oreinabarriga

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este blogue tem Livro de Exclamações

28.6.09

Festa "Fim de ano" parte III (pormenores)


Educadora Hortense (e os prof. de música) na organização da festa
(eu era mais bolos. Fotos, filmagens e bolos)
A batuta do Prof. Mário João (em O quebra-nozes de Tchaikovsky)
Prof. Mário João a colocar os instrumentos
Uma canção
(ao fundo a Educadora Nazaré e a apresentadora da Festa: a Beatriz da sala 2)

27.6.09

Festa "Fim de ano" parte II



Os meninos ouvem com atenção os últimos preceitos do Prof. Mário João, preparam-se para interpretar uma canção que se chama "A terra é verde" e faz parte do programa de "iniciação à música".





"A- a réver-de... "

A terra é verde? Assim com as fitas nos olhos não sei se é.



E parece que vem aí qualquer coisa... Será um E.T.? Parece que cheira a enxofre...




É um espirro... A-a-a-Atchim!!





Bolas! Primeiro as fitas nos olhos, depois um espirro, agora é a lei da gravidade...





Pode ser que agora na interpretação do "Quebra nozes" de Tchaicovsky isto corra melhor.




Correu melhor não correu mamã?







Eu ainda tenho Oreinabarriga.

26.6.09

Festa "Fim de ano" parte I

Porque vai haver a parte II (devidamente documentada em vídeo), quando eu estiver capaz de fazer um post disso, ainda estou um bocado atrapalhada.
Foi uma festa linda, as emoções foram... intensas (atrapalhada= a emocionada).

25.6.09

A aula de música

Assisti (encantada) a uma aula de música do meu filho. Como todos os meninos do Jardim d' infância sabem bem quem sou, tive uma recepção em grande:
- Eeeeeeeehhh! É a mãe do Miguel! Olha, é a mãe do Miguel!

A Educadora Hortense organizou uma roda de meninos à minha volta, fizeram-me imensas perguntas e tive muitos beijos (melados, como chupa-chupas), o meu filho, sem sair do lugar que lhe coube na roda, não tirou os olhos de mim, mas sem ciúmes, só com vaidade (" - É a mãe, ela é a minha mãe", ia dizendo ao ouvido dos outros, aquilo que eles sabiam, era só para confirmar). O melhor do mundo são as crianças, com música é "ganhar o dia".

À hora marcada o Prof. Mário João entrou na sala com 2 caixas cheias de instrumentos! Panderetas, reque-reques, caixinhas, maracas, tamborinhos, blocos de madeira e pauzinhos de 2 sons...), ao Miguel coube uma pandereta...

Prof. Mário João: - Ainda te lembras Miguel, como se chama o teu instrumento?
Miguel: Pandereta de carácter popular. - Respondeu prontamente.

e continuaram a ensaiar o "Quebra nozes" de Tchaicovsky.
Assisti encantada, pela primeira vez, a uma aula de música do meu filho. O meu filho numa outra perspectiva: a tocar um instrumento musical (dois! dois instrumentos: a pandereta de carácter popular e pauzinhos de 2 sons), a entrar no tempo certo (o menino mais pequenino da orquestra, a entrar no tempo certo), a usar a força que lhe era pedida, não muita, na medida certa.

O Miguel não se desconcentrou um momento por eu estar ali, também não se exibiu, quando era a vez das maracas ou do reque-reque, ou seja, quando não era a vez dele, fitava-me pelo canto dos olhos e sorria (eu sei que estás aí, mamã), queria apenas que eu soubesse que estava atento à batuta, à voz do professor e que não se enganaria. O meu filho sorria numa outra perspectiva dele que eu não conhecia...

Aprender música é uma coisa que não se "fecha ali", é uma coisa ilimitada, é aprender tanto de outras coisas. É aprender a ter noção de ritmo, compasso e harmonia. É aprender a disciplina, a ordem, a obediência, começando por obedecer a uma batuta (a batuta estará sempre presente pela vida fora, na nossa cabeça, nas mãos dos outros), a atenção, a "altura certa" para entrar, para deixar...

