oreinabarriga

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este blogue tem Livro de Exclamações

28.1.08

View Master


Esta foi a minha primeira Play Station ou X Box: uma máquina da view-master!
Tal como os meninos de hoje se agarram à Play Station e vivem naquele mundo encantado, onde os sons de fora (anda para a mesa Miguel! Vai estudar Jorge! O canto dos passarinhos, a banheira já cheia de água e o chuveiro sempre a correr...) vêem de outra galáxia, assim era eu, de olhos enfiados dentro das órbitras da view-master a ver discos e discos de desenhos animados, os 3 Porquinhos, a Bela Adormecida, a Alice no país das maravilhas (era eu) o Peter Pan...





Com discos como este dei a volta ao mundo em 3 dimensões. Aprendi o fundo do mar, as capitais dos Países, os povos, os costumes e os principais monumentos.


- Menina! Vai arrumar os discos vá, que são horas, já chega. Mas do México à nossa casa não é um pulo. Não é assim.





Eu sei bem porque sou feliz. Porque no meu tempo havia a view-master, gira-discos, leitor e gravador de cassetes de cartuxo e o Bugs Bunny dava todos os dias na TV. Porque tive um pai à frente, um pai que gostava de brincar como eu e também estava a crescer. O meu pai deu-me a view-master, os discos, um projector de slides, um gira-discos, dinheiro para comprar discos, para a view-master e para o gira-discos, uma aparelhagem da sony do futuro, tinha eu 14, 14? Sim, 14 anos, o meu pai deu-me o futuro. Em si. Organizado em caixas para o efeito de arquivar discos da view-master.

- Eu já vou lavar os dentes, eu já vou mãe, é só mais um bocadinho.

25.1.08

Era uma vez um País

de José Carlos Ary dos Santos


Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
Era uma vez um país onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro que dormia com o gado
onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da cerviz pelo trabalho amarrado que até hoje já se diz que nos tempos do passado se chamava esse país Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras vivia um povo tão pobre que partia para a guerra para encher quem estava podre de comer a sua terra.
Um povo que era levado para Angola nos porões
um povo que era tratado como a arma dos patrões
um povo que era obrigado a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança feita de força e vontade
era ainda uma criança mas já era a liberdade.
Era já uma promessa era a força da razão do coração à cabeça da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado a defender um irmão
esses que tinham passado o horror da solidão
esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado do terror da opressão.
Não tinham armas é certo mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto tem de haver distanciação
uma pistola guardada nas dobras da sua opção uma bala disparada contra a sua própria mão e uma força perseguida que na escolha do mais forte faz com que a força da vida seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo começou a floração do capitão ao soldado do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado percebeu qual a razão porque o povo despojado lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado em sua própria grandeza
era soldado forçado contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis.
Capitão que não comanda não pode ficar calado
é o povo que lhe manda ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite– pode nascer um país do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriu as portas da claridade
a nossa gente invadiua sua própria cidade.
Disse a primeira palavra na madrugada serena
um poeta que cantava o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo
marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa.
E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração.
Dizia soldado amigo meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama temos a mesma ração
dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão
este povo está contigo a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros esta fúria de viver
este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra.
Foi esta força virilde antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer.
E em Lisboa capital dos novos mestres de Avizo povo de Portugal deu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe. Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português.
Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução.
Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões.
A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavam os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura escrever
onstrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam silêncios boatos murmúrios risinhos que se calavam palácios contra tugúrios fortunas que levantavam promessas de maus augúrios os que em vida se enterravam por serem falsos e espúrios maiorais da minoria que diziam silenciosa e que em silêncio fazia a coisa mais horrorosa:minar como um sinapismo e com ordenados régios o alvor do socialismo e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa! E a reacção não passou.Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todosnós repartimos o pãoé que acabaram os bodos— cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas palácios e palacetes os generais com prebendas caciques e cacetetes os que montavam cavalos para caçarem veados os que davam dois estalos na cara dos empregados
os que tinham bons amigos no consórcio dos sabões e coçavam os umbigos como quem coça os galões
os generais subalternos que aceitavam os patrões os generais inimigos os generais garanhões teciam teias de aranha e eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha já não há revoluções.
Por isso o onze de Março foi um baile de Tartufos uma alternância de terços entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagarcom o sangue de um soldado
o preço de já não estarPortugal suicidado.
Fugiram como cobardes e para terras de Espanha os que faziam alardes dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé capitães de pedra e cal os homens que na Guiné aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram que um animal racionalopõe àqueles que o firam consciência nacional.
Os tais homens que souberam fazer a revolução porque na guerra entenderam o que era a libertação.
Os que viram claramente e com os cinco sentidos morrer tanta tanta gente que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço temperado com a tristeza que envolveram num abraço toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita e depois tão maltratada por quem herdou a desdita da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo pois o mar não tem patrões.– Não havia estado novo nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjurae uma vela desfraldadapara levar a ternuraà distância imaginada.
Foi este lado da história que os capitães descobriram que ficará na memória das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram o nosso abraço profundo aos povos que agora deram novos países ao mundo.
Por saberem como é ficaram de pedra e cal capitães que na Guiné descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram o que deviam fazer: ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver: Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer. Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho no Alentejo com pãono Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária em sua própria expressão: a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletária da nossa revolução.
Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiuo que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder! E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesiavolta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!

