oreinabarriga

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este blogue tem Livro de Exclamações

30.5.09

Agora é encontrá-las













Têm que ser giras e confortáveis. Arejadas e com "bom ar", e de marca Portuguesa de preferência. Estão eleitas as sandálias da Fly London. São isso tudo e custam para cima de #$! Euros, mas a marca é terminante: "Don't walk. Fly", e andar com umas sandálias de salto alto com a sensação de andar descalça, ou nas nuvens (como sugere o slogan) não custa nada e é o que interessa (mas interessava-me mais se não fossem caríssimas e até era melhor para a marca que não havia tantas imitações).
Eu não uso calçado de enfiar no dedo, se for moda usar pior ainda, é que não uso mesmo, ténis é raro, o melhor calçado deve ser o ortopédico que se vende nas farmácias mas não me estou a ver com aquilo nem morta, muito embora a última vez que umas sandálias me doeram (nunca me fazem doer, nunca me queixo dos pés nem nos casamentos, sou uma felizarda), foi por um triz que não entrei na farmácia para comprar uns, e nem sei como há pessoas que aguentam calçar algo que lhes dói.

Definitivamente têm que ser giras e confortáveis e com bom ar. De preferência... da Fly London.

Agora é encontrá-las. Dizem que só na Gardénia (Chiado), não é?

(Não percebo como é tão difícil encontrar o calçado desta marca, têm fama, têm qualidade, o calçado cabe nos pés de toda a gente, não magoa, nada, só não cabe na cabeça de ninguém não haver mais lojas, não percebo, ou melhor, percebo, é de ser Portuguesa?)

Aplausos para o Ator! (Poema intenso)


"
O actor acende a boca.
Depois os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor põe e tira a cabeçade búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.
O actor estala como sal queimado.
O que rutila,
o que arde destacadamente na noite, é o actor,
com uma voz pura monotonamente
batida pela solidão universal.
O espantoso actor que tira e coloca
e retira o adjectivo da coisa,
a subtileza da forma,
e precipita a verdade.
De um lado extrai a maçã
com sua divagação de maçã.
Fabrica peixes
mergulhados na própria labareda de peixes.
Porque o actor está como a maçã.
O actor é um peixe.
Sorri assim o actor
contra a face de Deus.
Ornamenta Deus
com simplicidades silvestres.
O actor que subtrai Deus de Deus,
e dá velocidade aos lugares aéreos.
Porque o actor é uma astronave
que atravessa a distância de Deus.
Embrulha. Desvela.
O actor diz uma palavra inaudível.
Reduz a humidade e o calor da terra
à confusão dessa palavra.
Recita o livro.
Amplifica o livro.
O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia.
O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor.
Como a unidade do actor.
O actor é um advérbio
que ramificou de um substantivo.
E o substantivo retorna e gira,
e o actor é um adjectivo.
É um nome que provém ultimamente do Nome.
Nome que se murmura em si,
e agita, e enlouquece.
O actor é o grande Nome
cheio de holofotes.
O nome que cega.
Que sangra.
Que é o sangue.
Assim o actor levanta o corpo,
enche o corpo com melodia.
Corpo que treme de melodia.
Ninguém ama tão corporalmente como o actor.
Como o corpo do actor.
Porque o talento é transformação.
O actor transforma a própria acção da transformação.
Solidifica-se.
Gaseifica-se.
Complica-se.
O actor cresce no seu acto.
Faz crescer o acto.
O actor actifica-se.
É enorme o actor com sua ossada de base,
com suas tantas janelas, as ruas - o actor com a emotiva publicidade.
Ninguém ama tão publicamente como o actor.
Como o secreto actor.
Em estado de graça.
Em compacto estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela.
Acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento
de onde brota a pantomina.
O actor vê aparecer a manhã sobre a cama.
Vê a cobra entre as pernas.
O actor vê fulminantemente como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.
O actor em estado geral de graça.

"
"Herberto Hélder

29.5.09

Isso

A ordem anunciou que é provável que o juiz que deu a sentença à menina russa venha a ser acusado de "violação do direito de reserva" (abrir a boca). Isso, condenem o juiz pela única coisa "de homem", de louvar, acertada, e humana, que ele fez.