E no fim, fica o "prato a ressoar", tal como numa orquestra de verdade.

A aprender música também se aprendem os primeiros (com) passos do comportamento, mais tarde da profissão que escolhermos, da nossa própria existência. Aprende-se a interpretar cada dia, todas as coisas, o que aprender música nos dá, são as bases, assim como a matemática e a língua portuguesa.

Prof. Mário João: - O Miguel tem grande sensibilidade para a música. Espero contribuir para estimular o gosto, que ele venha a gostar sempre de música.

Amanhã é a festa "Final de ano" no jardim de infância. Amanhã é dia dos meninos, entre eles o mais pequenino da orquestra (o meu filho), representarem o que ensaiaram e tocar o... Quebra nozes.

É um privilégio ter o Mário João por professor de música do Miguel. É um privilégio maior, ser o primeiro. Porque o primeiro é aquele que cativa, que cultiva, é o que deixa lá a semente, ou não deixa nada.

Post's relacionados:

Expressão musical
A música! (fotos)
O Quebra-nozes

Paris, je t'aime

Estou quase a ir de férias,

"Paris, je t'aime"

Para a semana, faço questão
de 'lhe dizer isto
pessoalmente.

23.6.09

Dito por não dito

Este post é para desmentir o post anterior.
Fica o dito por não dito está bem?
(Ando muito instável)

21.6.09

Et Voilà!

Está feito.
De um lado escrita,
Do outro, galeria.

Tudo pintado de fresco.
Espero que melhor, com melhor 'ar,
que eu já não edito mais.

20.6.09

Remodelações

Acabaram de entrar no blogue certo, não houve azar, nem troca de linhas, eu é que estou em mudanças.
Pôr isto como estava (voltar atrás) já nem sei como é que isso se faz, de modo que...
(só me ocorrem as palavras do comandante Reis Ágoas sobre as célebres massagens do Algarve... «Toda a gente sabe como é que começa uma massagem e ninguém sabe como é que ela acaba»)
A ver... (como é que as remodelações do blogue acabam)

19.6.09

Grey's anatomy "Now or Never"

É o último episódio da 5ª temporada da série. Muitos me surpreenderam pelo meio, mas este, passados mais de uma centena de episódios, conseguir o (e) feito de surpreender assim, é brilhante. O episódio (o final) é brilhante.

A destacar uma das últimas cenas e a actuação da actriz Hellen Pompeu (Meredith Grey) quando a vitima do acidente com um autocarro desenha na palma da mão dela o número 007. Revi a cena depois mais tarde, uma, duas vezes, a actriz representou o espanto (o assombramento) com um extremo realismo, contagiante eu diria, acho que naquela cena também eu abri os olhos e devo ter dito "Oh Gosh!".
O The Hollywood reporter diz que Katherine Heigl vai voltar à Anatomia de Grey na 6ª temporada e isso responde à pergunta: A Izzie vive ou morre? quanto à "Outra personagem"... Quem sou eu para estragar o (e)feito surpresa?
Para assistir on line: Episode 24 season finale "Now or Never" .

Género: Drama. Criado por: Shonda Rhimes. Criadores adjuvantes: Betsy Beers; Mark Gordon, Krista Vernoff; Rob Corn; Mark Wilding. Origem: Los Angeles, Estados Unidos. Canal (exibição original): ABC

post' s à la minuta

Adoro estes post's à la minuta (CK Jeans e outras polémicas). Quando não há tempo para escrever são do melhor. Saem de rajada, em 3 tempos escrevi um bom bocado, e para esta sede de escrever que me dá (de escrever quando não tenho tempo, quando são quase 2 da manhã, quando há prioridades...) têm aquele efeito das bebidas esotéricas. Podemos passar um dia inteiro a beber água que a sede volta mais tarde ou mais cedo, bebemos uma água isotérica qualquer e toda aquela avidez passa.
Assim se mata uma sede (ou se a engana, para o caso, não interessa).

18.6.09

Calvin Klein, a campanha obscena

http://www.calvinkleininc.com/jeans/



Muito rapidamente (porque a minha vida não é isto), a campanha é obscena.