24.1.08

Da Macaronésia ao Meio-dia


De Manuel Viana. Vou "dizer" outra vez: De Manuel Viana.
E eu aqui a roer-me de vaidade porque o tio é meu.
Só eu tenho um exemplar com aroma a queijinho da Ilha do Pico (vinham juntos).
Encantou-me primeiramente a preposição do título: Da Macaronésia ou as Ilhas Afortunadas, a Atlântida de Platão, o lugar de descanso dos Deuses e o Meio-dia, que é uma coisa banalissima, que acontece todos os dias e à mesma hora! A Macaronésia compreende as Ilhas dos Açores, da madeira, as Selvagens, as Canárias e Cabo verde, da outra vez tio, a quando da "Abalada do Pidjiguiti" tive mesmo que ir ao dicionário logo ali, Pidjiguiti, ó tio Manelito com franqueza, não se arranjava outro titulo? Pidjiguiti? Na Melopeia fui ao dicionário fui, mas não fui logo a começar pela capa.
"1959 - Massacre do Pidjiguiti, na Guiné, sob administração Portuguesa. As autoridades coloniais ordenam a carga policial sobre os trabalhadores do porto de Bissau, que se encontravam em greve. " Muitos oficiais de carreira são chamados pelos cornos, a narrativa é surpreendente, obrigou-me a conhecer mais sobre o PAIGC (Partido Africano para a independência da Guiné e Cabo Verde) de Amílcar Cabral , o homem que morreu sem realizar o sonho de juntar as suas duas pátrias, Cabo Verde e Guiné), o MFA (Movimento das Forças Armadas).
A Abalada do Pidjiguiti, é a história de um menino que vai com o pai para a Guiné, (o pai vai para as Ilhas Bissagós preparar a invasão da Marinha Portuguesa à Guiné Conacri) e foge para o Senegal, a pé!
Da Macaronésia farei para aqui uma migração de pequenos excertos (em breve, quando acabar de ler) só para afiar esta minha vaidade. E digo já que não empresto, isso não empresto, tem cheirinho a queijo da Ilha do Pico, tem lá uma dedicatória para mim... a minha tia Cecília pôs tudo no mesmo saco, o queijo, a Macaronésia, a dedicatória do autor. Emprestar? Não empresto.
Também te amo muito tio e tenho todo o orgulho e vaidade e aqui para nós, seres tu
meu tio, escritor, Pidjiguiti, Melopeia, ou simplesmente o meu tio Manelito, para o efeito de ter orgulho, tio, e vaidade, era a mesmíssima coisa.

Psst! Senhor Presidente!

Psst! Senhor Presidente da República! Vai mesmo deixar que o Hospital Pediátrico D. Estefânia feche?

Mulheres


À medida que envelhecemos vamos ganhando peso. Isto acontece porque acumulamos muita informação na nossa cabeça. Chega a um ponto, que tanta informação não cabe na nossa cabeça e distribui-se por todo o nosso corpo. Ah, agora começo a perceber...
Eu não estou gorda!
Sou uma mulher culta!
Muito culta.
Ser mulher é muito bom.
Temos a certeza que os nossos filhos são nossos. Temos prioridade nos naufrágios, somos os primeiros reféns a serem libertados, se somos traídas somos vítimas, se trairmos eles são cornudos, podemos dormir à vontade com a nossa melhor amiga que não somos chamadas de homossexuais, se decidimos fazer trabalhos de homem somos pioneiras, quando eles decidem fazer o nosso são maricas. Mulher de Presidente é Primeira Dama e marido de Presidenta é o quê? Mulher de Embaixador é Embaixadora e marido de Embaixatriz é o quê?