28.5.09

Eu, sonhadora

O único fim em que creio é a morte, em relação a todos os outros fins sou cética. Quando acaba uma peça de teatro, o pano fecha, apagam-se as luzes, sucedem-se os aplausos, começam pessoas a pedir-me com licença, com licença, para passarem por mim em direcção às saídas, eu percebo que é o fim (já tinha percebido pela apoteose ou pelo "fade" da última cena) mas como não acredito em fins, se a peça valer a pena, ela prolongar-se-á até nunca mais acabar, não ter fim. Este é apenas um pequeno exemplo. O único fim em que creio é a morte, aí, já não há volta a dar, não acredito na reencarnação, acredito que somos altamente biodegradáveis, alma e tudo (se queremos deixar cá a alma é melhor começarmos já a escrever um livro, a amar mais, a dar mais, fazer qualquer coisa, porque depois de nos apagar-mos, adeus).
Depois da sentença (de morte como diz o pai afetivo da menina russa) dada pelo juiz que não aprendeu outra coisa se não que a justiça é cega e leva aquilo à letra, ouve-se dizer a todos os quadrantes: - É o fim. Não há mais nada a fazer ponto final acabou-se.
Eu é que não acredito em fins. Mesmo que digam fim, fim, fim (a mesma mentira dita muitas vezes torna-se verdade) eu tenho cá as minhas reticências. Realmente, agora mesmo que se venha a provar que a mãe biológica não tem condições para criar a menina, lhe bata, a alimente a vodka, não a ame, deixe que os "amigos" e "os namorados" a violem, a maior parte das vezes a filha é para ela um estorvo, etc., é improvável que os tribunais russos revertam a (brilhante) decisão do tribunal de Guimarães em retirá-la à família de acolhimento. O estado russo não assinou a convenção de Haia, o que impossibilita qualquer recurso para os tribunais internacionais, para além do mais, a Lei russa que é uma merda de Lei como a nossa, privilegia os laços biológicos em detrimento das ligações afectivas: um pai viola o filho, vai a tribunal fica com o filho porque é pai biológico, um pai mata a mãe vai a tribunal fica com os filhos porque é pai biológico, uma mãe sujeita sucessivamente uma filha a maus tratos, vai a tribunal fica com a filha porque é mãe biológica, ou seja, pela Lei portuguesa e pela Lei russa é preciso que a mãe biológica ou o pai biológico matem os filhos (matem mesmo, não é matem lentamente, matar lentamente não conta, têm mesmo que lhes por um fim) para que o tribunal não lhos devolva (uma coisa morta não se devolve, os pais biológicos já não querem aquilo para nada, a decisão do tribunal nesse caso é: enterra-se). Pela Lei russa , que é a mesma merda de Lei que a nossa, uma criança também só poderá ser adotada por estrangeiros, caso não existam candidatos russos a essa adoção, mas, eu, que sou sonhadora, acredito que os russos não têm todo aquele sangue frio como se diz, acredito que isso seja mais uma lenda, e acredito que quando começarem a ver a menina a morrer lentamente, juizes russos se compadeçam e aquela coisa da convenção de Haia enfim... fecha-se os olhos a tanta coisa... e imagino que nesta parte do sonho entram a Florinda e o João a quererem adoptar a menina. O sonho continua e os russos dem ficar todos caladinhos, ninguém vai manifestar vontade em adotar a menina só para que a Florinda e o João (estrangeiros) possam ficar com ela.
Se nada disto resultar eu ainda tenho outro sonho na manga: o pai! Não é um pai qualquer, não é uma porcaria de um pai de acolhimento, nem uma inutilidade de um pai afectivo, sem valor de espécie nenhuma, não, é o pai a sério, o biológico! Eu ainda tenho este sonho na manga, que o Ucraniano ainda há de sair dos planaltos e das planícies férteis da Ucrânia para salvar a filha desta agonia.
E Ai! de algum comentador que chegue aqui e me diga: - Acorda!
Que isso é pior que me dizerem: - É o fim.
Muito pior.

Para que não fique nada por dizer

A "manutenção" de um post com mais de 100 comentários requer tempo (os comentários encadeiam-se uns nos outros, formam uma sequência, dar-lhes menos atenção, menos tempo, resulta em menos dedicação de minha parte), por outro lado o tema (a menina russa) sugere e dá origem a uma cadeia de sentimentos agregados umbilicalmente a ele (tema principal): o sentimento de justiça, o sentimento maternal/ paternal, a indignação, os afetos, e são tudo temas ainda por cima "dolorosos", tornam o acto de resposta às vezes "doloroso".
Por isto, optei por fechar os post's relacionados com a menina russa aos comentários. Espero que compreendam que foi apenas por uma questão de "manutenção" e para que não fique nada por dizer, ESTE ficará livre. Podem (re) começar a comentar à vontade.
..
Continuem a seguir a menina russa por aqui:
..
Continuem a (per) seguir-me (que eu gosto) e a (per) seguirem-se uns aos outros ;) por aqui.
Um beijo

E como a brincar a brincar NÃO TIRAMOS OS OLHOS DA MENINA RUSSA, não é que o juiz apareceu no Expresso! Tiro-lhe o chapéu, não lhe perdoo, mas tiro-lhe o chapéu por dar a cara e o nome (finalmente!). "Gouveia Barros, o juiz-relator do Tribunal da Relação de Guimarães que decidiu que Alexandra, a menina russa de seis anos, fosse entregue à sua mãe biológica, declara, em exclusivo ao Expresso, estar
"perturbado e surpreendido"
com as imagens, transmitidas esta semana pelo canal de televisão russo NTV, onde são visíveis as agressões da mãe sobre a filha.
"No processo, a criança já se queixava de algumas agressões físicas da mãe. Mas
esse não é motivo para eu separar uma mãe de uma filha". Perante o que viu na
televisão, admite que Natália (a mãe biológica de Alexandra) não interiorizou
alguns valores importantes enquanto viveu em Portugal. "Mas não havia nada no
processo que apontasse para aquilo", defende-se Gouveia Barros."
Fonte: Expresso.pt 2009/05/28


Para ler na íntegra clique aqui .