Parecem-me a mim todos menores de idade (e é também por isso que não sou fã das campanhas de Steven Meisel para a CK) com esta pequena excepção que ou é do top model (Garret Neff) ou é do talento do fotógrafo






é impossível não fazer parar tudo à volta (ainda há um cartaz melhor que este mas eu não tenho tempo para ir à procura dele e o blogue também já tem cá muita cangalhada)
Os Estados Unidos terem banido a campanha (lá de cima dos jeans) para além de não ser democrático censurar, e de ser irritante o conservadorismo americano, foi inútil e parvo.
A atitude da Itália e da França e das mulheres de Bragança (estas últimas não sei, ainda não li nada, estou a inventar) em "editar" as imagens, idem. Inútil e parvo.
Não deve ser fácil para uma mãe (não vou dizer que é, porque estou a imaginar-me) parada no trânsito por exemplo (como eu estou às vezes) com o filho lá atrás, dar de caras com um out door desta natureza e o pequenote:

- Ó mãe, o que é que eles estão a fazer?

Posso sempre dizer que "Aquilo não se faz" (até porque dois rapazes adormeceram entretanto), que é sexo (seguro espero), mas é indiscutível a dificuldade que se tem em explicar que é um anuncio a calças de ganga, e estar a explicar uma coisa que não é, por força de uma campanha duvidosa, o melhor é ligar os quatro piscas e sair dali como uma emergência (se estiver a pé é mudar de passeio e nunca mais ir por ali).

Por fim uma emenda: A campanha não é bem obscena. É provocatória, poderá estar cheia de sex appeall para alguns, mas não é obscena. Obsceno é o que se passa na nossa cabeça quando estimulados (as) pelo criador, pelo artista. A provar que a campanha não é assim tão indecorosa e que são tudo "coisas" da nossa mente brilhante é que eu já bisbilhotei a campanha toda, aquilo é uma espécie de orgia, uma data de criançolas a curtir num sofá, uma coisa libertina (com tudo o que isso tem de bom e poderá ter de desastre), não vi se as calças de ganga são giras ou não, mas a mim não me aconteceu nada, parte nenhuma de mim ficou estimulada nem o meu célebre ponto "h" (o hipotálamo), o que acontece é que já não posso dizer o mesmo da campanha do Patrick Dempsey para a L' òreal.
E se forem ver (o vídeo está 4 ou 5 post's a baixo deste), em nenhuma altura da campanha se vislumbra a língua do Patrick nem nada, ele não se despe nem parcialmente, e muito provavelmente nem usou underwear da Calvin klein.
Assim, muito rapidamente, a coisa resume-se a isto: (Digam lá o que disserem) Está tudo na nossa cabeça.

Biblioteca digital

Eu e o meu filho adoramos este site:





O Miguel escolhe o(s) livro(s) que quer ver, sabe "passar as folhas" (é fácil), só não sabe ler ainda, mas inventa (o que é uma delícia).
Nada como os livros físicos (poder tocar-lhes, o cheiro do papel), eu particularmente não gosto de ler textos na vertical (blogues tenho que os imprimir! Deitar, acamar, espraiar as letras), mas não deixamos de adorar este site, e de visitar esta biblioteca virtual sempre que nos dá para aqui. Um livro é sempre um livro, seja de papel, do ciber espaço, ou dentro da cabeça a voar.

Grata às dedicatórias

Parte do post anterior são as pessoas que "tenho" na caixa de e-mail do blogue (O livro de exclamações). Se me pedem para escrever, acredito que gostem de "me" ler (e depois voltam a ler e isso não é só simpatia), mas aquilo em que eu acredito mesmo, é que quando não gostam nada daquilo que escrevi, me perdoam.
Agradecer isso, é pouco.
Continuo a invejar bastante quem tem o dom da escrita, o talento, são esses, a par com os meus olhos e sentidos que tudo absorvem, que me inspiram para continuar a ter um blogue, e o meu filho, que é a parte nuclear disto tudo, é onde tudo começa de dentro para fora, é onde tudo acaba, se um dia lerem isto de fora para dentro.

