oreinabarriga

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este blogue tem Livro de Exclamações

31.7.08

Ainda a propósito do post anterior, hoje toda a gente me queria dizer que era dia mundial do orgasmo, mas uns, diziam orgasmo entre dentes e eu: - Quê?
Outros, usavam vocábulos (alguns do arco-da-velha como trico-trico(?) por exemplo) e sinónimos mirabolantes e ainda houve uma criatura que se pôs a fazer mímica, primeiro que eu percebesse que raio de coisa se comemorava hoje... Até o google que costuma enfeitar as letras com que se escreve google, nada, os ós ali fechadinhos como se não fosse nada com eles e a parte de baixo dos guês não estava virada para cima (em erecção nem nada), mas afinal não se pode dizer orgasmo é? É uma palavra feia? É por causa do novo acordo ortográfico? Tinha algum acento a palavra que agora já não tem? Não percebi...

Hoje é o dia mundial do orgasmo

Hoje, dia 31 de Julho, é o dia mundial do orgasmo, do .org (como se diz por aqui), da apoteose, do clímax, daqueles segundinhos culminantes que a gente pensa que pode ir tudo pelos ares que nada mais na vida faz falta a não ser aquele instantinho, ora para comemorar tinha pensado num jantar assim assim com o meu marido, que está para chegar (até deixei o menino com os avós) e não é que o Senhor Presidente da República decide fazer um comunicado ao país? Caneco. Logo agora Senhor Presidente? Às 20:00 PM? Logo hoje? Então não podia ter sido no dia mundial da árvore? Que eu podia perfeitamente plantar uma árvore (comemorar o dia) sem a ajuda do meu marido (orgasmos e mudar o óleo ao carro são duas coisas que eu até sou capaz, mas não gosto, sinceramente, de fazer sem o meu marido). Para quem não sabe o comunicado ao país deve ser sobre aquele assunto - Açores - derivado da questão, ou então é outra vez a função pública e seus novos regulamentos (já não me basta ter a secretária lá no trabalho cheia de Decretos-Lei uns em cima dos outros, qualquer dia têm um orgasmo, os Decretos, de estarem para ali uns em cima dos outros) e se for a função pública, é coisa para durar e estou a ver que hoje já não se comemora coisa nenhuma... O Senhor Presidente desculpe (estou-me borrifando porque o comunicado não é com certeza sobre gente destrambelhada que escreve palermices em blogues cheios de cangalhada) o Senhor é o que se chama um empata. O Senhor é um verdadeiro em-pa-ta. A não ser que eu, espera lá que estou a lembrar-me que tenho ali para dentro dum armário da sala uma cassete de vídeo para por o Senhor empata a gravar, vou lá ver

Fui almoçar a casa e ainda brinquei um bocadinho com o meu filho, agora é que eu fiquei patetinha de todo...

Acabei de ler um letreiro numa viatura onde se lia isto:
"Este veículo é conduzido por profissionais, qualquer anomalia contacte 800 ... ..."
Profissionais (pensei eu) daqueles que se for preciso até têm carta de condução.

30.7.08

Anatomia de quê?

Não me perguntem como é que esta foto veio aqui parar, que não sei. Cruzamento de linhas? Eu sei dizer que estava a escrever um post sobre a última gracinha do meu filho e olho para cima e vejo o Patrick Dempsey (que tem uma voz pausada, libidinosa, o da anatomia de...).
Se é cruzamento de linhas tudo bem, eu fico com a imagem no meu blogue, não há problema (este blogue já tem cá tanta cangalhada) mas agora quem é que tem o post da última gracinha do meu filho? Onde é que o raio do post foi parar?
(Ah, e não comentem neste post, não vale a pena, comentários para quê?)

28.7.08

Bonita para quê?

A próxima vez que o meu marido olhar para mim através do espelho da casa-de-banho e me disser que não espera que eu me arranje para irmos almoçar fora, que eu levo uma eternidade, e já é tardíssimo.
"- Vai mas é vestir o miúdo que eu vou com ele ao jardim e faz qualquer coisa para almoçarmos."
Não há problema! eu nem lavo a cara, vou para a rua assim de remelas de robe de chinelos, com um penteado à Amy Winehouse, quero lá saber! ou então, se acaso o almoçar fora, for num lugar mais sofisticado que o C. C. Colombo a um Domingo de manhã, vou de fato-de-treino. Em casa é que não fico. (e ele deve ter razão: por-me bonita aos Domingos para quê? se nem é para arranjar marido?)

Está bem, a sensação não é assim tão péssima
(a verdade é que vocês já me fizeram rir!)
é só não poder chegar aqui e trocar metáforas pelos verbos que me apetece (verbos lascivos e daqueles com palavrões e tudo). Corta!

27.7.08

Se os escritores fossem livres

Os escritores (escritores escritores, aspirantes a escritores, os que têm a mania ou os mais reles escriturários), deviam ser livres mais prudentes, deviam desatar a escrever tudo o que lhes vai na cabeça só coisas do dia-a-dia banais. Não havia de haver ninguém para os ler a seguir. Isso é que era ser livre! Isso é que era iliteracia.
Se os escritores fossem livres prudentes depois não havia comentários que chegassem Nobeis que chegassem.
Hoje não me sinto livre inspirada para escrever. Se quiserem esperar não esperem, isto vai levar tempo continuem a comentar no último post. É péssima esta sensação que vocês esperam exactamente o mesmo que eu.

23.7.08

Nacionalidade Sexual na Cama...

O que eu já me ri com esta Senhora do espécie de Serviço Britânico de Estrangeiros e Fronteiras que está ali a fazer perguntas a fim de identificar a nossa NSC (Nacionalidade Sexual na Cama).
O questionário é divertidíssimo (apesar do humor circunspecto e intimidador da Senhora do espécie de serviço...)
E a minha nacionalidade sexual na cama é... Russa!
.

Are You British in bed?

Obrigada Célia (com que então Francesinha? hum...) por partilhares estes momentos connosco, um beijo!

22.7.08

Rita Redshoes "The Beginning Song"

Lembro-me de tudo Fiori! e esta é para ti, espero que gostes da (nossa) escolha (Boas Férias!)

On Tue, Jul 21, 2008 at 19:06PM, maria joão viana wrote:
we will return with a song to Fiori?

On Tue, Jul 21, 2008 at 11:09AM, joão spiller ayres wrote:

yes my dear, a music for my fairy godmother..
Rita Red Shoes "Golden Era"

http://www.myspace.com/ritaredshoes

21.7.08

Savage Garden "Santa Monica"

Santa Mónica

Em Santa Mónica no Inverno
Espreguiçam-se as Ruas, sem exigências
Passeio entre a multidão…
Em Santa Mónica bebes o teu café
nas casas mais elegantes da “thirt Street Promenade”,
onde as pessoas se vestem tão bem,
A beleza é inevitável à tua volta.
É aí que eu me sento e
pergunto:
- Que faço eu aqui?
Mas ao telefone sou qualquer um!
Sou qualquer coisa que queira ser!
Poderia ser Top-model ou o Norman Mailer
e tu não saberias a diferença…
Ou saberias?
Em Santa Mónica todas as pessoas têm nomes modernos
como “Jake” ou “Mandy”
e têm corpos modernos também.
Em Santa Mónica no Boulevard
tens que evitar aqueles patinadores em linha
ou eles
atiram-te ao chão!
Nunca me senti tão sozinho…
Nunca me senti tão deslocado…
Nunca quis algo mais do que isto…
Mas ao telefone sou
qualquer um!
Sou qualquer coisa que queira ser!
Poderia ser Top-model ou o Norman Mailer
E tu não saberias a diferença…
Ao telefone eu sou de qualquer tamanho
tenho a idade que me apeteça ter.
Poderia ser um super-herói ou um soldado do espaço
e tu não saberias a diferença…
Ou
saberias?