23.1.08

Patafix da UHU

Os Patafixes da UHU são umas barritas de uma massa aderente que colam por exemplo um quadro a uma parede ou uma estatueta a um móvel para evitar que leve um safanão, caia e se parta. Podem imaginar uma pastilha elástica, que aquilo é uma pastilha elástica, funciona da mesma maneira. O efeito é o mesmo. Tiram a pastilha elástica do pacote (o patafix já vem mastigado) moldam com as mãos e colocam a pastilha elástica em cima da mesa de cabeceira e em cima da pastilha, colocam o rádio-despertador por exemplo (se usarem o patafix em vez da gorila de mentol, é só por dizer que é mais higiénico) e vão ver que todos os dias de manhã podem dar um safanão no despertador para ver se ele voa contra a parede do quarto e deixa de apitar, pi-pi-pi-pi-pi-pi, que ele não sai do sítio, ó sais.
Eu lá em casa tenho alguns bibellot's, adornos, de estimação e tenho filho e como os adornos de estimação e as crianças têm uma incompatibilidade que os impede de conviverem em harmonia no mesmo espaço (sem cacos), eu coloquei patafixes nas bases dos adornos e agora nem o meu filho quando embate neles eles caem para o chão feitos em cacos, nem o pai os consegue mudar de sítio (mudar do móvel para a arrecadação por exemplo, ou do armário para o eco ponto), diz antes assim: - Ó diabo, então mas isto está colado?
Para pendurar molduras, quadros, máscaras e objectos nas paredes que não sejam de grande calibre também é genial. Acabaram-se os furos e pregos na parede por tudo e por nada. Depois é fácil de retirar a pastilha (mais fácil que retirar gorilas de mentol da sola do sapato, das dentaduras e das partes mais recondidas, que não lembram a ninguém dos móveis de casa, isso é certo).

O Colo da mãe

- Quéu í ao colo da mãe.
- Porquê filho?
- Colo da mãe é tão fofinho, tem mé-el!

18.1.08

Comunista? Eu?

Maneira airosa de ficar aqui assinalado que sou comunista hein? Subtil. Subtil e airosa, aquela dos murais, arte, meus amigos, aquilo é arte. Da boa, daquela que a gente olha e vê que é mesmo boa. Gosto de vermelho gosto, gosto do vermelho do PCP precisamente, aquele vermelho, vivo, indiscutivelmente vermelho, mas não, não sou comunista, nem social-democrata nem coisíssima nenhuma, sou daquele que me apetecer, sou daquele para onde estiver virada, sou da cor que me aprouver, voto contrariada (bem, tirando a primeira vez que votei toda inchada, caramba, já tenho idade, já posso votar e tudo), há para cima de 17 anos que voto contrariada, ainda não encontrei o meu príncipe encantado eleitoral, mas voto. Não voto ao calhas, voto contrariada, que é diferente, porque ainda não encontrei o meu príncipe encantado eleitoral, aquilo é só sapos. Prometem prometem mas não fazem nada e só incham, incham... Não sou fiel aos supermercados nem aos cartões de desconto, nem aos partidos políticos, nem aos canais de televisão, nem às telenovelas, nem às gasolineiras, nem às companhias de Teatro, nem café-esplanada , nem papelaria-tabacaria, corro todos, é ao calhas. Sou fiel ao meu marido, que é uma coisa que já dá imenso trabalho. Não consigo, sinceramente, por hora, ser fiel a mais coisíssima nenhuma. O máximo que se pode arranjar é uma simpatia. Simpatizo com o PCP isso simpatizo, simpatizo com a Comuna Teatro de Pesquisa, com o António Lobo Antunes, com a Ordem dos Franciscanos, com o café da minha Rua, com a tabacaria da D. Preciosa, com o SG Mentol, com o vermelho, com o Girassol, ... E com quem eu não vou à bola mesmo, é com o Natal. Pum.
Como diria Miguel S. tavares: "As pessoas preferem quem é fiel às suas convicções, ainda que erradas e falsas, do que quem flutua ao sabor das verdades de cada momento."