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26.5.09

A Petição da Alexandra tem como destinatários: a Embaixada Russa em Portugal, a Assembleia da República, o Ministério Público e a UNICEF.
O site que disponibiliza a publicação de petições online, pode apresentar esta mensagem: “de momento indisponível”. Este facto deve-se à afluência de entradas no site ao mesmo tempo. É bom sinal. Tente assinar mais tarde ou aceda aqui: Sign the petition online (versão internacional) não está tão carregada.

O blogue da Alexandra é um movimento criado por seis indignados, que não se ficaram pelo blá, blá, blá, e mexeram a palha toda.
Fonte: portugal diário.pt
maio 2009

No meio disto tudo...

... faz-se jornalismo notável.
É notável esta reportagem da estação de televisão SIC, é notável a reportagem da estação de televisão russa NTV, nada tendenciosa, as imagens captadas oscilam entre todas as realidades que a menina agora vive, sem “nada na manga” apetece referir, e oscilam entre a alegria de uma criança de 6 anos quando está com outras crianças, quando vê um baloiço, um brinquedo, e o drama que sente pela falta da mãe, do pai e das pessoas que mais ama e que foi afastada. Jornalistas da televisão russa captaram este cambiante que só uma criança de 6 anos é capaz, e os cambiantes duma mesma realidade como só os bons jornalistas (e repórteres fotográficos ) são capazes de captar e juntar numa única peça, com um frio e bom senso extraordinário.
Sobre a reportagem da SIC, é imperdível a atuação dos pivôs Rodriguo Guedes de Carvalho e Clara de Sousa. O pai afetivo da menina prepara-se para dar uma grande entrevista a uma estação de televisão russa, em horário nobre, daqui a 4 dias e é imperdível sobretudo o momento em que a jornalista Clara de Sousa faz esta pergunta, oportuna, pertinente, ao pai da menina:
- Sabe a que tipo de programa de televisão?
Mais ou menos isto, assim como quem pergunta: - Sabe aquilo que o espera?
A resposta do pai João Pinheiro é emocionante, é tão certa. A resposta do analista José Milhazes é sensata, ouçam por favor, o que dizem os dois pivôs, o pai afectivo da menina e o analista. Mais do que informação sobre a menina russa, é um momento notável de como se faz jornalismo sério em televisão perante um tema tão “quente” e digno das mais diversas especulações e susceptibilidades.

É assim um PAI, é assim um PIVÔT de notícias e é assim que se faz JORNALISMO SÉRIO.

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25.5.09

Alexandra, a menina russa (o vídeo)

Há um momento neste vídeo que me pôs a chorar. Todos os outros momentos, cada segundo deste vídeo me dá nojo do juiz que proferiu a sentença (o castigo) desta menina.


Se um médico pode ser julgado por provocar a dor, a deficiência ou a morte a alguém quando na sua profissão não há tempo para analisar o historial clínico do paciente, quando não há tempo para estudar o plano de salvação, pedir um conselho, quando não há tempo no limite disto tudo, sequer, para pensar, a um juiz tudo isso é dado: tempo para estudar o caso, tempo para se aconselhar, tempo para pensar!
Agora, condenem o juiz e o estado português por mais esta sentença. Condenem o juiz e o estado português pela cama onde esta menina agora dorme, pela falta de condições em que ela agora vive, pelo frio que faz na russia, pela língua que ela não conhece, pela família que não a ama e vai maltratá-la e sobretudo pela mãe que só por ser biológica, ganhou o direito de ficar com ela e levá-la para a terra dela e fazer com ela o que bem lhe apetecer, ela é apenas a p! que pariu a menina. Só isso.
Eu evitei tanto no post anterior não “ir mais longe”, eu COMI demasiadas palavras naquele post que agora neste VÓMITO, só para não “falar” demasiado a quente. Eu dei o benefício da dúvida, no fundo, mesmo sabendo que o meu 6º sentido nunca me traiu.
Há uma altura no vídeo que a menina chama pela irmã Valéria e a mãe (biológica não é como se diz?) lhe bate, e a menina chora dentro dos braços fechados, isto não transtorna juízes nem instituições como a segurança social, mas transtorna pais como nós.
Extracção de órgãos?! Extracção e comércio de órgãos de crianças fazem as pessoas da raça desta mãe e de prostituição falasse na 1ª pessoa que foi uma mulher que conseguiu permanecer ilegal no nosso país durante 4 anos! e não conseguiu trabalho doutra espécie que não esse.
Este juiz devia ser condenado e o estado português pela sentença (castigo) a que condenaram esta criança.
E tragam a menina para casa antes que seja tarde demais.