Santa Mónica – Savage Garden
Tradução Carmina b.

20.7.08

Mãe, tu vais fazer muitos anos

- Mãe, tu vais fazê muitos anos!
- Achas filho? Quantos anos é que achas que a mãe vai fazer?
- Muitos, muitos, muitos, muitos, muitos, até ficares tonta!

18.7.08

A 'gaja que tinha uma pilha no lugar do coração

- Passei-me!
- Meu! Já repetiste esse verbo três vezes, desenvolve!
- Passei-me, ia tendo uma overdose!
- Passaste-te ou quê?
- Já te disse que sim.
- Ah pois já.
- O gajo até é fixe. Ele entra para nos dar uma g’ anda bronca, mas depois começa à procura das chaves da caixa do correio e nunca mais se lembra do que ia a dizer. Nem nunca chamou a bófia, nem népia, tás a ver? Eu até simpatizo com o tipo...
- Estás a falar do marido da Verónica? Até já lhe fizeste uma música...
- Mas é que aquele tipo parece uma lâmpada! Sempre atarraxado à Verónica, F**. Sempre com os olhos cheios de faíscas a piscar quando se atarraxa a ela.
- Deve ter a lâmpada fundida, naturalmente.
- O tipo empata! Mal sonha que estamos a conversar, lá vem ele, escada a baixo. O Jantar está na mesa, diz. Ontem desceu as escadas nove vezes! Nove meu! Ia morrendo de overdose!
- Gostas mesmo dela.
- Mesmo pá. Gosto mesmo. Podes crer.
- Drogas-te por causa dela?
- Não. Por causa dela deixava de me drogar.
- É a mesma coisa meu. A frase é que está ao contrário!
- O sentido é que muda, não vais lá?
- Aonde?
- Meu, ao sentido...
- Toma lá a cerveja, eu já não vejo sentido nenhum... não estamos a andar em contra mão?
- ... Há muito tempo.
- Aquilo ali é o nosso carro?
- É.
- Ainda é aquele chaço?
- Dá cá as chaves da mala. Hoje não vendemos nada. A feira da ladra já não é o que era.
- Eu cá fiz 2 pintores...
- A sério meu! Vendes-te as tuas inutilidades por 2 pintores! Ena... quem diria...
- As minhas inutilidades estão aqui, dentro da mochila, vendi foi... a ... pá, vendi... umas merdas.
- Que tipo de merdas?
- ... poesia...
- O quê?!
- Poesia... pronto, já disse.
- Tu vendes-te os poemas que a Verónica me escrevia? Os que ela me escrevia porque o sacana do marido dela andava sempre a atarraxar-se? As nossas conversas de pé de orelha?
- Tudinho... não sobrou um bilhetinho, um guardanapo de papel. Nunca pensei que aqueles papelinhos tivessem tanto valor!
- Tinham um valor imenso! Nenhuma matemática conseguia calcular!
- Valiam mais de 2 pintores?
- Muito mais! Mas muito mais!
- Ena meu... foi a primeira vez que vim à feira da ladra e não enganei ninguém, acredita... É pá, aguenta aí! Aquilo do carro ainda ser este era a brincar. Pá! Olha... pisgou-se. Paciência... vou a pé.

(Dez minutos mais tarde... )

- Ainda bem que voltas-te Carlos. Estou nas lonas. Se me pusesse a andar em vez de andar para a frente, fazia marcha atrás.
- Entra imbecil! A Verónica desapareceu.
- E eu com isso? E tu com isso? Ela gramava-te, tu és doido varrido por ela. Não tem nada a ver!
- Tenho um servicinho para ti. Não penses que fica assim, teres vendido os poemas que ela me escrevia.
- Servicinho? Que servicinho?
- Vais encontrar a Verónica.
- Eu?
- Tu.
- Euzinho?
- Tuzinho.
- É mais fácil encontrar o artista que me comprou os bilhetinhos. Não serve?
- Não serve. Eu quero que encontres a Verónica.
- Mas ela não te quer, meu! Passaste rés vés ao puto meu! Táva na passadeira, eu vi. P’ a que é que uma mulher daquelas quer um pilantra como tu? Ainda nem sequer gravaste um disco.
- Estamos conversados.
- E se ela não quiser vir?
- F**!
- Prontos, não se fala mais nisso. Mas não faças tangentes aos postes d’ alta tensão, estou a ficar maldisposto.
- Põe a cabeça de fora.
- Isso querias tu!
- Põe a cabeça de fora e o resto. Põe-te todo do lado de fora. É p’ a começar já. Toma uma fotografia dela.
- Quê? É a gaja? Nem sequer é gira! Nem tem peitos... maminhas... conteúdo, tás a ver?
- F**!
- Vendo bem... o papel da fotografia é que não é lá grande espingarda. A gaja até se come.

(Comecei a procurar)
Desci uma rua qualquer com a fotografia dentro do bolso, atravessada na minha cabeça.
A cada esquina vislumbrava uma gaja. Mas nenhuma parecida com a Verónica.
Nem semelhante. A Verónica tinha dentes.
Sentei-me na berma de um passeio também ele desdentado. Já não tinha a calçada toda. dentadura incompleta portanto. Era o passeio de um beco sem saída.
Estes termos rodoviários perseguem-me assim que me sento a puxar da heroína. Sinto-me em contra mão, de marcha atrás, num beco sem saída.
Quero lá saber! Puxei da prata, do isqueiro. Olhei em volta. Ia para snifar aquilo quando dei de caras com uma gaja. Voltei a olhar, mas só na direcção da gaja. Era mesmo a cara da Verónica. De resto, um bocado mais descadeirada. Mas um gajo para a fotografia, costuma endireitar-se todo.
Estava entretida a engatar um calhambeque que parou na estrada.
Aquilo ia demorar. Não há pressa.
Eu também tenho um calhambeque e sei bem q’ aquilo custa a pegar. Snifei. Levantei-me.
A minha cabeça a viajar. Já devem ter inventado o efeito heroína efervescente. Avancei.

- Como é que te chamas?
- Não vês que estou ocupada?
- Diz lá. És a Verónica?
- Não. Põe-te a andar. Não me espantes a clientela.
- Não és mesmo a Verónica?
- Não sou a Verónica e não tens onde cair morto, por isso, andor!

Não tenho onde cair morto.
Se não encontro a Verónica, não tenho onde cair morto.
Foi esta frase a razão de eu continuar a procurar.

- Que horas são?
- São horas de ir para a cama...

Aquela não era mesmo a Verónica.
Os olhos eram saliências mais preponderantes que as próprias maminhas.

Tinha que recorrer ao método de perguntar as horas. Estava a fazer-se noite na minha cabeça. Já não via um palmo à frente do nariz. Mais abaixo, a mesma pergunta. E a mesma resposta.

- Que horas são?
- São horas de ir para a cama.
- Caramba! As horas nunca mais passam.