Avante Camaraaaaaada, avante!

http://www.pctpmrpp.org/







Por baixo da bandeira, do lado esquerdo da página, clique em murais para ver mais.

Ajude a salvar

Ajude a Salvar o Hospital Pediátrico D. Estefânia em Lisboa, assinando a Petição a enviar ao Sr. Presidente da Republica, Dr. Aníbal C. Silva.


Saber mais: http://campanhapelohde.blogspot.com/


Petição: http://www.petitiononline.com/hde2007/petition.html

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) anunciou estar disponível no seu portal um "Livro de reclamações online", onde os utentes dos serviços de saúde poderão apresentar as suas queixas num formulário específico.

17.1.08

Onde é que eu apago isto?

Agora tenho que fumar cá fora não é? E aonde é que eu pago o cigarro? Quem é que me traz o cinzeiro, vamos lá ver, quem é?
Se apago o cigarro na papeleira ainda pego fogo aquilo tudo, no eco ponto quer dizer, lá está, voltamos à mesma conversa, primeiro fazem as 'tas das Leis mas aonde é que está o eco ponto? Não está. Vem depois naturalmente, é o costume. Nos vasos da vizinhança não acho bem, está bem que aquilo fertiliza e tudo mais, mas não acho asseado, apago com a sola do sapato e depois vou buscar um saquinho daqueles para apanhar o cocó do cão e apanho a beata e coloco na papeleira? Mas isso demora um tempão, não se arranja um pilhão? Para as beatas? Não se arranja maneira dos cinzeiros que havia nos centros comerciais em vez de lá estarem na mesma a servir de chapeleira, viessem cá para fora, é que facilitava. Dava jeito. E tapetes de beatas à porta dos restaurantes e à porta dos cafés e à entrada dos centros comerciais e das salas de espectáculos é uma grande porcaria para além de que é um desperdício uma vez que as beatas tal como os restantes resíduos sólidos, ha-dem poder ser recicladas não?

Aqui pode fumar-se

Foi Publicada no dia 14 de Agosto no Diário da República, 1ª Série N.º 156 a Lei hipócrita e fascista 37/2007 que "... aprova normas para protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco e medidas de redução da procura relacionadas com a dependência e cessação do seu consumo", ora quem elaborou, aprovou, proclamou isto, para além de hipócrita e fascista é parvo.
É hipócrita porque em nenhum sítio da Lei se fala em tratar do tabagismo, acompanhamento médico, etc., a metadona é grátis, é dada, é à borla, à borliú, é dispensada, é espontânea, as pastilhas e os adesivos, nicles, nem comparticipados são, nada, rien, e é fascista porque é uma Lei a favor da intolerância e gente hipócrita e gente intolerante é gente parva. No mínimo.
Uma Lei como esta só poderia mesmo ser aplicada aos fumadores. Os fumadores não são a Cimenteira da Arrábida nem nada. Os fumadores nem sequer são aqueles indivíduos maus e de aspecto intimidador que andam com umas carrinhas que não levam à inspecção a emitir gases venenosos para cima de tudo quanto respira neste mundo.
Nunca vi ninguém apontar o dedo ao bêbado que bate na mulher e nos filhos todos os dias porque é alcoólico nem nunca ninguém o proibiu de beber. Também pode conduzir devidamente alcoolizado, os olhares em direcção a ele serão sempre de respeitinho, que o respeitinho é muito bonito e nunca se sabe. No entanto, os fumadores são olhados cada vez mais como cães sarnentos. E não há problema. O fumador é olhado como um cão sarnento mas continua fumando o seu cigarrinho no cantinho, sossegado, sem infectar ninguém, nem ofender, ali, à chuva e ao relento, mas na boa. Até, capaz disso é ele, de aproveitar para reduzir, nutre-se de bom senso e até acata parte desta Lei, porque antes dela, também se abusava, não é que o fumador não apagasse o cigarro quando estava a incomodar porque até apagava, mas era um abuso.
Hoje em dia pode-se:

a) urinar atrás dos monumentos
b) cuspir para o chão qualquer tipo de escarreta
c) incendiar papeleiras
d) mandar seringas usadas para o ar (elas depois caem inevitavelmente no chão por causa de uma outra lei que é a Lei da gravidade)
e) vazar todo o tipo de embalagens de plástico e de metal num lago ou numa fonte uma vez que não há legislação que faça a separação lógica de um lago (por exemplo) de um eco ponto amarelo
f) praticar o aborto até às 10 semanas de gestação. E depois das 10 semanas também, que ninguém vê.
g) ser pedófilo
h) ter um cão danado, um ou mais, os que um gajo quiser (um leão é que acho que não se pode, não sei, uma pantera também acho que é proibido, parece-me, um pit bull pode-se)
i) Viva as touradas! Viva!!
j) Já estou cansada...

Hoje em dia não se pode:

a) Fumar
b) nem um cigarrito.
c) nem na discoteca.
d) nada
e) nicles

E se o Sócrates de repende decidisse acabar com as touradas? Esse hábito igualmente social, medieval, tradicional, ancestral, antiquíssimo e o caneco? Acabar, Cessar. Proibir. A partir de hoje vão espetar bandarilhas no lombo da vossa tia, que agora, acabou-se o festim. Claro que no outro dia vinha logo um desmentido, uma coisa do género: - O Sr. Eng.º Sócrates estava na brincadeira, já não se pode brincar com o Português não? Com o Português que gosta da touradasinha, não? Então não se vê logo que era uma brincadeira? Ia lá agora este governo acabar com as touradas, com as touradasinhas, continuem lá a torturar os animais e batam palmas! E toquem trompetes!
Os fumadores não são cães sarnentos (se fossem, sou da opinião que não deviam poder coçar-se apenas fora dos centros comerciais, fora das lojas, fora dos restaurantes, às escondidas, deviam ser tratados contra a sarna), os fumadores não são contagiosos, não são extra terrestres, não são criminosos (o comércio do tabaco é livre), não fazem o mal que se apregoa aos outros que por tolerância ou sem ela, levam com o fumo, há males maiores e ninguém fala disso, porque não convém. Mesmo nada. Que se fale disso. Ou porque são cobardes. Fundamentalmente. Os fumadores fazem mal a eles próprios, e pagam impostos para uma coisa que continua a ser legal mas não se pode fazer. Os fumadores são civilizados, são simpáticos, são actores, escritores, escultores, artistas na sua maioria. São pessoas.

Ó Sr. Eng.º Sócrates, já agora que tal uma Lei do género:

a) só podemos gastar 60% do nosso vencimento
b) os restantes 40% são imposto para o Estado
c) para a Igreja, vá.
d) A diabetes e o colesterol em acusando valores superiores a 110, aplique-se uma coima, que pode ir dos 250 ao 750 Euros, ou mais!
e) controlo da medição da tensão arterial pela PSP e GNR por meio de um mecanismo semelhante e a usar nas mesmas circunstâncias (operações Stop, do Natal, e tal) ao do balão
f) não se pode ter dentes careados, por cada indivíduo, independentemente da raça, idade, que calhe em sorrir e apresente uma carie, tunga! Aplique-se uma coima pesada. Leve-se a tribunal. Infracção grave.
g) se o Sr. Eng.º quiser, arranjo mais algumas Leis hipócritas, fascistas e parvas. Espere só que eu fume um cigarrinho, sim, porque aqui pode fumar-se. O Sr. Eng.º aqui não manda nada. Nem manda no meu corpo e na minha vontade que eu não gosto. E se for lá a casa com a asae verificar se eu não estou a cometer a infracção de fumar à varanda, levam todos com o chinelo.
Esta Lei já tem mais de 10 semanas de gestação. Já não se pode abortar pois não? Ou será que pode?

16.1.08

A barata diz que tem
Sete saias de filó.
É mentira da barata
Ela tem é uma só.


Ela tem é uma só!
A barata diz que tem
Um anel de formatura.
É mentira da barata
Ela tem é casca dura.


Ela tem é casca dura!
A barata diz que tem
Uma cama de marfim.
É mentira da barata
Ela dorme é no capim.


Ela dorme é no capim!
A barata diz que tem
Um sapato de fivela.
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela.


O sapato é da mãe dela!