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21.5.09

Alexandra, a menina russa

"Alexandra, a criança russa que vivia há 4 anos com uma família de
acolhimento portuguesa foi entregue, esta manhã, à mãe biológica. A despedida
dolorosa entre a menina de seis anos e a família que a acolheu aconteceu junto à
Segurança Social de Braga.
Alexandra parte quarta-feira para a Rússia na companhia da mãe no
seguimento de uma decisão judicial. A criança tinha sido entregue a um casal de
Barcelos pela mãe biológica, há quatro anos, depois de ter sido retirada à mãe,
mas o Tribunal da Relação de Guimarães determinou que fosse
devolvida."


Portugal diário 21 de Maio


A Alexandra, a Esmeralda, demasiadas crianças são arrancadas à força aos pais afectivos e entregues à mãe ou ao pai biológico. Mas que Lei é esta? Ou que juízes são estes? Que decidem que prevalece o parentesco biológico ao afectivo? Para quem o interesse da criança (que chora, que está aterrorizada, que não quer ir, quer ficar com a mãe ou com o pai que sempre conheceu) NÃO prevalece sobre qualquer outro interesse manifestado nos autos?
Se o problema está na Lei, a Lei é uma merda, mudem a Lei. Se o problema está nos juízes que por manifesta falta de talento não sabem fazer outra coisa que evocar artigos, e que por manifesta falta de humanidade proferem decisões desta crueldade, então mudem a merda dos Juizes.

O sangue é matéria e laços de matéria não podem valer mais que afecto e sentimentalidade.

"Durante mais de 30 minutos, família de acolhimento, amigos,
advogado e assistentes sociais tentaram retirar Alexandra do carro. A menina
chorava e não queria sair, acabando por ser levada à força para dentro do
edifício onde a esperava a mãe biológica."
mesma fonte

O meu filho tem 4 anos, se agora um Juiz nos separasse era o desespero, o meu filho choraria, teria de ser levado à força, eu choraria, teriam que mo levar à força (era capaz de matar quem mo tentasse levar à força), eu nunca mais voltaria a viver e a última coisa que eu evocaria para que não mo levassem, seria a consanguinidade, porque eu não amo o meu filho por ele ser do meu sangue, eu não amo o meu filho porque andei com ele na barriga, eu amo o meu filho desde aí, desde que ele é sangue do meu sangue e desde o tempo em que o trazia na minha barriga. É diferente.
Não conta para nada a mãe que dá o colo, o banho e os alimentos? Que dá o tempo, a prioridade, a carreira, o carinho, o investimento, a vida se for preciso? Que o leva à escola e o vai buscar? (assegura que tenha direito à educação). Que o leva às vacinas e ao hospital (direito aos cuidados de saúde) e cuida dele e passa noites em claro quando ele está doente? Não conta para nada a mãe que sossega os medos, faz baixar a febre, apanha o vómito? Não conta para nada a mãe que ampara o filho na queda? Ou cuida das feridas? Só 1 mãe é que sabe se o filho tem mais medo do berbequim ou da trovoada, só 1 é que sabe se ele gosta mais do mickey ou dos cars da disney, só 1 sabe dizer quando nasceu o 1º dente, com que idade largou as fraldas, deixou a chucha, disse a primeira palavra, fez a 1ª associação, o brinquedo preferido, a fruta que faz alergia, os sinais na pele, a cicatriz, a música que o acalma, sabe aquela que esteve lá, a que criou. Mas o que mais importa nem é isso! Eu sei que é a mim que o meu filho ama, é comigo que ele quer ficar, se eu não chegar ele chora, é por mim que ele chama de noite quando tem frio, calor, febre, pesadelos ou simplesmente quer confirmar se eu lá estou e apesar de só ter 4 anos, 4! Ele sabe dizer (a um juiz se for preciso) porquê. Por-quê eu.

Não me venham com a genética, o adn, a hereditariedade, a genealogia (o que é que interessam os nomes e os apelidos se encontramos semelhanças e criamos analogias com quem nos quer bem e nunca nos abandonou?).
Só falta ver evocados na (merda) da Lei e pela boca desses juízes (de merda) os sintomas da gravidez: os enjoos, as caimbras, a azia, o défice de cálcio, e já agora a dor do parto.

20.5.09

Jardim Buddha Eden (O jardim da paz)

O budismo diz que é quase impossível descrever ou explicar o Nirvana. É uma coisa que se sente. Aqui, no Jardim Buddha Eden, quase se pode sentir o Nirvana. Não é o paraíso, não é o céu, não morremos, no entanto é o lugar ideal para nos "apagar-mos".