Numa rua que me pareceu já uma cena repetida, vislumbrei uma paragem de autocarro.
Igualzinha à da outra cena. À espera do transporte estava uma rapariga. Ou era do efeito da heroína efervescente, ou aquela não era nenhuma gaja. Boa moca, boa cintura, boas saliências, olhos reluzentes.
Puxei da fotografia. Comparei.
Não, não era a Verónica, a Verónica não tinha verrugas no pescoço.
Continuei a procurar pela noite dentro.

Tarde das horas comecei a sentir uma erupção dentro de mim.
Tanta gaja num dia só, mais a efervescência... Entrei num estabelecimento daqueles com luzes de néon por cima que piscam ininterruptamente (que é uma coisa que me faz uma aflição, são as luzes a piscar eu a piscar os olhos e fico sem saber de que qualidade é o estabelecimento, tanto pode ser uma pensão reles como uma padaria) entrei (debaixo do braço de um bacano porque o porteiro, era uma discoteca, teimoso mais que a porta, não dizia outra coisa se não: - Lá para trás, vá, lá para trás!

Aquela batida entrou-me pelos ouvidos a dentro. Assim que abri as portas de vento, o coração a querer sair do meu corpo e a esbarrar nas minhas fronteiras, como as moscas contra um vidro.
Mais gajas debaixo daquela batida, a agitarem-se antes de serem bebidas.
Uma delas, veio pousar os braços em cima dos meus ombros.

- Olá.
- ...
- De onde é que nos conhecemos?
- Daqui...?

Deve-me ter confundido com o bengaleiro, mas eu não me descosi.
Pus-lhe as mãos nas nádegas. Apertei aquelas almofadinhas e devo ter sorrido então pelas costuras.

- Tu não te chamas Verónica pois não?
- Chamo-me Xana.
- Xana. Xana. Não serve, tem que ser Verónica.

Nunca mais a vi.

O mesmo foco de luz verde que a trouxe, foi o mesmo que a levou.
Fui sentar-me ao balcão. Pedi uma cerveja fresquinha. A meu lado estava um pintas que me tirou as medidas.
Estranhei. Desviei-me. Caí logo do banco, veio o foco de luz verde, sozinho, implacável, e já em cima de mim, apagou-se totalmente.

Quando consegui abrir a pestana (do olho esquerdo), vi os dedos dos meus pés ao fundo.
Quando abri a pestana do olho direito vi o pintas a fumar uma cigarrilha, os sapatos ao fundo da cama, as biqueiras viradas para cima no mesmo sentido dos meus dedos dos pés.
Dei um salto! Uma verdadeira acrobacia!
Só não fiquei pendurado na lâmpada, porque o tecto não tinha lâmpada.
Concentrei-me a ver se me doía alguma coisa. Nada, Só a cabeça, mas isso era consequência da batida. Da batida no tecto.
O pintas tirava-me as medidas outra vez, agora o comprimento, porque atrapalhei-me a calçar as peúgas e cai sobre comprido na alcatifa.

- Tenho um negócio de mulheres. De mulheres de sonho! Daquelas que não reclamam, não nos levam o guito, não choram por tudo e por nada, não estragam as nossas camisas com lixívia e marcas de ferro de engomar, e coisas do género, não...
- Você a mim não me engana, isso não são mulheres!
- São idênticas, só que a bem dizer, não falam. Têm a boca bem aberta mas não estrebucham. E nunca fecham as pernas. Têm um dispositivo que aquilo, meu amigo, nunca se fecha para obras. É sempre a abrir. Quer ver?
- E tem alguma Verónica?
- Verónica, Anabela, Ludovina Perpétua, o que você quiser!
O pintas deu-me a mão.
O cachucho do mindinho enfiou-se-me por uma falange qualquer a dentro. Levantei-me.
O pintas era a minha safa. O resto, ossos do ofício.

Abriu uma porta que dava para um compartimento escuro, mas cuja lâmpada do tecto se acendeu e deixou à mostra uma quantidade de prateleiras e de caixotes e de sacos do lixo de plástico, verdes, cheias e cheios de gajas igualmente de plástico (PVC. Poli cloreto de vinila. Insufláveis).

Aproximei-me.
Eram de todas as cores, de todas as qualidades.
Aproximei-me melhor.

- Até têm pormenores. – Disse eu a pegar numa com sardas, pelo tornozelo.
- Cuidado com as unhas. O silicone é sensível. Quando a gente as fura, elas emitem um aviso sonoro e voam pela janela às piruetas.
- Que cena!
- Olhe bem para esta beleza. Parece a Pamela, o mesmo silicone...
- Pois parece, mas não serve, a Verónica tem as mamocas assim, do tamanho de pêssegos, precisamente.
- Então tem esta aqui.
- É loira, também não serve.

Mostrei-lhe a fotografia. O tipo, especializado em tirar medidas a olho, esticou a fita métrica ocular.

- Também se arranja, mas só de encomenda, tem que esperar uma semana, nem tanto, mas arranja-se.
- Não vale a pena. Não é para mim sabe...
- Isso é o que todos dizem homem!
- Estou a d’ zer-lhe. Para mim até aquela ruiva ali, desmilinguida servia, mas p’ ó Carlos tem que ser uma Verónica, a verdadeira! De carne e osso!
- Não me diga que ele gosta daquelas que falam, se embonecam todas, choram, riem-se que nem umas perdidas, cuja depilação definitiva dura sensivelmente 2 semanas, não me diga uma coisa dessas!
- Não. Ele gosta mesmo é da Verónica. Da Verónica e mais nada. Estou tramado.
- Não está nada. Ainda há ali outro compartimento.
E nisto, abriu uma segunda porta.

Descemos por umas escadas. Descemos mais ainda.
Continuamos a descer.
Quando estávamos a um metro da Finisterra...

- Aqui vai encontrar certamente a tal Verónica.
- Obrigado pelo apoio psicológico.

Aquele compartimento não tinha porta. Olhei para o lado e um grande espelho exibia um fulano trinca espinhas, de mãos nos bolsos, a ponta dos dedos a mexer fora das calças esfarrapadas e um sorriso da província, bimbo mesmo.
Cumprimentei-me. Retribui a mim próprio aquele sorriso.

- Não tem por acaso um pente que me empreste?
- Por acaso até tenho.

Penteei os bigodes, como tinha visto numa cena, dum filme, na altura que gamava cassetes de vídeo. Só depois reparei que não tinha bigode. Já à muitos anos que não tinha. Desde que ele me apareceu, tinha eu meia dúzia de anos e já fumava.
Penteei a sobrancelha. Sobrancelha ainda tinha uma. A outra queimei-a uma vez, distraído. Nunca mais nasceu.

- Obrigado. Estou mais composto, não acha?
- É indiferente, sabe? Estas mulheres são mais sensíveis, de melhor acabamento, mas não ligam muito a essas paneleirices.

Entramos então numa sala com mesas redondas e cadeiras à volta das mesas. Ao fundo havia um bar, com barmen e tudo e mais espelhos, por todo lado, eu por todo lado, eu e o pintas e gajas. Umas dez. Sentadas nas cadeiras ou em bancos de veludo vermelho encostados aos cantos da sala, com uns reposteiros por trás, dourados a condizer.

- Isto é um mundo! – Disse eu a girar a cabeça à procura da Verónica.