Não tenho tempo

Tempo para escrever. Para me livrar disto: andar cheia de coisas nas veias (da caneta), coisas sérias, o que o meu filho me diz, a aula de música que fui assistir, o jacarandá da Rua da Voz do Operário (texto inacabado, um dia ainda arde), o que ando a ler, quem passa por mim e deixa uma data de dedadas indeléveis...
Aos textos que ainda não escrevi (espero que a tinta não seque nas veias), a quem ainda não agradeci, ou perdoei, ou respondi, ou esqueci (com tempo vai), aos aniversários que não me lembrei, aos tempos (compassos) onde não entrei (ou entrei fora de tempo), à minha vez de brincar contigo filho, de te fazer uma história. Assim que tiver tempo, levanto-me da cama de manhã com mais força e de uma só vez. A cabeça parará de doer (e as contraturas), a tinta (das veias) à temperatura certa há de fluir (a correr). Formar-se-ão as palavras de que preciso e a linha do horizonte... Passo dias sem ver a linha do horizonte. Semanas? (os oceanos têm a linha do horizonte perfeita) se ao menos a orbe, a gente, o trabalho e as caras (de parvo, de sério, de choro, de riso, de espanto, dos outros, e as que não me dizem nada), não estivesse tudo sempre tão perto da vista, entenda-se a orbe e todas aquelas coisas: os semáforos, para onde olhamos anos da nossa vida não contabilizados (quase sempre na linha da frente), entenda-se o prédio da frente (não a última janela, apenas a janela que fica na nossa direção), o ecran do computador, as folhas dos livros, o espelho da casa de banho... se o mundo não estivesse sempre tão perto da vista havia mais céu e eu reparava que quando não chove o teto do mundo é uma imensa clareira (e não está suja, visivelmente suja como o chão que pisamos e aquilo que fica a um palmo do nariz). Preciso de tempo (o horizonte está lá), descansar os olhos, respirar fundo (passo dias, semanas? sem respirar fundo, com tempo) ou da forma que me apetecer, ou não respirar. Passo dias no automático. Bem sei que a linha do horizonte é uma linha imaginária, mas interessa-me mais a parte que diz que a linha do horizonte é onde se localiza o ponto de fuga.
Quando tiver tempo, fujo.
Quando tiver tempo escrevo (é a mesma coisa), coisas a sério (daquelas a brincar a brincar). Quando tiver tempo a linha do horizonte voltará a fazer parte do meu infinito.

"Time heals all wounds. All any of us can wants, is more time.
Time to stand up. Time to grow up. Time to let go
Time."



In Time Has Come Today (Grey's anatomy)

16.6.09

Médico (dos olhos)

O meu filho sempre disse que queria ser médico. Aos 4 anos decidiu a especialidade: olhos.

- Quando for grande quero ser médico dos olhos.

12.6.09

Pub

s'il vous plaît ne pas gâcher le bouton Replay. Merci.

(por favor não me estraguem o botão do Replay, obrigada)