As estátuas de Santos budistas espalhadas por este parque, transmitem uma certa paz, vontade de meditação, mas sobretudo paz, ficamos "de bem com o mundo", ficamos um bocado "Zen". Eu fiquei.
Os Santos budistas (ao contrário dos Santos da igreja católica) sorriem de olhos fechados como se estivessem a ter um pensamento bom. As figuras dos Santos católicos estão sempre de olhos abertos, nunca sorriem, algumas imagens choram, representam o sofrimento ou a piedade, até há as que choram lágrimas de sangue. Não há chagas no corpo dos santos budistas, nem setas espetadas para além do mais, são todos gordinhos e gostam muito de estar sentados (ou deitados), os Santos da religião católica estão sempre de pé numa espécie de penitência. São magros, por baixo do manto é só pele e ossos.

Até na posição das mãos há diferenças, não seguram livros pesadíssimos, nem espadas, nem uma ovelha, nem uma criança, dão-nos a ilusão de um movimento, podem estar a segurar uma jóia leve ou a dançar, repousam a maior parte das vezes.
A sensação do Nirvana é o fim de toda a paixão e do desejo. O meu Nirvana acontece mal entro numa igreja, ainda não pisei a 1ª pedra, cai-me o Nirvana todo em cima, imposição de toda aquela carga histórica, patrimonial, de monjes, de cristandade, com túmulos por baixo, o próprio olhar que os Santos me lançam lá do alto dos altares, por respeito a Jesus Cristo que está invariavelmente crucificado lá em baixo ao fundo, já as imagens budistas dão-nos a sensação do Nirvana mas sem dor, é que não se dá por nada. Quando damos por nós "apagámo-nos" e é boa essa sensação de nada sensorial (nem desejo, nem medo, nem dor, nem amor muito menos ódio), é um estado de alma descansado como a imutabilidade.

Eu acho que vivo entre o estado Nirvana e aquilo que é intenso, seja sofrimento ou alegria: a expressão da igreja católica. Mas mais para o lado do intenso.


"O Jardim da Paz é um espaço com cerca de 35 hectares,
idealizado e concebido pelo Comendador José Berardo, em resposta à destruição
dos Budas Gigantes de Bamyan, naquele que foi, um dos maiores actos de barbárie
cultural, apagando da memória obras primas, do período tardio da Arte de
Gandhara. Em 2001, profundamente chocado com a atitude do Governo Talibã, que
destruiu, intencionalmente, monumentos únicos do Património da Humanidade, o
Comendador Berardo deu início, a mais um, dos seus sonhos, a construção deste
extenso jardim oriental. Prestando, de certo modo, homenagem aos colossais Budas
esculpidos na rocha do vale de Bamyan, no centro do Afeganistão, e que durante
séculos foram referências culturais e espirituais.

Pretende-se, que o Jardim da Paz seja um lugar reconciliação.
Sem nenhuma tendência religiosa, abrimos as portas, a todas as pessoas,
independentemente, da religião, etnia, nacionalidade, sexo, idade, condição
cultural ou social, convidando à união, comunicação e meditação, como forma de
redescobrir a felicidade. Ambicionamos, assim, percorrer o caminho contrário à
destruição do ser humano e disseminar a cultura da paz..."
Localização: Saida 12 na A8 seguindo os sinais 'Buddha Eden' durante +/- 2km.
Entrada: Gratuita
Horário: 7 dias por semana, desde o nascer até ao pôr do Sol.
Para ler o texto na íntegra e ver o vídeo consulte o site da colecção Berardo .

15.5.09

Este filme pode doer

Parto. Esta é a hora h (agá aaaaaaaaaaah! mais precisamente). Dizem que é uma dor que se esquece. As mulheres mais velhas que eu muito provavelmente porque já se passaram tantos anos, é uma dor que já lá vai tão longe, que já nem deve ser delas, outras dizem que é uma dor que se esquece para se desculparem do facto de estarem outra vez grávidas, mas a maioria, que são as mulheres que têm a sorte do parto não lhes doer e as outras que tiveram filhos de cesariana ou com analgesia epidural, dizem que é uma dor que se esquece, porque não foi uma dor assim tão intensa, insuportável que chegasse para cunhar um lugar cativo na memória.

Eu tive um filho de parto "normal". Chama-se assim: "normal" para não se chamar parto eutócico (vocábulo difícil) ou parto vaginal (vocábulo aborrecido porque é um bocado embaraçoso). Tive um filho sem analgesia, nem uma aspirina, digo isto sem nenhuma glória, não fui eu que quis assim, eu pedi a epidural mas ninguém me ligou nenhuma, em relação à dor *#$%!!"! posso dar um exemplo, o meu filho nasceu com 3 quilos, 49 cm de comprimento e 34 de perimetro cefálico, mas eu senti que estava a expulsar uma bola do tamanho de um planeta (de voley, vá) a sangue frio, e às tantas ainda me deram uma tesourada (vão ver a tesourada no vídeo, foi tal & qual) que eu também senti (é que depois ainda há quem diga que a dor do parto anestesia tudo e que aquilo não chega a doer, que é uma coisa que só pode ter sido inventada por alguém que nunca expulsou um planeta por baixo e pelo meio ainda levou uma tesourada) e no fim, está o filho cá fora, a sensação de alívio, a sensação se estar partida ao meio, nunca mais conseguir parar de tremer, chorar e sangrar, mas sentir um alívio enorme e... mais contracções? Não, não vai nascer outro, é a placenta que é outro parto! Mas este enfim, é uma coisa grande e gorda mas é mole, não tem cabeça nem ossos, se parir (parturir) um filho fosse como parir uma placenta então sim, eu diria que é uma dor que se esquece.