Puxei de um cigarro. Veio logo uma, com um isqueiro estendido.
Acendeu-me a ponta. Traguei. Mandei o fumo para a atmosfera do ambiente.
A gaja engoliu-o e disse, com voz de ventríloquo (eram gajas articuladas, robôs):

- Trago qualquer coisa que tenhas acesa.

Engasguei-me. Tossi.
Veio logo outra dar-me palmadinhas nas costas.

- Também fumas?
- Todas as marcas.
- Até o Carlos?
- Quem é, Carlos?

Tirei a fotografia do bolso, aproximei-a da luz de uma vela acesa sobre uma das mesas.
Tinha encontrado a Verónica. A verdadeira. Só tive uma dúvida.
Virei-me outra vez para a gaja que me tinha dado as palmadas nas costas e rematei:

- Diz lá um poema.

E não é que ela disse? Ali, na hora, de improviso?

- Levo esta.
- Muito bem.

O pintas então mandou-a ir buscar as coisas dela, inutilidades de mulher e deu-me um abraço. Era escusado.

- Parabéns! Leva aqui uma mulher de luxo. De luxo! São 100 contos.
- 100 contos! Cem milenas! Cem? Cem?!
- Pronto, não dê mais pulos que ainda se aleija. Faço 99.

Para levar a Verónica dali para fora tive que abrir os cordões à mochila e lhe dar dois relógios que tinha gamado.
Para enfia-la (à Verónica) no autocarro é que foi o cabo dos trabalhos.
Transpirei como nos tempos que andava nas obras.
A custo lá entrou, mas assim que se apanhou lá dentro, estava eu a fingir que picava o bilhete e ela a sentar-se ao colo do motorista, a lamber-lhe os ouvidos e outras reentrâncias. O homem não apreciou.
Estava de serviço. É compreensível.
Lá consegui tirá-la daquela cena e sentei-a bem sentadinha à janela. Mas foi por pouco tempo. Não tardou nada, levantou-se, deitou a língua de fora e foi deireitinha ao motorista. Consequência disto, o autocarro desceu por uma ravina, tombamos todos uns para cima dos outros, alguns aproveitaram-se e tombaram para cima da Verónica, até que a viatura embateu contra um eucalipto.
Atordoado, arrastei a Verónica pela malinha das inutilidades, os saltos altos a encravarem-se-me na biqueira dos ténis, como agulhas, os collans rompidos. As saliências de fora.

(duas horas mais tarde)

O elevador demorava.
Eu a rezar para o Carlos não ter chegado ainda, para poder enfiar a Verónica na banheira, dar-lhe uma enxaguadela, vestir-lhe um pijama, deitá-la na cama...
O elevador demoraaaaaaaaaaaaava.
O baton da Verónica, sabia a remédio. A óleo de fígado de bacalhau ou lá o que era.
O elevador a abrir as portas, nas calmas. Entramos.
A mão dela enfiou-se p’a dentro do bolso das minhas calças, descosido.
Percebo finalmente a alucinação do Carlos por aquela gaja. Arranquei-lhe a mão do bolso, afinal o Carlos era o meu melhor amigo.
Voltei a por a mão dela no meu bolso. Que ça lixe!

O Carlos ainda não tinha chegado. Fui abrir a torneira do chuveiro. Pus a Verónica debaixo do repuxo e comecei a ensaboa-la toda. Esquisito era de cada vez que tocava nas reentrâncias e nas
saliências, parecia que estava a por os dedos na ficha eléctrica. Não curtia nada a sensação, as minhas veias ficavam como os fios dum cabo de alta tensão, em curto circuito, mas aguentei-me.
Enxuguei-a enquanto ela, língua de fora, pontiaguda, me limpava as orelhas dor dentro, como um cotonete.
Que robô mais maluca!

Desembrulhou-se da toalha, embrulhou-se a mim, e sem cerimónias, enxugou os pingos d’ água das reentrâncias nas minhas saliências.
Caímos na cama.
A língua dela, gelada, um friozinho por mim a cima, por mim a baixo. O elevador na escada a anunciar-se e eu não parava de gemer. As unhas da Verónica a cravarem-se-me nas costas, o elevador a abrir as portas, a Verónica a abrir as pernas, e eu sem saída a não ser o beco sem saída da Verónica a engolir-me com as unhas metidas nas minhas costas e o Carlos a meter a chave na fechadura. Gaita! Merda! Merda!
Enfiei-me no guarda-fatos. As portas não se fechavam completamente, o meu sexo entalado nas portas, acabei de gemer, a Verónica pela fresta das portas do guarda-fatos a enroscar-se toda como um parafuso, o Carlos a olhar para ela, embevecido de a ver:

- Minha heroína.

Antes de fumá-la num fôlego, mas aí... a gaja esmoreceu. Findou-se. Estancou.
O Carlos com uma lágrima ao canto do olho, feito maricas, a acariciar-lhe os cabelos espalhados pela almofada.

O Carlos ajoelhado na cama, a Verónica petrificada, a língua recolhida, os olhos fechados,
as unhas retraídas, as pernas juntas, hirtas como duas talas.
O Carlos a desfazer-se em lágrimas e em desculpas.
Enxuguei a testa à manga de uma camisa pendurada. O meu sexo todo metido para dentro, o que é que teria dado à gaja?

Abri a fresta do guarda-fatos um nadinha mais para puder ver melhor.
Foi então que o Carlos virou a Verónica de costas.
Desviou-lhe a cabeleira para o lado, encostou a palma da mão à altura dos pulmões, já esvaziados, e encontrou uma caixa.
Devia ser a caixa dos fusíveis. Disse eu para os botões.
(Não morri electrocutado no duche só porque não calhou!)
Afinal, vendo bem, era uma caixa de pilhas.
Nunca vi o Carlos naquele estado.
Nem com alucinações. Nem com a ressaca. Nem quando lhe vendi os poemas da Verónica na Feira da Ladra. Nunca o tinha visto naquele estado: Moribundo, desconsolado, sentido.
Atirou as pilhas para o balde do lixo. Saiu para a rua.

Deve ter ido comprar pilhas novas.
E agora o que é que eu faço? Com uma gaja que tem uma pilha no lugar do coração?

16.7.08

Desmanchar a mamã

(no carro, a caminho de casa)

- Mamã? Posso vê os little people?
- Não Miguel, estás de castigo.
- Posso vê ôtos bonecos?
- Não Miguel, não podes, nem uns nem outros, não arrumaste os brinquedos em casa da avó Ana e do João, não vês os bonecos.
- Podes leváme ao jadim?
- Estás de cas-ti-go, jardim? Não, também não podes ir ao jardim, além do mais são horas de irmos para casa jantar.
- E tu vais conseguie?
- Conseguir o quê filho?
- Jantai? Tu vais conseguie jantai assim tão zangada?