14.1.08

A Dúvida

A Dúvida ou a certeza?
A honra de um homem. De um padre. Ou será da honra de uma criança, aquilo que se trata?
Na dúvida como proceder? Não fazer nada? Perante a dúvida deverá fazer-se silêncio?
Quem acode aos mais fracos? Ou será melhor perguntar: Como enfrentar os poderosos?
Na dúvida, como proceder? Eu, fui ver.
E gostei muito, muito da peça, "A Dúvida". Esteve em cena no Teatro Maria Matos, e eu, na dúvida: Vou ver? Não vou ver? Foi reposta, a peça, a tempo de eu, mesmo no último diazinho, ainda ter tido tempo de resolver a dúvida: Vou? Não vou? Ter ido ver.
Escrita em 2004 pelo norte-americano John Shanley (dramaturgo) a peça Dúvida recebeu um Pulitzer. O tema é a pedofilia. Eunice Munhoz fez o papel de Madre Superiora, Directora de um colégio, austera, conservadora, (detesta as novas esferográficas, o progresso, chá com 3 pedras de açúcar, que horror! Demonstrações de afecto, nem pensar! As crianças têm que sentir medo. Aulas entusiastas? De História, onde já se viu?), Flyn é um Padre progressista (Diogo Infante) afectuoso, que põe 3 pedras d' açúcar no chá, ensina os alunos a jogar basquete e a limpar as unhas e faz uso de esferográfica para escrever. A Madre Superiora, baseada num boato, inicia uma perseguição sem tréguas, sem olhar a meios, ao Padre, acusando-o de pedofilia, mesmo sem nunca ter conseguido a sua confissão, sequer a aprovação, o socorro da própria mãe do garoto, a vítima. Vítima de maus tratos por parte do pai? Vítima de alcoolismo? Vítima da cor de sua pele? Para a Madre, vítima com toda a certeza, de Pedofilia. Para a mãe, não, para a mãe o filho era vítima, sem sombra de dúvida, por ser a parte mais fraca. A mãe do menino temeu a condenação do filho e não a condenação do Padre, pois o filho era o elo mais fraco e a corda rebenta sempre pelo elo mais fraco, e "era só até Junho...".
O Padre acaba por se afastar do Colégio, para desespero do menino negro que via nele um amigo, um pai, um protector. Quem lançou o boato, nunca mais dormiu em paz e a Madre, a Madre superiora, a Directora do Colégio, acaba por ficar com a Dúvida. Talvez a mais pesada das penas.

Algumas passagens da peça:

"- É um rádio... (Diz a madre para a mãe do menino negro segurando um transístor pequeno, demasiado pequeno - leia-se - coisa liberal - para a época)
- Confisquei-o a um aluno e agora, agora, não consigo passar sem ele!"

1 dos Sermões do Padre Flyn durante a missa:

"... O padre mandou então a mulher que tinha originado o boato, para casa e em casa, pegar numa almofada e numa faca e subir ao telhado, em cima do telhado, esfaquear a almofada e voltar à Igreja depois de tal.
Na Igreja o Padre perguntou à mulher que tinha feito o boato:
- Pegas-te na almofada?
- Sim Padre.
- Pegas-te na faca?
- Sim Padre.
- E subis-te ao telhado?
- Sim Padre e fiz como ordenou.
- E o que é que aconteceu?
- Penas Padre! Penas! Muitas penas!
- Agora, volta para casa e recolhe todas as penas.
- Mas isso é impossível Padre, as penas voaram e espalharam-se por todo o lado!
- É isso o boato."

Eu, na pele da Madre Superiora, (porque é uma obra, uma peça, que nos habilita a pensar - Se fosse eu pá, se fosse eu ainda fazia pior e tal, na, eu, eu cá, sem provas não andava atrás de ninguém, e se ele for inocente? Já viste? - É. Aquilo leva um gajo a pensar e parecendo que não, pensar é bom porque desenferruja. É bom ir ao Teatro. Desenferruja, desemperra, mesmo nos dias de chuva. Desenferruja. É verdade.
Eu nunca perseguiria o Padre. (Isto agora sou mesmo eu)
Eu, na Dúvida, procurava o fundamento. A verdade e a constatação. A prova.
A mim, nunca me hão de ver, ao cimo de um telhado, com uma almofada na mão e uma faca na outra, e penas, penas por todo o lado.