11.6.09

A coisa Berlusconi by José Saramago


Não vejo que outro nome lhe
poderia dar. Uma coisa perigosamente parecida a um ser humano, uma coisa que dá
festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta
doença, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi se um
vómito profundo não conseguir arrancá-la da consciência dos italianos antes que
o veneno acabe por corroer-lhes as veias e destroçar o coração de uma das mais
ricas culturas europeias. Os valores básicos da convivência humana são
espezinhados todos os dias pelas patas viscosas da coisa Berlusconi que, entre os
seus múltiplos talentos, tem uma habilidade funambulesca para abusar das palavras,
pervertendo-lhes a intenção e o sentido, como é o caso do Pólo da Liberdade, que
assim se chama o partido com que assaltou o poder. Chamei delinquente a esta
coisa e não me arrependo. Por razões de natureza semântica e social que outros
poderão explicar melhor que eu, o termo delinquente tem em Itália uma carga
negativa muito mais forte que em qualquer outro idioma falado na Europa. Foi
para traduzir de forma clara e contundente o que penso da coisa Berlusconi que utilizei o
termo na acepção que a língua de Dante lhe vem dando habitualmente, embora seja
mais do que duvidoso que Dante o tenha utilizado alguma vez. Delinquência, no
meu português, significa, de acordo com os dicionários e a prática corrente da
comunicação, “acto de cometer delitos, desobedecer a leis ou a padrões morais”.
A definição assenta na coisa Berlusconi sem uma prega, sem uma ruga, a ponto de se
parecer mais a uma segunda pele que à roupa que se põe em cima. Desde há anos
que a coisa Berlusconi tem vindo a cometer delitos de variável
mas sempre demonstrada gravidade. Além disso, não só tem desobedecido a leis
como, pior ainda, as tem mandado fabricar para salvaguarda dos seus interesses
públicos e particulares, de político, empresário e acompanhante de menores, e
quanto aos padrões morais, nem vale a pena falar, não há quem não saiba em
Itália e no mundo que a coisa Berlusconi há muito tempo que caiu na mais completa
abjecção. Este é o primeiro-ministro italiano, esta é a coisa que o povo
italiano por duas vezes elegeu para que lhe servisse de modelo, este é o caminho
da ruína para onde estão a ser levados por arrastamento os valores que liberdade
e dignidade impregnaram a música de Verdi e a acção política de Garibaldi, esses que
fizeram da Itália do século XIX, durante a luta pela unificação, um guia
espiritual da Europa e dos europeus. É isso que a coisa Berlusconi quer lançar
para o caixote do lixo da História. Vão os italianos permiti-lo?



in O Carderno de Saramago

A Música

Ontem foram armas, hoje são notas de
música. Vamos avançando, portanto. A ideia, segundo julgo haver entendido, foi
da Fundação Calouste Gulbenkian e a ela se juntaram a Câmara Municipal da
Amadora e o Conservatório Nacional. Tratava-se de reunir crianças residentes em
bairros degradados e ensinar-lhes música e a tocar um instrumento. O propósito
não era original, basta lembrar a recente revelação da orquestra juvenil de
Venezuela, agora conhecida em todo o mundo, mas o erro de partida teria sido
seguir ou imitar uma ideia má, nociva, de alguma maneira prejudicial, e esta
valeria o seu peso em ouro se uma ideia tão rica de conteúdo pudesse ser pesada.
Acabo de assistir à passagem de um vídeo em que se me apresentaram umas quantas
crianças, de cor na sua maior parte, às voltas com instrumentos em que nem em
sonho haviam posto alguma vez as mãos, manejando arcos e pistões com uma
facilidade para mim assombrosa, pois foi inevitável recordar o tempo, não muito,
em que frequentei a Academia de Amadores de Música, onde não fiz mais que
balbuciar uns vagos solfejos e tropeçar com os dedos no teclado de um piano. (O
meu futuro não estava ali.) E mesmo que o futuro de todas aquelas crianças não
venha a ser a música, tenho a certeza de que nunca irão esquecer as horas
passadas na sala de ensaios e menos ainda, creio, os caminhos para chegar lá,
carregando elas próprias as caixas dos seus instrumentos, pequenas como para uma
flauta, manejáveis se continham um violino, menos cómodas se de um violoncelo se
tratava. A gravidade daqueles rostos, mesmo quando a boca se lhes descerrou em
sorrisos, a luz daqueles olhares, a ponderação com que respondiam às perguntas,
confirmaram uma velha ideia minha, a de que a felicidade é uma coisa muito
séria. Compenetrados, atentíssimos, ensaiavam uns quantos compassos da Nona de
Beethoven. Creio que os que lêem estas páginas estarão de acordo comigo se eu
disser que é um bom princípio de vida.


in O Carderno de Saramago

10.6.09

Bom dia!