O castigo não se desmanchou, já a mamã... (ainda par' aqui está a tentar montar outra vez o ar sério e não é capaz)

15.7.08

E agora o Post do Casamento

Atravessei a nave central. Arrastava comigo um penoso véu, uma cauda crua imensa e uma criatura trajada de anjo. Para trás ficava um exercito de pessoas e os seus murmúrios. Um exercito de pessoas por baixo de caricatos chapéus.
(Queria livrar-me do braço apertado ao meu braço)
As rugas fundas do abade, estavam cada vez mais próximas, mais fundas (e o braço, cada vez mais apertado ao meu braço).
Os olhos azuis do abade, misericordiosos, cada vez mais azuis, cada vez mais misericordiosos e o braço que não folgava o meu.
Caí de joelhos num manto de veludo e tinha o nó do cabelo a desfazer-se. Olhei a cruz e um Deus humilhado (com a cabeça muito direita e hirta para não acabar de desfazer o nó do cabelo). A mão do Eduardo procurava a minha. Devia ser quente e pegajosa. Comecei a bater com as biqueiras dos sapatos uma na outra. O abade, em monólogo teatral. Os murmúrios suspensos e aquela mão quente e pegajosa a derreter a minha.
- Sim, sim! Já disse que sim, não me beijes mais.
Atravessamos a nave central. A claridade do sol, passou de um rectângulo com raios luminosos a abranger totalmente as nossas cabeças e as pétalas de flores também e o arroz à mão cheia.
No copo d’ água, o exercito de pessoas a fazer ruídos metálicos e os lábios dele outra vez impiedosos em cima dos meus.
A minha mãe de olhos cor do manto de veludo, o meu pai com eles emocionados (certamente como no dia em que me viu pela primeira vez). Abracei-me aos dois (precisava desmaiar urgentemente)
No quarto do hotel, eu escovava os cabelos e o Eduardo por trás de mim começou a desapertar os botões minúsculos do vestido. Eu continuei a escovar os cabelos e ele a desapertar os botões, um a um, com uma minúcia paciente. Comecei a abrir e a fechar prendas e ele ainda a desapertar o vestido. Comecei a abrir e a fechar a boca e ele ainda à altura da minha nuca...
Finalmente rasgou-o até ao fim! Finalmente o som do pano a rasgar.
Finalmente o meu peito desapertado e ele, a pegar na minha mão, com as dele (quentes e pegajosas) e a pedir desculpa.

Agrupador (leitor) de Feeds

Acabei de criar um no http://www.netvibes.com/ .
Eu que não sabia o que era um feed (feed= blogue, site), eu que tinha o e-mail, os meus sites, os meus blogues (interessantes e os interessantes dos amigos) tudo espalhado ou nos "favoritos" agora está tudo arrumadinho numa página web. Como pude passar tanto tempo a abrir e a fechar janelas? ("... que é uma coisa chata e onde se perde imenso tempo até porque a maior parte dos feeds passam algum tempo sem serem actualizados, é o caso dos blogues, nem sempre têm posts novos e vais abri-los para nada, para voltar a fechar...")
Mais agrupadores (leitores) de feeds: bloglines; iGoogle; my Yahoo!; newsgater (lêem feeds em formato Atom ou RSS ou nos dois) e se precisarem de ajuda ("vergonha é ter um blogue antiquado") escrevam um comentário, este feed (blogue) tem um técnico (aparentemente) sempre disponível.

14.7.08

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Opção disponível à esquerda no side bar do blogue.
(Sou eu a mostrar o meu feed)


12.7.08

FIA 2008 FIL artesanato

Hoje fui à fil do artesanato graças à minha querida Ana Marçal que é outra estilizada (deve ser por isso que gosto tanto dela), graças a ela é como quem diz porque da maneira que eu gosto de feirinhas (de me embonecar) o mais certo era ir lá parar com ou sem convite.
Sei dizer que comprei uma pulseira, outra pulseira, depois passei pelo pavilhão da Índia e pumba, outra pulseira, o do Tibete também tinha pulseiras e mais uma e o anel foi onde? Ah, e também comprei um vestido na... Venezuela? O que eu gosto de feirinha! Para a desgraça fui sem marido que é aquela espécie de grafonola que está ininterruptamente em estado de negação e fui com a minha melhor amiga e comadre Alice que adora pulseiras!
..
..
P.S.: - A mamã comprou este vestido (eu com o vestido vestido) gostas filho?
- Oh xim! Gosto munto! Como tu tás bunita mãe!
O meu filho não disse assim:
- Xim, é bunito.
Não, disse assim:
- Oh xim! Gosto munto! Como tu tás...
Já o espécie de grafonola disse assim: - (não interessa o que ele disse, o que interessa é que para o meu filho o vestido é bonito! Isso é que interessa! O espécie de grafonola está mais interessado na parte de dentro do vestido se calhar)

O post do casamento é que não sai. Se ao menos eu soubesse o que é isso. Mas também não vou perguntar, não há-de ser nada de importante.
(isto a propósito do quadragésimo vigésimo nono comentário ao Post "Feeds")

O Livro de Exclamações está actualizado (se soubessem o trabalhinho que dá actualizar o livro, não comentavam assim, esperavam e quando chegasse a vossa vez ficavam caladinhos) é que ter um feed já dá trabalho, ter dois...

10.7.08

Feeds

O que é feed? Shiuuuu...
O que é um feed? Shiuuuuu...
Um feed! Alguém me explica o que é um feed?!
(Se for uma coisa trivial, muito banal, daquelas coisas que toda a gente sabe (Ah! Feed era isso? sou mesmo parva, como é que passei tanto tempo sem saber o que era um Feed!), se for um "Ovo de Colombo", eu depois apago este Post, apago os comentários, apago tudo e volto a ser uma miúda esperta, moderna e actualizada está bem?)

9.7.08

Variações

"Quando a cabeça não tem juízo, Quando te esforças mais do que é preciso, o corpo é que paga
Deix'ó pagar, deix'ó pagar
Se tu estás a gostar...
Quando a cabeça não se liberta das frustrações, inibições, toda essa força, que te aperta
O corpo é que sofre
As privações, mutilações
Quando a cabeça está convencida de que ela é A oitava maravilha, o corpo é que sofre
Deixa sofrer, deixa sofrer
Se isso te dá prazer...
Quando a cabeça não tem juízo e te consomes, mais do que é preciso, o corpo é que paga
Deixa pagar, deixa pagar
Se tu estás a
gostar...

Deixa sofrer, deixa sofrer, se isso te da prazer..."

António Variações

7.7.08

Parabéns Pai


Foi a flor mais pequenina que encontrei, toma Pai, é para ti! (Os pássaros e todas as aves pequeninas ficaram fora do retrato, consegues vê-los?)
Parabéns Pai, fazes hoje 70 anos! (Como estás crescido!)
Nunca te cansas, como é possível?
Nunca te cansas de ler, de ouvir música, de viajar, aprender, de ser culto, nunca te cansas de ser íntegro.
Ajudas toda a gente, proteges toda a gente com a tua armadura frágil.
O teu sentido de humor é para nós maior que uma fé!
És um homem diferente Pai, com uma personalidade, uma sensibilidade apaixonante.
Quando algo de mau me acontece penso logo em ti, não tardará que me digas:
- Tudo tem solução filha.
Não tardará que mo digas e eu comece a acreditar e depois ajudas-me (em pequena era com cola que juntava outra vez as coisas partidas) e não é que tem mesmo pai?
Amar-te assim tanto, só vai provocar em mim um grande sofrimento, uma saudade insuportável. Um dia a minha vida transformar-se-á em infelicidade e uma saudade imensa pairará sobre ela (minha vida) e uma tristeza profunda, que nunca mais me abandonará e ficará para sempre ligada à lembrança, mas se não fosse assim Pai, eu não teria tido os melhores miminhos do mundo! As tuas mãos e os teus braços como a fortaleza mais segura, inquebrável e inabalável que me defende de tudo (de uma aranha ou de um dilúvio), a minha infância, não teria aquilo que sou de melhor (as heranças), provavelmente Pai, nem sequer dava pelas flores pequeninas nem gostava de pássaros.

