oreinabarriga

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este blogue tem Livro de Exclamações

19.2.07

Ganhou o SIM

A ver vamos agora, sem tapete, para onde sacodem as mulheres que quiserem fazer um aborto.
Felizes daqueles funcionários do estado, que já não têm que enfiar os processos de denuncias de mulheres e parteiras por baixo de todos para que sejam os pedófilos, os violadores e os corruptos a serem condenados primeiro. Felizes dos PSP que não têm que algemar mulheres que podiam ser as irmãs, as filhas ou amigas, porque todos temos irmãs, filhas ou amigas.
Levante-se a Objecção de Consciência por parte dos médicos, mas limpe-se o País por baixo do tapete!

17.2.07

Clique para saber a Lei

Para saber a Lei actual que vigora nos outros países da UE em relação à IVG, abra e depois clique em A lei na União Eupeia...

http://www.rtp.pt/referendo/

7.2.07

Referendo sobre a Despenalização do Aborto


Este Domingo vou votar no...

... Apesar da minha primeira gravidez ter sido um descuido da minha parte pois
andava a tomar a pílula e medicamentos para a gripe, ou seja, não estava para aí virada, apesar da PC Gás estar na altura a ir à falência, depressa superei todas essas contrariedades porque estar grávida é absolutamente maravilhoso!
Não julgo as mulheres que abortam. A mulher sofre para ter os seus filhos, a mulher tem menstruação, a mulher é que os traz na barriga durante toda a gravidez e seus receios, a mulher é que quando tem que ser se sujeita a um aborto, é justo condená-la? Mandá-la para a prisão? É? Pois não é, definitivamente. (Excluo sempre as que fazem abortos sucessivos, essas mulheres para mim não merecem entrar neste debate da despenalização do aborto, mas noutro debate qualquer, para o qual nem me ocorre um nome minimamente digno.)
O Ricardo deu pulos de contente no instante em que
o teste caseiro deu positivo, apoiou-me como só um verdadeiro homem o faz! Eu chorei bastante, depois já ria de alegria,
estou a alongar-me com esta história para chegar à altura em que fui fazer a primeira eco e não se via nada. NADA. O filho
que eu esperava era um vazio. Foi o vazio maior de toda a minha vida, (eu compreendo bem a dor de fazer um aborto, de perder um "filho", porque no fundo é um filho que se perde, eu senti naquela hora, as mulheres que abortam, sentem provavelmente quando acordam, essa perda, embora a mim tenha sido uma injustiça o que aconteceu, porque eu desejava o meu filho, penso que algumas mulheres sentem a mesma dor ou algo muito semelhante)
Na maternidade descobrimos que o embrião tinha morrido às 7 semanas de gestação.
O embrião ficou retido no útero, eu fui mandada
para casa uma e outra vez sempre na esperança (minha e do médico) que o organismo o expulsa-se. O excelente médico (e excelente ser humano que me assistiu) achava a raspagem do útero (prática do aborto voluntário) uma violência para a mulher a evitar a todo o custo (sobretudo para mim, primeira gravidez, relativamente jovem), mas não havia maneira de a natureza nos ajudar, de modo que à terceira vez o médico receitou-me então o CITOTEC de que tanto se fala na televisão que eu apliquei para provocar o
aborto. (Para provocar o aborto aplicam-se os comprimidos, não se tomam com água, introduzem-se à entrada da vagina).
O Dr. R. disse-me que a única maneira de saber a causa da morte do
embrião seria o exame histológico, mas para isso, eu teria que conseguir
guardar o embrião logo que ele fosse expulso, tinha que ter muita coragem para "aparar aquele passarinho nas mãos" e eu respondi que teria essa coragem, que preferia assim que mandar o passarinho fora como se fosse um “aquilo”, mandar “aquilo” fora...
A melhor maneira que encontrei para expressar o meu SIM, foi contar esta minha história.
Assim, aconteceu um “mini-parto”, rompeu-se o rolhão mucoso, comecei a ter contracções fortes (aquele medicamento dá umas contracções horríveis) e então saíu aquele 'passarinho' tal como havia o médico descrito. Com 7 semanas é semelhante a um passarinho ou ratinho que cabe na concha da palma da mão, tem olhos pretos do tamanho de cabeças de alfinete, tem a pele transparente e só não sei dizer se é visível o coração e outros órgãos (que já os tem em formação) porque está envolto em sangue e as minhas mãos e os meus olhos e o meu coração tremiam demais. Sabem que achei grande? Sabem que pensei: Meu Deus, é tão perfeitinho, como é que alguém pode fazer mal a uma coisinha destas? Pensava também que fosse uma bola de sangue, uma coisa do tamanho de um feijão, mas é algo mais, é o que descrevo, friamente, mas de lágrimas nos olhos.
Não me venham dizer que aquilo sofre, não é por aí, um embrião não tem sentimentos, sentimentos tem a mãe! E o feto. E não se sabe mesmo assim, ao certo, a partir de que semana de gestação, é preciso ter sistema nervoso, capacidade de registar/ memorizar a dor para sofrer, estarei certa? Acredito que sim. Eu perguntei ao médico, depois de feita a histologia, se o meu embrião tinha sofrido e ele respondeu que o coração parou e por isso não houve tempo para qualquer reacção mas que se tivesse ocorrido asfixia por exemplo, sim, “…teria-se debatido à sua medida, instintivamente, talvez, era um ser vivo, aqui não temos dúvidas".
Acho coerente o prazo das 10 semanas. Algum prazo tinham “eles” que estipular não é verdade? Não discutam por favor mais vez nenhuma se ao 11º dia já não se pode, se à meia-noite do décimo dia já não é legal, não sejam ridículos(as) algum prazo tinha que ser estipulado bolas!
Eu sou contra a interrupção voluntária da gravidez. Eu nunca faria um aborto que estivesse fora das condições previstas na Lei actual, mas a pergunta do referendo, o texto que vai aparecer no boletim de voto, no próximo Domingo vai ser: «Concorda com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, se realizada, por opção da mulher nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?» Não me vão perguntar se concordo com a interrupção voluntária da gravidez. As minhas dúvidas não são o sim ou o não, porque para mim é SIM e pronto. As minhas dúvidas são outras. As mulheres não continuarão a fazer abortos clandestinos por terem vergonha de ficar "fichadas" como dizem os brasileiros e agora não me ocorre melhor termo? O que farão as “tias” e as filhas das “tias” das revistas cor-de-rosa? Abortos no Amadora Sintra? E as mulheres que acham que não podem contar a ninguém que estão grávidas? Outra dúvida: Será que os Hospitais conseguirão cumprir o prazo das 10 semanas? Não irá acontecer a uma centena de grávidas querer abortar às 5 e só passados 30 dias poder ser atendida? Terão os hospitais Portugueses condições, as tais dignas condições que os apologistas do SIM tanto apregoam? Huuummm