Ora o que é que se passou hoje enquanto eu estava a olhar para dentro? Portugal empatou com a Estónia e o Presidente da República Cavaco Silva no discurso oficial do dia d 'hoje (Dia de Portugal), pediu "uma cultura de transparência, com base na ética" e alertou para a necessidade de: "promover uma cultura de valores que incentive o esforço e o mérito". Ai, ai... Portugal ter empatado com a Estónia, menos mal, agora o Presidente da República não podia ter pedido aos gestores, diretores, políticos, aos supra-sumo da nossa sociedade, algo que eles pudessem (efetivamente) cumprir?
"a ausência de escrúpulos e princípios está na origem da crise".
Está, está. Eu estive todo o dia a olhar para dentro mas sei que está. A esta altura já deve até ter alastrado para outros setores que não o "económico".
Bom dia, dia! (eu sei que são 11 da noite, mas eu acabei mesmo de acordar agora).

9.6.09

Breve post sobre o trabalho

Uma chefe que fala comigo aos gritos (por causa das minhas férias) "- Vais de férias mas deixas o teu trabalho todo feito!"
Um director que me disse (a fugir, porque não consigo nunca que pare para falar um bocadinho comigo, consigo ter 2 ou 3 minutos de direito de antena mas com o director de lado para mim, com a permanente intenção de se ir embora)
"- Se não conseguires fazer o teu trabalho, chamamos-te durante as férias para o vires acabar."
E que me disse:
"- Já liguei para outras 'empresas' e os vencimentos fazem-se numa semana."
(tenho um director que não sabe o que é que eu faço nas outras 3 semanas). Será que ele quis dizer: - O teu trabalho é fácil, numa semana está tudo despachado (Pois é, é fácil, para os outros é fácil. O trabalho dele para mim também é fácil, não sou eu que o faço). E que me disse também: "- Fiz vencimentos durante muitos anos, sei bem como se fazem vencimentos." (então se sabe, qual é o drama de eu ir de férias?)

Gostava de lhe ter dito (mas ele entretanto fugiu mesmo) que faço vencimentos há 12 anos, 6 noutra empresa, 6 nesta e não tenho essa segurança toda (bem sei que os cálculos são sempre os mesmos, os programas é que não e as Leis estão sempre a mudar), conclusão: nunca serei uma pessoa segura, eu nunca saberei o suficiente, estarei sempre à espera de aprender mais (que me ensinem mais), estarei sempre a querer passar aos outros o que aprendi. Uma coisa que eu não sei, seguramente, nem tenho a mínima ideia de como se faz, é fazer com que uma pessoa, que não se interessa por nós, só pela nossa mão d' obra, fale connosco cara à cara (impreterivelmente) e cordialmente (sempre que possível).

E assim vão as coisas lá no trabalho...


Ainda estou fascinada com o desenho do meu filho.
"Uma foca com um filhote na barriga"





"As casinhas" e um "moínho" pelas mãos no meu pai (zito).
..
Clique nas imagens se quiser ampliar

7.6.09

Museu Anjos Teixeira

Pedro Anjos Teixeira - escultor

Neste museu (na Vila de Sintra também), encontra-se o legado artístico de dois importantes escultores portugueses contemporâneos: Artur Anjos Teixeira (pai) e Pedro Anjos Teixeira (filho).

"O artista ia pela rua a caminho do atelier ou de regresso a sua casa; que numa atitude curiosa, um gesto significativo, lhe dessem na vista, sacando o caderno, anotava. Ou corria à greda (*) fresca e traduzia com
duas dedadas a impressão original."



(*) argila, barro.


Aquilino Ribeiro sobre o artista Artur Teixeira


Artur Anjos Teixeira - Escultor

Encontramos nestas esculturas em mármore, gesso, bronze, em maquetas, em esboços ou desenhos, cenas do quotidiano rural, das pescas, os vendedores, as varinas, os carregadores (transporte de pipas de vinho por exemplo), figuras representativas de homens e mulheres do povo, em determinada época da nossa história.


É um museu imperdível. A entrada é gratuita, é um espaço pequeno, muito, muito estético, e as esculturas são marcantes, marcantes sobretudo as de Pedro Anjos Teixeira pela força que transmitem (força animal, a força do homem), um "homem a lutar contra um polvo", um monumento em bronze ao "trabalhador rural", marcantes pelo fulgor ou pela alusão à maternidade como esta que apesar de não representar a maternidade, singularmente...