5.7.08

(de vez em quando sai um Post destes, já sabem, com a conversa do bacio, mas o que é que querem, isto tem sido uma encomenda que não calculam, uma missão, uma daquelas incumbências dos pais para com os filhos às quais só nos apetece saltar essa parte)

O meu filho hoje ao fim do dia não só fez cocó no bacio como Pediu! para fazer cocó no bacio!
E não é que fez mesmo?
Estou... contente? Não, mais a cima. Feliz? Mais, mais um bocadinho. Estou... orgulhosa!
(De ti meu filho)

Os Sábados

Há coisas que nunca mudam, mas este post é sobre Sábados (coisa que mudou 360º, da noite para o dia, de chofre).
Quando eu namorava, antes de casar, tanto faz, íamos beber café ao inicio da tarde, os amigos iam chegando e ficava sempre qualquer coisa combinada para a noite que começava invariavelmente no Café In mas depois era para o lado do vento, agora, depois de juntarmos os trapinhos, de termos optado por dormir numa cama de casal (juntos!)
abrir parêntesis:
cama de casal é aquela peça de mobiliário que só podia ser quadrada na maior parte das vezes, inventada por um fulano que apenas necessitava de mais espaço e que hoje imensos casais adoptam para contrair uma espécie de rotina
(tenho que ir para a cama),
de costume
(já são horas de nos irmos deitar),
de falta de ar
(não podes esticar a perna? esse teu joelho na minha barriga é que não! achas que consigo dormir assim?),
de antipatia
(estás a ressonar que m**! pareces um tractor")
fechar parêntesis
entre eles, só para estragar tudo porque estavam fartos de estar bem, porque aquela frase: "Quero ir para a cama contigo" ao fim de alguns anos de casamento (ou seja ir para a cama contigo sem que ninguém pergunte: queres?) é substituída por: "Amanhã tenho que ir por ar no pneu da frente", que não é uma coisa lasciva mas é útil e alguém tem que a fazer e o carro não pode andar assim, o "Ir para a cama contigo" é já uma coisa tácita, de Lei, não se fala mais nisso.
Agora, depois de termos juntado os trapinhos, de termos obtado por dormir numa cama de casal (juntos!) eu passo os Sábados com as amigas? na instituição de solidariedade? a pintar? na natação? no cinema? Não. Passo os Sábados em casa a fazer a faxina com um pirralhito de 3 anos agarrado ao tubo do aspirador! e às 5 da tarde estou a beber um merecido refresco na esplanada com a minha comadre Alice e liga o Ricardo para me dizer vamos jantar fora? vamos por o menino nos teus pais e vamos ao teatro? Não. Para me dizer:
- "Estou sentado na escada do prédio à tua espera porque me esqueci das chaves de casa."
Num qualquer Sábado antes do casamento (dos trapos e da cama) a conversa era outra:
- "Onde é que estás? Então eu vou aí ter contigo."
E este é mais um Sábado à noite sem copophonia, sem nada de lascivo, até porque amanhã vamos todos levantar com as galinhas, vamos ao Meco (nadar como viemos ao mundo? Não. passar o dia na casa da Maria José).
Espero que o Meco ainda seja uma aldeia de pescadores com praias de acesso difícil cheias de dunas e falésias de beleza rara, ainda haja deliciosas amêijoas e peixe grelhado no Bar do Peixe ou na esplanada do Gula e ainda se veja a natureza
(das pessoas inclusive)
e as próprias pessoas, tal como vieram ao mundo.

4.7.08

"No passa nada"

Café solo, expresso que para além dos sintomas habituais: corpo do café persistente no paladar, aumento da pulsação... " No passa nada" (em Espanha pisamos alguém sem querer e ouvimos esta expressão: "No passa nada"
- Ai perdão, foi sem querer.
- No passa nada
- Ah! desculpa, entornei café...
- No passa nada)
Foi a frase que ficou das férias. Os Espanhóis foram aprendendo a ter bom café expresso (se bem que o melhor café expresso em Espanha é o que se bebe nos restaurantes e cafés Italianos). Os meus pés estão no chão (eu sem ti não sei mesmo voar).
"Cosas Vivas
Nunca quisiste
ninguna cosa viva
en tu casa.
No tenías gato,
ni siquiera
plantas...
... o flores
que te hicieran compañía.
Por eso me sorprendí un poco
cuando vi una araña que colgaba del techo
y no la mataste."
Estela Kallay (poetisa Argentina)
Alguém percebeu patavina deste Post?Não?
Nem eu.

3.7.08

Faísca McQueen

E a prenda que o Miguel mais gostou, foi...





Um carro (para variar!)

Eu sei, eu sei




Está desactualizado, descomposto, parou em las Vegas com o comentador de culto deste blogue a ir ao concerto com a Drew vestida de peixe (onde é que isso já vai!). Eu prometo, que quando tiver tempo (à velocidade dos comentários vou precisar de muito! devo ter para aí uns 370 para passar para o Livro de Exclamações) eu actualizo o Blogue, sim?
Se comentarem mais devagarinho ajuda (eu incluída, ó para mim a enfiar a carapuça!)

2.7.08

FELIZ ANIVERSÁRIO FILHO!

