camisa que eu vesti)
- Porquê filho?
- Essa é feia! A ôta. Veste a ôta mãe.

E lá vai a mãe vestir outra coisa, atrasadinha, atrasadinhos para ir para casa da avó Ana e do avô João mas a mamã vai vestir outra.

- Esta está bem filho?
- Xim. Essa é bonita.
- A mãe está bonita filho?
- Tá bonita xim. A ôta é feia!

É a primeira pessoa lá de casa e em todo o mundo a reparar nos sapatos novos da mãe, nas pantufas novas, nas botas que ele ainda não conhecia, na última mala que comprei e sempre que pinto as unhas? Sempre que pinto as unhas toda a familia tem que saber.

- Eh!!!! Mãe tem uma bota nova! Óia pai! Paí? Paí? Mãe tem uma bota nova, óia! óia!
- Eh!!! óia, óia, mamã pintô! (as unhas)

Isto com o dedinho indicador levantado e uma careta muito engraçada, entre o traquinas e o "passarinho da mãe".

Já te disse filho, que gosto de ti mais do que tudo no mundo?

O Mickey

O Miguel adora o Mickey!

A mãe até inventou uma história: O Mickey vai ao Castelo do Rei salvar a princesa Minnie que está presa na torre do Castelo, e o pateta também vai... É a história do "Mickey vai ao Rei!"

- Quem é filho? Como é que se chama?

- É o Mickey Mágê! Ó mãe, conta a históia do Mickey mágê! A do Mickey vai ao Rei!

E a mãe conta...

O que é ito?

- Mãe o que é ito?
- Vó Ana, o que é ito?
- Vô João? O que é ito?
- Paí? O que é ito?

E nós vamos dizendo. Não admira que ele saiba o nome de todas as coisas.

Monte Selvagem

O Miguel continua a ter medo dos tractores.

O pai levou-nos ao Monte Selvagem e tal como no Badoka, existe um tractor para os visitantes percorrerem todo o parque e conhecerem de perto, as espécies animais que ali habitam em semi-liberdade. Desta vez, para preparar o Miguel e convencê-lo a ir de tractor, tive que lhe dizer que também tinha medo e que não queria ir sózinha.

- Tu vais deixar a mãe ir sózinha no tractor?

- Nããããão.

- Então vens com a mãe?

- Miéu tem medo...

- A mamã segura e tu seguras a mão da mãe... A mãe não quer ir sózinha. Vens com a mamã?

- Xim. Miéu segúa a mão da mãe, mãe não vai xózinha não.

O meu filho é muito protector e amigo da mãe. Por mais ninguém o Miguel faria tamanho sacrificio, andar outra vez de tractor!

Fizemos todo o percurso bem agarradinhos um ao outro, as mãos do Miguel dentro das minhas e não chorou nada.

Mas a cada paragem do tractor o Miguel perguntava ainda assim:

- Já tá mãe? Já cabô mãe? Já teminô?

Ausência

A tantas coisas se deve esta ausência no blogue...

Ao tempo que dedico a escrever à minha querida Alice, ao excesso de trabalho na escola (chego a casa e a última coisa que me apetece fazer é voltar a estar em frente a um computador), mas também porque o meu filho me absorve, com as palavras, com as novas descobertas, com as associações fantásticas!

O Miguel diz tudo, conta até 10 mas só quando lhe apetece. Sabe o nome de quase todas as coisas e esta é a melhor fase da minha vida... as primeiras construções de frases do meu filho...