... é um monumento em gesso de Artur Anjos Teixeira dedicado a Camilo Castelo Branco, que marcou pelas múltiplas interpretações (até porque a observamos de diferentes ângulos, inclusivamente de pernas para o ar).





"A maleta pedagógica" e "O caminho do criar" são ateliers de expressão plástica existentes neste museu e ao dispor da comunidade escolar: Jardins de Infância e Escolas do 1º, 2º e 3º Ciclos, gratuitamente, todas as 3ªs feiras, mediante marcação prévia.

O animador do museu, em interação com o grupo de crianças e criando um clima apropriado para cada grupo de idades, aborda temas relacionados com os dois escultores, e através dos materiais contidos na Maleta pedagógica, favorece a aquisição de saberes, mestrias, no contexto da expressão plástica, particularmente na manufactura de escultas em gesso.
Na oficina "O caminho do criar" os alunos podem experimentar criar as suas primeiras obras d' arte! em materiais como embalagens, esferovite, cartão, espumas, jornais, etc..

Uma escultura é uma estátua. Ter força, fulgor e movimento, é a mais maravilhosa das metáforas. Foi o que deixamos escrito no livro de visitas, à saída deste museu.


Tutela Câmara Municipal de Sintra Endereço Azinhaga da Sardinha, Rio do Porto 2710-631 Sintra Telefone 219 238 827 Fax 219 238 827 E-Mail museu.ateixeira@cm-sintra.pt Acessibilidades Comboio Lisboa-Sintra Estacionamento próprio Horário 3.ª a 6.ª feira: 10:00-18:00; Sábados, Domingos e feriados: 14:00-18:00 Encerrado ao público à 2.ª feira e nos feriados de 1 de Janeiro, 3.ª feira de Carnaval, Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 24 a 26 e 31 de Dezembro Ingresso Entrada Livre. Para saber mais consulte imc (instituto dos museus e da conservação)
..
(obrigada filho, por seres a minha melhor companhia, vá eu para onde for. Nem todas as crianças gostam de museus, se portam bem em museus, são sensíveis à arte como tu e não se aborrecem de ver aquilo a que outros, menos "tu", chamariam "pedra"?)

6.6.09

Playmobil a história de um sorriso no Museu do brinquedo

Hoje voltamos ao Museu de todos os sonhos, o Museu do brinquedo, e tivemos o prazer de assistir à inauguração da exposição temporária de brinquedos Playmobil .
Os brinquedos do avô João ( O meu PAI no museu de todos os sonhos ), deram lugar à "História de um sorriso", é assim que se chama a exposição temporária destes brinquedos engraçados, didáticos, em forma de "lego" que têm aquela particularidade que me agrada (que me convence) tal como os Little people, por exemplo: não há cenários de guerra. Os playmobis são pequenas representações das profissões, são cenários como a quinta, o aeroporto, a empresa de entrega de mercadorias, o quartel de bombeiros ou o circo, as peças encaixam, desmontam-se, ganham vida, não há limite para a imaginação e para a construção. Talvez o cenário mais parecido com "guerra" seja o barco dos piratas, mas um playmobil pirata nada tem de agressivo, antes pelo contrário, para estimular a agressividade (descarregar que também é preciso como dizem alguns entendidos na matéria) existem outros brinquedos.


Em cima: João Arbués Moreira (fundador do museu), esposa Ana (diretora) e o Miguel que brinca com um carrinho de lata daqueles que se dá "corda" para andar, em cima das pernas do Eng. João, e brincou durante muito tempo até o Eng.º João ter mais que fazer (que servir de pista de carrinhos) e com aquele sentido de humor inteligente e rápido, que é uma característica sua, lhe disse:

- Agora pára com isso Miguel que tens que ir lá atrás dar-me corda para eu andar.

Em cima: carrinho (de bombeiros) em lata que a mamã comprou no museu.