A MAMÃ GOSTA DE TI MAIS DO QUE TUDO NO MUNDO

Extractos do blogue desde 2005


É verdade, confesso. Tenho o Rei na barriga. Passo as horas a
olhar para o meu próprio umbigo.O meu próprio umbigo, é o centro do universo.Eu
e o meu filho, havemos de nascer os dois no mesmo dia e enquanto aguardo por
esse acontecimento, vou analisando o centro do universo, num quarto crescente e
peço todos os dias ao anjo da guarda que o proteja.Se pareço que tenho o rei na
barriga, confesso, tenho o rei na barriga, e toda a vaidade. Só eu sei o tesouro
que trago comigo (…)
Quando te vi pela primeira vez, a preto e branco (como
as fotos do Sebastião Salgado ou como as fotografias da avozinha Ana e do
avozinho João, enfim, a preto e branco, como devem ser todas as imagens dignas
de serem registadas na nossa base de dados sentimental), medias 14,5 milímetros.
Ena! Que grande! Grande acontecimento, claro!Dois corações a baterem em um corpo
só. Dois corações a baterem dentro das mesmas fronteiras. É inexplicável a
sensação que quero transmitir-te.Tens 7 semanas de vida (…)
Não calculas a
felicidade que sinto. Está tudo bem.Vim contigo, pequenino, impresso em película
de radiografia, dentro de um saco de papel, a rir-me por dentro pelas
costuras.Só eu sei o tesouro que carrego.
Medes 3 centímetros e tens 9
semanas de gestação (…) Já olhei três vezes para a película (ecografia) desde
que comecei a escrever. Estou embevecida (…)
O meu filho Miguel nasceu no
dia 2 de Julho de 2005 (Sábado) às 19:45 H com 2.895 Kg e 48,5 cm’s. Nasceu de
parto eutócico (ver Link) na Maternidade do Hospital Fernando Fonseca, na
Amadora.Há quem diga que a dor do parto se esquece…A verdade é que quanto maior
é a dor, maior é o alívio (…)
Foi horrível. Mas felizmente, o meu filho
nasceu 5 minutos depois.Já passaram 8 dias, já passaram as dores, não passou a
lembrança.Ainda choro quando me lembro das dores. Ainda choro quando olho para o
meu filho de madrugada e recordo tanta angústia… Não sei se é mágoa, se é
depressão. O resto é emoção por ter o meu filho, tão pequenino, trémulo e quente
como um passarinho dentro dos meus braços fechados, de olhos bem espertos postos
em mim a decorar-me. Dou de mamar com uma persistência infinita, um amor
desmedido e repito para mim mesma, ainda incrédula, que ele é tão bonito, tão
perfeitinho…O meu filho encheu a nossa casa de novos cheiros, de cores que não
havia, das sensações mais nobres. O meu filho é a causa e a recompensa do meu
extremo cansaço.Talvez esteja na altura de eu começar a escrever os nossos dias…
sem chorar.
Hoje descobri a maravilhosa invenção do biberon! Adeus dores nos
rins, adeus mamadas de duas horas, adeus noites em claro. O meu filho bebe um
biberon de leite em 10 minutos e dorme satisfeito com carinha de anjinho (…)
Comecei hoje a tomar a pílula da amamentação embora sexo seja a última das
minhas vontades (…)
A pediatra, a Dr.ª Marinela do Posto Médico, foi a única
pessoa até agora capaz de avaliar o meu cansaço, foi a única pessoa que
reconheceu em mim, um estado quase irremediavelmente depressivo. Só por isso
estou-lhe grata. Só por ter reparado em mim, entender perfeitamente tudo aquilo
por que passei, só por isso, estou-lhe imensamente grata e sinto-me muito
melhor… (…)
Faço hoje 33 anos.Almoçamos na casa dos meus pais. De regresso a
casa o Miguel vomitou. Já tinha vomitado uma vez, mas ao contrário dessa, não
ficou aliviado.A Sandra está grávida. Vou ter mais um "sobrinho", ou será desta
que vai nascer uma menina? (…)
O meu filho faz hoje dois meses de vida. Eu
também dou por terminado o meu primeiro mês como mãe. Parece-me que o vendaval
já passou. As coisas começam finalmente a entrar na rotina e a tornarem-se
simples. Fez-se luz na minha vida. Ando feliz sem liberdade, o tempo que me
cabe, para as minhas coisas é diminuto, mesmo assim, não importa, o meu filho
ilumina a minha vida. Todos os dias me comovo, todos os dias me envaideço, todos
os dias agradeço tanta luz.Quanto à dor do parto, não pensem que me esqueci
dela, não. Não vou é andar a vida toda a queixar-me de uma coisa que já não me
dói (…)
O dia do baptizado do meu filho, foi o segundo dia mais feliz da
minha vida e agradeço do fundo do coração ao nosso querido Frei Albertino por
ter sido também, o segundo dia mais importante da minha vida (...)
Um
brinquedo! Um brinquedo Gigante!
Transportei-o com dificuldade, mas trazia
estampado na cara a alegria imensa que me deu comprar um presente de Natal para
o meu filho. O maior presente da loja!
O Natal é das crianças. E apesar de
eu não gostar lá muito do Natal desde pequena, os brinquedos têm magia. Fazem
magia.
Saí do Colombo a cantar (para dentro, claro): Brinquedos, brinquedos,
eles são a nossa maior alegria! Lá, lá, lá...
Depositei o embrulho azul e
verde, gigante, na sala e fui buscar o Miguel:
- " É da mamã, filho, foi a
mamã que comprou, era o brinquedo maior da loja filho, é para ti!
- " A mãe
gosta de ti mais do que tudo no mundo..."
Ao que ele me respondeu "ã" com um
ar seriamente preocupado.
Eu de lágrima no olho a olhar para o embrulho, o
meu filho a olhar mais para a lágrima no olho que propriamente para o embrulho.
Eu, à espera da noite de Natal.
Eu, à espera da noite de Natal para
oferecer um brinquedo gigante ao meu filho.
Parece mesmo magia dos
brinquedos... (…)
Mas este Natal foi diferente... E eu e o meu filho vamos
mudar o mundo! (Fiquem sossegados, prometemos mudar o mundo em horário
apropriado para não incomodar) Dia 25 continuará a ser Natal, mas vamos os dois
arredar o mundo um nadinha mais para o lado do coração (…)
Hoje fiz anos. 34. E recebi a prenda mais valiosa de todas as prendas de aniversário que recebi
em 34 anos: o meu filho deu os primeiros passinhos. Acredito que a minha mãe e o
meu pai tenham treinado o Miguel para fazer esta gracinha nos anos da mãe, mas
de qualquer forma, se ele não tivesse perdido o medo de vir direitinho aos
nossos braços abertos, pelo seu próprio pé, nada disto tinha acontecido. Ainda
estou de lágrima no olho. E de braços abertos também... (…)
Os legos, quanto
a mim só têm um defeito: as peças não voltam sózinhas para a caixa e dói muito
quando pisamos uma! (…)
A primeira gracinha do Miguel foi mostrar a toda a
gente aonde é que a pitinha põe o ovo. É muito engraçado o dedinho indicador da
mãozinha direita a picar a palma da outra mão. Depois cantamos: A pitinha pôs o
ovo, veio o Miguel e comeu-o todo! E ele ri à gargalhada. Esta gracinha também
serve para seduzir a mãe ou tentar convencê-la a acabar com a refeição da sopa.
Quando o Miguel não está mesmo interessado na sopa toca de fazer a pitinha põe o
ovo sem ninguém lhe perguntar nada (…)
Por incrivel que pareça ontem
perguntaram-me o que é que eu gostaria que o meu filho fosse, quando fosse
grande! Eu fingi que nem ouvi a pergunta (de tão idiota), podia ter respondido
com o meu humor: não sei, mas acho que ele vai ser electricista, sempre se
espantou quando olha para o tecto e descobre um candeeiro, ou então ciclista
porque adora pedalar, mas enfiei outro tema pela conversa a baixo e a pergunta
idiota ficou sem resposta igualmente idiota.
Quero que o meu filho onde meta
as mãos meta a cabeça e que nunca se esqueça o coração é que move mãos e cabeça.
Esta é a resposta, mas para a próxima, é melhor responder médico, também não é
nenhuma mentira e fica sempre bem (…)
O que mais me custa nesta fase?
O meu filho não querer dormir nem quando está a cair de maduro.
A toda a hora,
afinar as cordas vocais.
O meu filho levar as mãos à boca logo a seguir a
uma colher de sopa e todo ele é sopinha de legumes com carninha (quando é
sopinha de legumes com peixinho o Miguel cheira a foca durante uma quantidade de
tempo) ah! e atirar com todos os brinquedos para o chão! (as vezes que eu vergo
a mola cá em casa! Se eu fosse da qualidade que parece que engoliu um garfo,
havia mais chuchinhas e soldadinhos e carrinhos e bonecada pelo chão que chão)
E também me custa não ter tempo para as minhas picuínhices, as minhas
escritas, as minhas leituras, as unhas e os banhos de imersão (...) O meu filho
gatinhou hoje pela primeira vez. Para ser inteiramente verdade, o meu filho
gatinhou hoje pela primeira vez para a frente. Sim, porque ele é um caranguejo
(de signo) e como tal, a influência que os astros exercem sobre o Miguel têm-no
praticamente obrigado a gatinhar e a arrastar-se para trás e para os lados até à
data de hoje, em que finalmente, o astral e o ascendente (há sempre um
ascendente) estavam distraídos e o Miguel lá foi em frente em busca de outros
mundos!A primeira caminhada do Miguel sem a nossa ajuda, vão ser meia dúzia de
passos, com pequenos espaços entre os passos, mas um grande salto que ele dará
para a humanidade. Hoje, quando o Miguel gatinhou pela primeira vez, para a
frente! (Para a frente é que é a humanidade) eu estava lá de olhar atento e
emocionado. Quando o Miguel der os primeiros passinhos sózinho, eu vou lá estar,
de mãos estendidas para o segurar sem ele saber. Espero.
Estarei sempre lá
para o caso de haver quedas e para o caso de eu me emocionar... (…)
Depressa cresce outra vez, pois é?
E para além do mais,
não deitei fora os cabelinhos do meu filho, não! Guardei-os num saquinho de pano
dentro da caixinha das recordações, ao pé das chuchinhas que foi largando, da
primeira esponja de banho e das pulseirinhas que trouxemos da maternidade.
A
mesma caixinha para onde qualquer dia, vai um dentinho de leite, um rabisco no
papel, um desenho e claro, mais saquinhos com cabelo para matar as saudades! (…)
“fi - fi, na, na, na... cun - quinha!” Que é como quem canta:Miffy, que
esperta coelhinha...Miffy, que linda coelhinha...É parecido não é? (…)
O
linhão, a fifafa, o cão, o coelhinho, o pato, o sapo, a rã, a minhoca, a vaca, o
mémé, o camêio, o pi-piu... (…)Vuméio, vêde, amaiêio, azui, roxo, laranja, pêto
e banco (…) O melhor das palavras é quando são so-le-tra-das, sentiiiiiidas!
Gua... guague... gaguejadas, o melhor das palavras é quando dão suúluúçaádas,
as, chorá-ádas, as, ou, cantadas lá, lá! (Quem canta bem as palavras são os
fadistas). O melhor das palavras é quando o meu filho não as sabe dizer.
- Vai dar apentaçôin! (*)
- É uma fixiléca! (**)
- Não anda... Não tem zagolina (***)
O melhor das palavras é quando são ditas pelas crianças.
Especialmente naquela fase em que ainda não as sabem dizer. Às
palavras.