Que é a melhor experiência (mesmo quando não queremos voltar a repeti-la), a mais radical e intensa de todas, é. É a soma de tudo (sexo, vida, existência, norte, sentido...) e de todos os sentimentos (dor, amor, brutalidade, medo, intensidade, alivio...). É uma descarga de adrenalina para a corrente sanguínea assim, tipo overdose (o meu filho já tinha nascido à mais de duas horas e eu ainda não tinha conseguido parar de tremer). Dizem que a dor do parto se esquece, mas eu nunca esqueci. Apenas já não me queixo, porque não posso levar a vida a queixar-me de uma coisa que já não sinto.

O vídeo a seguir (videosdahora.com.br), mostra a fase de expulsão num parto normal. Crianças não devem visionar o filme sem estarem acompanhadas de um adulto que vá comentando e possa explicar o que é um parto normal). Homens podem assistir com almofadas à volta (já não é o 1º que cai para o lado).

É um filme que pode doer.

14.5.09

O Quebra-nozes

Um dia destes o meu filho trouxe para casa um papelinho com um trabalho de casa atribuído pelo Prof. Mário João de música:

" Pesquisar Tchaikovsky (rosto, instrumento que tocava...)
Estamos a ensaiar a música do Quebra-nozes..."

Deu-me vontade de rir, aos 4 anos um trabalho de pesquisa sobre o Tchaikovsky... Na verdade achei o trabalho de casa, a escolha do compositor e da música, escolhas perfeitas para crianças tão pequenas (e há a Barbie e o Quebra-nozes que meninos e meninas adoram!) e um acto de grande sensibilidade por parte do professor.

Nesse dia o Miguel estava demasiado cansado e foi mais cedo para a cama, no outro dia de manhã dei ao Miguel um CD Rom do Tchaikovsky para ele levar para a escola, de uma colecção de CD's interativos de compositores célebres (vida e obra, curiosidades e a possibilidade de tocar - virtualmente claro, os instrumentos musicais). Á noite, viemos os dois para o computador e fizemos o trabalho de pesquisa na internet. Foi divertido. Ficou assim:



Peter Ilich Tchaikovsky
(1840-1893)

Eu e a mamã fomos ao Google e ela ajudou-me a procurar imagens do compositor Tchaikovsky, eu escolhi esta porque é igual à fotografia que está num CD com algumas músicas que ele compôs.
Três dessas músicas deram origem a bailados muito famosos: “A Bela Adormecida”, “O Lago dos cisnes” e o mais bonito dos bailados de Tchaikovsky: “O Quebra-nozes” que estamos a ensaiar na nossa escolinha com o Professor de música, Mário João.
É uma história passada na noite de natal. A menina Clara adormece junto à árvore iluminada, ao lado de um boneco que recebeu de presente – o Quebra-nozes, que se parece com um principezinho, e no sonho da Clara o Quebra-nozes ganha vida por amor, e destemido, enfrenta o tenebroso Rei dos Ratos, um exército de ratazanas e soldadinhos de chumbo!
(Eu e mamã dançamos cá em casa, a mamã põe a tocar a marcha do Quebra- nozes e faz de ratazana e eu faço de soldadinho de chumbo).
Ao pesquisar coisas sobre a vida e obra de Tchaikovsky, descobrimos que ele é Russo duas vezes, porque é de origem Russa (um país da Ásia e da Europa), e porque é loiro. A minha mãe diz que na Rússia quase não há pessoas morenas, as pessoas são quase todas loiras e de pele muito clara com olhos azuis ou verdes, porque a Rússia é um país frio, não tem muito sol e as pessoas não conseguem ficar queimadas e escuras.
Ele nasceu a 7 de Maio de 1840 e hoje é 7 de Maio de 2009, estou a fazer este trabalho com a mãe, 169 anos depois de ele ter nascido (tanto tempo! Que engraçado).
O 1º contacto que Tchaikovsky teve com a música foi com um órgão que havia na casa dele e que ele aprendeu a tocar com a ajuda da mãe, tinha 5 anos, eu tenho quase 4 e o meu instrumento preferido é a guitarra (e já sei dizer muitos dos instrumentos que o Prof. Mário João me ensinou, como por exemplo: maraca, trombone, trompeta, baquetas, piano, flauta, … e aquele que é assim para o lado… ai, não me lembro agora como se chama…).
A família queria que ele fosse advogado e por isso estudou direito em São Petersburgo (diz no Google que ele tinha muito boas notas na escola e ainda não tinha acabado o curso já era empregado no ministério da justiça lá na cidade de São Petersburgo), mas o sonho de Tchaikovsky era dedicar-se à música e matriculou-se então no Conservatório. Passados 3 anos já estava a dar aulas de teoria musical e composição.
Descobrimos também que a música “O Quebra Nozes” nasceu de um conto que se chama “O Quebra-nozes e o Rei dos Ratos”, acham o nome do conto esquisito? Então vejam como se chamava o escritor que escreveu a história: Ernesto Teodoro Amadeus Hoffmann! (foi um escritor Alemão por isso tem este nome tão esquisito). Mas foi a versão em língua francesa de Alexandre Dumas (célebre escritor Francês) que inspirou o Tchaikovsky para fazer esta música tão bela e mágica.
Ah! Não me posso esquecer de agradecer ao Prof. Mário João por se ter lembrado de nos dar este trabalho de pesquisa, foi muito divertido e com a Música aprendemos imensas coisas!
Bom trabalho para os meus colegas e para todos.