Bob o Construtor

A Juntar ao Noddy, ao Mickey,
- Não é Mickey Mágê mãe, é Mickey Máuse!
Agora é o Bob, o Construtor:
- Ó mãe, canta! Canta o Bobe!
- Canta tu filho.
- Eu o Bobe, o Constutôí, eu sou o Bobe, ó mãe canta tu!
- Eu sou a Balbina, da faxina, tenho uma pá-á e uma va-ssoura, eu sou a Balbina, tra-ba-lha-dora.
- Não é o Bobe (ri-se), essa é a Bábina. Canta o Bobe.

O melhor das palavras

O melhor das palavras é quando são ditas com sotaque, com pronuncia, com ou sem acento. O melhor das palavras é quando são bem ditas (quem sabe melhor dizer as palavras são os actores). O melhor das palavras é a poesia (quem sabe melhor declamar poesia são os actores). O melhor das palavras é quando são so-le-tra-das, sentiiiiiidas! Gua... guague... gaguejadas, o melhor das palavras é quando dão suúluúçaádas, as, chorá-ádas, as, ou, cantadas lá, lá! (Quem canta bem as palavras são os fadistas). O melhor das palavras é quando o meu filho não as sabe dizer.

- Vai dar apentaçôin! (*)

- É uma fixiléca! (**)

- Não anda... Não tem zagolina (***)

O melhor das palavras é quando são ditas pelas crianças. Especialmente naquela fase em que ainda não as sabem dizer. Às palavras.

(*) Apresentações, Traillers
(**) Bicicleta (***) Gasolina

Obrigada filho, obrigada João Villaret, Carlos Paulo, Mário Viegas, Camané, ... obrigada por todas as palavras. Muito obrigada.

11.1.08

Pôquê?

I é Pôquê main?
Ito é Pôquê?
I Pôquê é axim? I Pôquê? I Pôquê?

Afinal existe a idade dos porquês...

Homenagem

Aos que cospem para o chão
Aos que cospem para o ar
Aos que retiram cocós das fossas nasais
Aos fala - barato
Aos que não são para aqui chamados
Aos que seguram uma beata acesa contra a palma da mão
Aos que deixam crescer a unha do dedo mindinho
Aos que limpam o ouvido com ela
Aos condutores impacientes
Aos donos de cães danados
Aos que puxam o elevador antes de mim
Aos que andam em bicos dos pés

mais uma vez, muito obrigada

Teste da Grafologia

Muito interessante. Fiz o teste e deu nisto:

"A inclinação de sua letra mostra que você tende a ser uma pessoa extrovertida, sociável e afetuosa. A ligação de sua letra revela grande capacidade de raciocínio lógico e uma supervalorização de sua própria capacidade. A direção de sua letra indica controle, constância e organização, especialmente nas tarefas cotidianas. A pressão que usa ao escrever sinaliza estabilidade e equilíbrio. As áreas valorizadas na sua escrita destacam vigor físico e sexual que se refletem na grande habilidade de expressão corporal. A forma de sua letra demonstra sinceridade, capacidade de adaptação, espontaneidade; sensualidade."

Experimenta!