(*) Apresentações, Traillers(**) Bicicleta (***) Gasolina
(...)
- Tu sabes cantar o poeta filho?
- xim.
- Tu
decoras-te tudo meu passarinho?
- canta o poeta mãe, canta comigo...
(…)
Apesar de ter nascido como mãe vai para três anos, ainda não
me habituei, nem contornei, nem aceitei, nem sou capaz, o facto de ter que me
levantar cedo como se fosse trabalhar aos fins-de-semana. Eu de semana,
levanto-me bem, o meu filho ainda está a dormir, eu vou direitinha à casa de
banho, faço a minha higiene, visto-me e depois vou acordá-lo com miminhos, desde
que sou mãe nunca mais acordei de mau humor porque tenho o meu filho lá em casa,
vou abraçá-lo e enche-lo de beijinhos, acender a luz do dia, ouvir os bons-dias:
- Bom dia mãe, ti dumistes bem? O papá? Já foi pó tabalho? Vamos àvóana? Uvô
Juão tem lá livros?
Mas porque é que isto aos fins-de-semana não resulta? É
que eu aos fins-de-semana acordo por força da maternidade que me chama por volta
das 7 e meia da manhã e à mais de meia hora que está para ali a chamar, main...
main... Mamã. Mamããããããããã!
com uma telha que não calculam!
Depois
levanto-me assim, com a telha, mal humorada, fula, danada, tiro o miúdo da cama
com maus modos
- Bom dia mãe.
- Bom dia? Não achas que ainda é de noite?
- O Miguel já dumiu muuuuito.
- Já, já
Ponho-o em cima dos meus pés
descalços para que ele mal e porcamente chegue à retrete, resmungo enquanto o
xixi não vem, não consigo abrir os dois olhos ao mesmo tempo
- Ti dumis-te bem?
- Faz mas é xixi que a mãe está descalça, vá, asinha, asinha!
Pego
nele ao colo, como a um traste nem os bons-dias, enfio-o cadeirinha a baixo,
aperto com o cinto, aperto o babete à volta do gasganete e não tarda nada estou
a dar-lhe colheres de papa com a telha, mal humorada, fula, danada e o meu filho
com infinita misericórdia espera pelas 9 e meia de sábado ou de domingo, tanto
faz, e quando já estou de chinelos, com os dois olhos abertos, já bebi um café e
dou o ar da minha graça
- Meu filhinho, passarinho da mãe (seguido da
beijoca na bochecha)
aquele anjinho, olha para mim, com o seu sorriso
misericordioso e responde:
- Ti já não tás zangada mãe? (…)
E não é que
este pequeninosinho que eu aqui tenho se ajoelha em frente à coluna e fica a
ouvir o Turandot, o Adagio de Albinoni, o coro dos Escravos da Ópera Nabucco e
tudo o que eu estiver a ouvir, Jorge Palma e tudo e eu digo-lhe: - Sai daí
filho! Não é preciso estares com o nariz enfiado dentro da coluna. - Ao que ele
responde:- É bom! Eu gôto dito!
Um pequeninosinho deste tamanho, como se música desta,
leia-se alternativa (às musicas da carochinha) fosse como pão com marmelada...
(…)
Não estava à espera (ninguém está à espera) de voltar a sentir nas
minhas mãos, no meu peito, na minha cara o morno sangue do meu filho. O mesmo
cheiro que se entranhou na minha memória, quando o Miguel acabou de nascer,
ensanguentado como deve de ser e o colocaram em cima do meu coração alvoroçado,
ontem avivou. Foi só um susto. Já passou (ontem era vai passar, filho, a mãe
está aqui, vai passar) (…)
Correu bem. Sem anestesia, sem lágrimas, as
enfermeiras e médicas do Posto (da Venda Nova) umas queridas de volta do
Miguel:- De quem são esses olhos tão lindos?(Gosto do elogio frequente aos olhos
do meu filho, que geralmente é dirigido aos meninos (as) de olhos grandes, ou
muito azuis ou muito verdes, dirigido ao meu filho é por causa do brilho, da
expressão, que é uma coisa que a mim, mais do que a ninguém, inebria...)
(…)

1.7.08

Mika - Grace Kelly



Apetece-me cantar por cima!!

I wanna talk to you...

... The last time we talked, Mr. Smith, you reduced me to
tears. I promise you, it won't happen again...


Do I attract you?
Do I repulse you with my queasy smile?
Am I too dirty?
Am I too flirty?
Do I like what you like?
I could be wholesome
I could be loathsome
Yes, I'm a little bit shy
Why don't you like me?
Why don't you like me without making me try?
I tried to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I tried a little Freddie
I've gone identity mad!
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!

(Getting angry doesn't solve anything)

How can I help
How can I help it
How can I help what you think?
Hello my baby
Hello my baby
Putting my life on the brink
Why don't you like me
Why don't you like me
Why don't you like yourself?
Should I bend over?
Should I look older just to be put on your shelf?
I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I tried a little Freddie
I've gone identity mad!
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtfulI could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!
Say what you want to satisfy yourself
But you only want what everybody else says you should want... You want...
I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtfulI could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why don't you like me?
Why don't you like me?
Why don't you walk out the door!

(Humphrey, we're leaving.)