Mas não vale a pena pensar assim, para já, um passo de cada vez.
Há que mudar as mentalidades e vamos a isso, a oportunidade que nos dão de votar neste referendo é de suma importância. Estivemos muito tempo calados(as) à sombra de uma Lei tão estúpida, tão estúpida que em tantos anos só meia dúzia de casos foram julgados e de certeza devem ter sido aqueles que a justiça não pode mesmo fechar os olhos de maneira nenhuma, fechar os olhos não se diz não é? É prescrever. Pres-cre-ver.
Condenem mas é os pedófilos! As mães e os pais que maltratam os seus filhos e abusam deles sexualmente, laboralmente, as mães e os pais que matam os seus próprios filhos com 2, 3, 4, 5 anos! Matem-nos a eles também, esfolem-nos em praça pública a ver se eu me ralo, as mulheres que abortam é que não!

Não concordo com a clandestinidade, com aquilo que não é possível contabilizar, com mercados e serviços paralelos. Não ando com os olhos vendados. Não há meias verdades. A realidade é sempre só uma.
Não gosto de chulos, mas das prostitutas sou capaz de gostar. Os toxicodependentes, os drogados, (eu gosto mais da palavra drogados) comovem-me, quase sempre, os barões da droga revoltam-me, metem-me nojo! Que sejam eles os condenados!
O SIM é uma bofetada naqueles que cobram por um aborto clandestino o preço de um parto numa clínica de luxo.
O SIM é retirar o aborto da competência da Justiça e levá-lo para a competência da Saúde que é onde ele deve ser discutido.

E se ganhar o Não, meu Deus, se ganhar o não (e num país agarrado a uma religião ainda obscura e sem querer ofender aqui os que a praticam e distribuem com fé e dignidade, demagoga e hipócrita, que está constantemente a apregoar a defesa da vida e a levantar a bandeira do NÃO mas pratica-se o mesmo crime que condenam dentro da sua própria comunidade, o crime do Padre Amaro, porque o problema existe!, num país povoado de gente cheia de falsos pudores e portanto, não ficava admirada) então nesse caso, façam o favor de condenar os homens que praticam o aborto, sim, que praticam o aborto, repito, porque se a mulher é que faz a raspagem do útero muitos são os homens que o provocam. E nunca se fala disso!
Tomara eu que nenhuma mulher mais desmancha-se o seu filho, quebra-se o milagre da vida, mas tomara eu mais ainda, que nenhuma mulher tivesse um filho para logo de seguida o atirar para uma lixeira, dentro de um saco de plástico... sabendo que ele vai sofrer horrores até morrer. (Este último parágrafo foi escrito a pensar naqueles que gostam de julgar e condenar os outros. É só para dizer que têm muito por onde pegar e se a prática do aborto os choca, meus amigos, eu já vou mais adiante.)

cartaz

No caminho para a escola deparei-me com um cartaz que me chamou a atenção porque dizia assim: Ainda está a tempo de salvar muitas vidas! E eu pensei ó pá, isto interessa-me. Deixa-me cá ver como, e não é que afinal era para votar Não no referendo? Não percebi... Podem explicar-me melhor, senhores que fizeram o cartaz? É que se eu votar Não, as coisas ficam como estão e como estão eu nunca consegui salvar nenhuma até hoje. Juro que não percebi. É falta de imaginação vossa?