Eu tenho o privilégio do meu filho gostar De brinquedos, mesmo de brinquedos simples (a imaginação faz o resto), normalmente as crianças gostam "Dos" brinquedos (dos que passam na televisão, dos que estão na moda, dos brinquedos dos amigos, dos que abrem as portas ou emitem feixes de luz).

Em cima à direita está a "Menina do museu! (como diz o Miguel), na verdade chama-se Carla Antunes e é (para além de gira que se farta) uma das colaboradoras do Museu do brinquedo.

Outra das colaboradoras do museu chama-se Silvana. É a Silvana que decora todas aquelas vitrinas do museu do brinquedo e todos os brinquedos já de si apetecíveis, ainda ficam mais de serem expostos por ela com tanto carinho e arte (e nervos, nervos? génio!) de modo que, se vir alguma criança no museu...


A lambuzar vitrinas (por exemplo)...


ou a pôr o dedo (por exemplo) a culpa (Silvana) é em parte, sua.

Descobrimos que esta decoradora de vez em quando, pula a fronteira do museu do brinquedo e pinta o mundo lá fora. O jardim mesmo em frente ao museu, está agora também ele decorado pelas mãos desta artista:

aqui está ela, connosco, ao lado de um "coro" de flores.

as joaninhas...

e os girassois (a minha flor preferida!)

Eu já escrevi sobre o espólio deste museu (Museu do brinquedo/ Fundação Arbués Moreira), já escrevi sobre o fundador João Arbués, ainda me faltava escrever que (para além de giras), as colaboradoras deste museu são excelentes guias, artistas ou hospedeiras. Este post é também para agradecer toda a simpatia e afecto que nos dedicaram.

4.6.09

Chucha com Piri piri

Andei eu em negociações meses a fio com o meu filho para ele largar a chucha de forma amigável e nada.
"- Faz mal aos dentinhos filho, a chucha é para os bebés." "- Se largares a chuchinha a mamã em troca compra o Mac! (o camião dos carros da Disney)"
Nada.
Eu e a minha mãe aproveitá-mos que um dia uma das chuchas caiu na retrete e... "- A chuchinha foi para os peixinhos filho, já não há", mas o máximo que conseguimos foram uns 2 (miseráveis) dias e 1 noite (miserável) sem pregar olho.
Entraram em cena a vizinha do lado (use uma "moeda de troca", ele larga a chucha em troca do brinquedo que mais deseja), os amigos (veio um cão e levou a chucha, foi assim com o meu, veio uma fada durante a noite e zás...), as educadoras (é pôr um insecto daqueles de plástico na chucha e ele nunca mais lhe pega), trinta por uma linha, mas era sempre uma "dor" privá-lo da chuchinha. Nunca fui capaz.
Até que um belo dia (dia 30 de Maio de 2009) o pai decide que o Miguel tem que largar a chucha como se ainda não tivéssemos falado nisso (farta eu de falar nisso, esgotada já, já sem nada na manga), pega num frasquinho de molho de piri piri, bezunta as chuchas todas, quando o Miguel foi por a chuchinha fez imensas caretas, tivemos que lhe dar dois copos d'água, choramingou, a 1ª noite dormiu na nossa cama, a 2ª também, fala na chuchinha de noite e dia mas foi remédio Santo.
- Queres experimentar a ver se ela te pica outra vez?
- Pica pica mãe. Pica na língua. Guarda na caixinha para dar a um bebé.
Anda uma mãe aqui estes meses todos, cheia de barrocos e rococós, a tentar por todos os meios menos traumatizantes (sem choro), que o Miguel largasse a chuchinha "por ele" e nada, chega o pai com piri piri e arruma o assunto em três tempos e sem lágrimas (contaram-se uma ou duas e foi apenas por causa do picante). Adeus chucha.

1.6.09

Et Voilà!


Para ver nas cores cinzento e castanho, clique aqui .


Obrigada pelo link, Manuela, não me lembraria da Bandarra sem si. Podemos ir as duas (preciso de uma consultora de imagem experiente e fashion, acima de tudo capaz de me por fora da loja! mas primeiro tenho que juntar uns trocos e algum ar de estilizada, e isso demorará algum tempo... uma estação inteira?)