miguel


O trabalho do Miguel (com a minha ajuda mas dele, com mais de "Miguel" que de "mamã" foi elogiado pelas educadoras e pelo Prof. Mário João e ficamos uns e outros, emocionados com isso.

9.5.09

Não maltratem os artistas de circo. Os artistas de circo também são animais

"O Circo" Pintura naif, origem: Brasil

Há quem considere que o Circo com animais é o pior espectáculo do mundo.
Os artistas de circo com animais são alvo constante das organizações defensoras dos direitos dos animais e há outras lutas a travar: há animais que sofrem maus tratos em depósitos municipais; há pessoas a abandonar animais, a maltratar animais, a treinar animais sob métodos de tortura para lutarem, ou como arma de ataque ou intimidação; há animais a serem mortos violentamente para lhes vestir-'mos' a pele, capturados no seu habitat, retirados abruptamente às suas famílias ou criados em laboratórios para fins experimentais, mas a luta pelos direitos dos animais contra o circo com animais é sempre mais mediática fervorosa e impiedosa, mas sobretudo mediática. Também é por amor à vida, porque não deve ser fácil para uma organização de defesa dos animais travar uma luta contra um laboratório ou contra meia dúzia de donos de cães danados.
Imagens como estas


ferem o coração de quem não consegue deixar de gostar de circo com animais. Ferem mais, muito mais que aquelas mensagens dos maços de tabaco: "fumar mata" ou aquelas imagens de doentes de cancro do pulmão em fase terminal que já faltou mais para serem impressas nos maços todos de cigarros também, e as organizações de defesa dos animais sabem disso. Imagens como estas imploram para que não olhemos para os animais como palhaços, "Os animais não são palhaços". Assistir a um urso a bater palmas, a um macaco fantasiado de bailarina a andar de bicicleta, ou um elefante a dar piruetas é um espectáculo deprimente e eu nunca disse que não é, é sobretudo indigno para o animal e para o domador também, e é pior que isso. Ridicularizar um animal, achar graça a isso, torna-nos (artistas de circo e espectadores) medievais, mas uma coisa é combater a violência contra os animais, é ser contra a exibição de atuações pouco dignificantes que expoem animais ao ridículo, outra é ser contra o circo com animais porque estamos a partir do princípio que é impossível animais de circo serem bem tratados, viverem com os artistas de circo e viajarem com os artistas de circo como uma família e a família do circo é um conceito fascinante (e talvez único no mundo) de família (e talvez único por ter animais).
Os fundamentalistas desta causa (que o circo com animais é o pior espetáculo do mundo) já se têm infiltrado em companhias de circo para recolher filmes e fotos de maus tratos, violência e escravatura de animais e nunca se deixam apaixonar pela vida do circo, pelos nómadas com animais selvagens pelo mundo a fora. Nunca esses filmes e fotos de maus tratos serviram para ajudar a dignificar o circo, para melhorar as condições muita vezes miseráveis em que os artistas de circo vivem e produzem os seus espetáculos, nem as condições, muitas vezes miseráveis em que se encontram os animais dessas companhias. O circo com animais é uma manifestação de cultura, tal como o teatro, a música ou o cinema. O circo com animais mostra às crianças, algumas pela primeira vez, a outras e sobretudo na província, vez única, animais como leões, zebras, elefantes... Toda a gente sabe que as crianças despertam por meio de fábulas e todos nos deixamos encantar por fábulas), estar em contacto com os animais, tocar-lhes, conhecê-los, distingui-los, observar os animais, contribui para o bom sentido da afectividade da criança e transmite-lhe os mais diversos sentimentos como a alegria, o espanto, a frustração, o riso (às vezes o choro e também importa) e o respeito. E por falar em respeito, os artistas que escolheram esta forma de cultura e entertenimento como forma de vida também e de subsistência, devem ser respeitados. As organizações de defesa dos animais e os órgãos de fiscalização são mais que precisos (são uma fonte de segurança para quem assiste ao espetáculo de circo, ter a certeza que os animais não são escravizados, vitimas de maus tratos, fome, doenças, etc) mas já era altura também de haver respeito pela actividade circense.
E não me venham dizer que os artistas de circo não amam os animais, porque não é por dinheiro que eles são artistas de circo com animais. Os artistas de circo com animais nem têm uma vida boa, nem fácil, é uma vida de sacrifício, não recebem subsídios, sobrevivem às próprias custas. O circo com animais é uma actividade cultural popular, pobre, eu diria, não é o "Cirque du soleil", que custa entre 50 a 90 Euros cada entrada e não tem que suportar despesas incalculáveis com a alimentação, transporte, higiene e saúde de animais como tigres, leões, elefantes... Mas só a corrente do "Novo Circo" é bem vista por todos:

"Na corrente do “Novo Circo” – que tem como opção artística ter apenas a
participação de artistas humanos –, circos como o “Cirque du Soleil”, o “Cirque Plume” e outras grandes companhias de novo circo maravilham o público em todo o mundo, com os seus
trapezistas, malabaristas, actores, palhaços, contorcionistas e outros artistas, que escolheram
fazer parte de um espectáculo admirável onde os animais não devem estar e onde
só podem estar se forem violentamente forçados a isso."

O Circo com animais não.

E eu nem percebo como é que o circo com animais tem sobrevivido a tantos maus tratos por parte de fundamentalistas e organizações já para não falar na vida de sacrifício.

Sempre que vou ao circo observo atentamente a relação animal/ tratador, sempre que vou na rua observo atentamente a relação animal/ dono e no exercício da primeira, que é a que vem ao caso, são muitas as vezes que fico en-can-ta-da. Porque é que só mostram fotografias e vídeos com animais vitimizados pelos tratadores e nunca mostram imagens de gratidão, de satisfação que muitas vezes estes animais demonstram pelos tratadores que os acarinham, alimentam e brincam com eles. Mesmo os leões, os tigres, as zebras e os elefantes gostam de brincar.

No site da animal.org.pt pode ler-se:

"10. Não visite exibições nem espectáculos que envolvam crueldade contra
animais, como touradas, circos com animais, zoos, "quintas pedagógicas", aquários, delfinários e rodeios."

Tirando as touradas, rodeos (e já falei disso) e os aquários (de aquários ainda não falei não vou falar e temo não ter ponta por onde se lhe pegue, também não podemos olhar para peixinhos num aquário?) não me venham dizer que os animais nos zoos e quintas pedagógicas não são bem tratados! Felizmente hoje em dia os zoo e parques estão transformados em habitats semelhantes aos naturais, os animais têm cuidados de saúde prestados por veterinários, a alimentação e o trato está a cargo de nutricionistas e biólogos, estão protegidos (ao contrário do que aconteceria nos seus habitats naturais), dos caçadores e do ciclo da cadeia alimentar, procriam em segurança e com acompanhamento, algumas espécies têm assim assegurada a sua continuação... Quem pode dizer que os golfinhos e as focas no delfinário são mal tratados ou ridicularizados? Quando aquilo a que assistimos são golfinhos e focas em brincadeiras com os tratadores, seja com arcos ou bolas ou com o corpo humano e essa relação é absolutamente fascinante e é fascinante tudo o que ela nos transmite?

Uma das actuações que mais me maravilha desde criança, no circo, é o domador de leões (sempre quis ser uma domadora de leões), aquela parte onde o domador consegue com estalos de chicote apenas (apenas o som) fazer com que as feras saltem por dentro de esferas de fogo, mas da parte que eu gosto mais é quando a fera às vezes, no fim, se aproxima do tratador com uma expressão brincalhona e finge que lhe vai dar uma dentada, são pormenores que parece que mais ninguém repara a não ser eu, nesta pequena garatuja, nesta brincadeira quase infantil entre o homem e um animal (que não deixou de ser) selvagem.

Eu não consigo deixar de gostar de circo com animais, eu não consigo. Eu adoro o domador de leões (eu dava tudo para ser uma), eu deixo-me emocionar pela relação tratador/ animal, eu deixo-me contagiar pela alegria, o espanto, o riso o respeito e todos os sentimentos que os animais nos transmitem, e todas as emoções! O circo com animais tem magia e pode fazer sentido.
Eu já fiz um post sobre o circo, porque tenho alturas que fico num impasse... Eu também tenho cá "os meus dias" e os meus dilemas, o post é este, mas, de-fi-ni-ti-va-men-te sou da opinião que devem haver circos com animais e circos sem animais. E sou da opinião que já chega de maltratarem os artistas do circo com animais! Eles não sobrevivem à custa de subsídios, eles não têm ajuda das instituições, eles não podem contar com o apoio das organizações porque pelas organizações de defesa dos animais o circo com animais pura e simplesmente já tinha sido extinto, e cobram preços pelos bilhetes manifestamente insuficientes para as necessidades que têm, por isso, não os maltratem, é muito, mas muito provável que eles não mereçam, e os artistas de circo, afinal de contas, também são animais.