6.2.07

As melhoras

As melhoras vêm aí. O apetite voltou. Amanhã já vou trabalhar e o Miguel vai para a vóvó Nhanhá e para o vôvô! (vôvô tem sempre um ponto de exclamação na linguagem do Miguel) que estão cheios de saudades do pequeninosinho e da normalidade dos dias... sem constipações.


Hoje o banho foi mais demorado. Houve sessão fotográfica e tudo e depois seguiu-se um grande lanche. Se estes dias de baixa serviram para restabelecer a saúde do Miguel, agora bem podiam vir igual número de dias (seis) mas de férias para comemorar as melhoras. E dormir das 7 e meia às 9 com o Miguel na minha cama a cheirar a chucha e a empurrar a minha barriga com os pés como quando vivia dentro dela. Brincarmos no chão em cima de uma colcha fofinha toda coberta de brinquedos a qualquer hora ou ficarmos os dois a ver os bonecos dos livros, a mamã a inventar histórias e o Miguel a inventar palavras...

O Corte de Cabelo

Desta vez não foi a mamã que cortou o cabelinho do Miguel, foi a carla.
Olá carla, cortas-me esta franja? Antes que a mamã me ponha aquele ganchinho ridículo com um bambi vermelho?
A mamã acha que o Miguel agora vê melhor. Quanto ao corte de cabelo... O cabelo cresce. É o que eu sempre digo...

5.2.07

Baixa

Estou de baixa desde quinta-feira, primeiro dia de Fevereiro. Estou de baixa desde que levei o Miguel às urgências do Amadora/ Sintra pela primeira vez.
O Miguel passou a noite quase sempre ao meu colo a chorar. A espectoração era cada vez mais a ponto de se engasgar por causa dela e vomitar o pouco ou nada que havia comido, ou simplesmente a espectoração, que não havia maneira de saír se não assim. A última refeição que tomou foi uma tijela de sopa na casa da avó Dília, no Domingo. Decidimos que era melhor ir com ele ao Hospital. O Miguel estava a ficar fraco, visivelmente, e cada vez mais cansado. Estava muito frio. Eram quase 7 da manhã. Bem agasalhado, apertei-o contra mim do carro até às urgências. Quando entramos na sala de espera riu-se para mesa e para os banquinhos coloridos, sorriu e apertou a mão ao segurança, era uma novidade estar ali! Apesar de doente, nunca deixou de sorrir até a tosse, os vómitos e depois as lágrimas nos atraiçoarem. A médica, a cumprir a vigésima quarta hora de trabalho (seguida!) claro que auscultou o Miguel às pressas e tratou de esclarecer que estava diante de um bebé constipado e de uma mãe que via o filho doente pela primeira vez.
- De qualquer modo, tem que ficar em casa com ele de outra forma vai demorar para recuperar ou ficar pior, ele está de facto fraquinho, precisa da mamã. Mas vá para casa sossegada, ele tem os bronquios limpinhos, é um bebé saudável. É apenas uma constipação. Não come porque está doente e quando estamos doentes todos perdemos o apetite, ele tem as suas reservas, quando ficar bem, vai comer este mundo e o outro!
Vim para casa mais descansada apesar de a médica não ter receitado vitaminas, nem suplemento alimentar e pode ser tudo muito normal, mas para uma mãe o filho não comer é uma tragédia muito grande, é uma dor de alma que nunca mais abala nem nos deixa dormir ou pensar em mais nada que não seja a última vez que o meu filho comeu foi à 4 dias!
No dia seguinte levei-o comigo à Dr.ª Manuela, fomos buscar a baixa para eu poder ficar em casa uns dias e a Dr.ª Manuela inspeccionou-o minuciosamente, viu os ouvidos, a garganta, os dentes, a barriga, auscultou-o e mais segura que a médica do Hospital, por ter feito isto tudo, disse-me que de facto ele não podia continuar sem comer mas que estava bem e bem disposto e de certo ía melhorar em breve.
E assim foi. Hoje é segunda-feira, o Miguel está quase limpinho de espectoração (aspiro o nariz do Miguel com o Narinhel e com Rinhomer até à exaustão), já come meias-doses, tem dormido cada vez mais e mais tranquilo, aprendeu a assoar-se e já não chora... pois não, o meu filho já não chora e isso é tão importante que continuo de coração apertado à guarda de um filho que recupera... de colo prontinho, sempre feito, porque a mamã cura tudo. (eu sei que sim)