http://istoe.terra.com.br/istoedinamica/testes/grafologia/index.asp

7.1.08

Queixinhas

Aos queixinhas, aos Bufos, aos Espiões, aos Picuinhas, aos Delatores, aos que não têm nada mais para fazer, aos que não têm vidinha própria, claro está, para se entreterem com ela, aos que estão sempre a pedir o livro de reclamações, aos que passam a vida a meter os outros em tribunal, no tribunal Judicial, no da Comarca, no do Trabalho, no Público, no do Comércio, no da Alfândega, no da Família e de Menores, nos Juízos Cíveis, Criminais e de Execução, nas Varas de competência mista, se não metem, queriam, gostariam ardentemente, como se fosse bom, pagar ao advogadozinho, perder a causasinha por falta de fundamento (os fundamentalistas sofrem sempre de escassez de fundamento, ou fundamentação inadequada, desconhecimento da Lei e tal... é um paradoxo, mas é verdade).
Este Post é dedicado aos palermas que passam a vida a ligar para o chefe, para a DGCI, para a Drel, para a Dren, para a DECO, para a ASAE, a escrever cartinhas, (cartinhas registadas, claro, com aviso de recepção e mais não sei o quê) para o provedor, para a gestão de condomínios, para o Presidente da Junta, da Câmara, não, melhor, para o Sócrates!
Blrarrrrc!! Q' nojo!
Conheço uma criatura, solteira por acaso, ou não, sem filhos, nem nada, (tem um carrito, um carrito velho, de noventa e dois, um charuto, portanto) que ocupa assim os dias (e as noites também talvez): a meter colegas e vizinhos em tribunal. Cada vez que a encontro, já meteu mais um, ou dois. Eu como não tenho lata para mudar de passeio, ela conta-me mais ao pormenor. Fico a saber que não dorme (pobre coitada) por causa do ar condicionado do vizinho de cima, nem por causa do sexo ruidoso do vizinho do lado, nem por causa do Dono do Restaurante, o vizinho de baixo. Diz que não descansa enquanto não vir no xelindró o proprietário do restaurante, porque, (diz ela, quem sou eu para duvidar?) que não tem Alvará para estar a arrastar cadeiras até às duas da manhã. Fico a saber que noutro dia foi atropelada, por uma bicicleta, ou seria uma cegonha encadeada? Bem, já não me lembro. Ia ao telemóvel, isso fixei, fico a saber que estacionaram uma viatura mesmo em frente à porta da garagem do prédio dela e ela não põe o charuto sequer na garagem (parece-me que não consegue enfiar o charuto lá dentro por causa das manobras que são por demais complexas) mas tem vizinhos que conseguem enfiar os carros lá dentro e sair e tudo apesar das manobras por demais complexas, e enquanto eles vão e não vão a tribunal, poderiam querer sair da garagem e então ela fez o favor de chamar a bófia e de por a cegonha em tribunal de caminho. Noutro dia, tirou uma quantidade de fotografias a um sem abrigo que andava aos caixotes e deu queixa do sem abrigo às autoridades porque o sem abrigo não se lavava, não cortava as unhas, nem o cabelo e cheirava mal a 50 metros de distância (isto do caixote à varanda dela) e quando foi enxotado (de varanda para caixote com os respectivos 50 metros pelo meio) mandou-a para o vocês estão a ver não estão? Para onde é que o sem-abrigo a mandou, não estão? Pró coiso e meteu as autoridades em tribunal porque dizia no auto que tinha sido arquivada a queixa por impossibilidade de reconhecer o individuo (acho que estava mesmo muito sujo, o individuo, ou então, má focagem da imagem, flash desligado, qualquer coisa).
E aquelas pessoas que parece que só saem de casa para ver se alguém comete uma irregularidade?
E que só vão ao café para reclamar do fumo?
E só vão ao cinema para reclamar das pipocas?
E só vão para o trabalho para reclamar dos colegas? E às lojas para pedir o livro de reclamações?
E aos CTT para pedir registos e avisos de recepção?
Livra!
São as mesmas que vêm passear o cãozinho para a minha porta e o cãozinho caga e mija à minha porta (o cãozinho ou a pessoa Dona do cãozinho, não sei, não vejo, digo que é o cãozinho, mas na verdade não sei) com grande àvontade e depois dão de frosques a assobiar para o ar e eu não faço queixinhas porque a essa hora (à hora em que a pessoa Dona do cãozinho e o cãozinho vêem fazer a sua mija e aliviar-se à porta do meu prédio) eu estou certamente a estender a roupa, ou a brincar com o meu filho ou a fumar o meu cigarrinho e só dou por isso quando a sola dos sapatos está por demais macia quando saio à rua e o cheiro, também vou lá pelo cheiro.
São as mesmas que cospem para o chão.
São as mesmas que por vezes não se lavam com aprumo e cheiram a sem-abrigo.
Não se arranja um marido ou uma esposa para estes palermas terem mais o que fazer? Cunhados, sobrinhos, um aquário, um hobbie, um amante, ou dois, um chefe que não emprenhe pelos ouvidos, uma corrida matinal, um banho de espuma, uma partida de futebol, sexo à fartazana, em bom, umas idas grátis aos espectáculos em cena caneco, qualquer coisa pá, tirem-me estes emplastros da frente para eu que só reclamo quando vejo que tenho mesmo razão e já na última, é que já mesmo na última, poder fazê-lo à vontadinha? Sem ser a senha 123 mil novecentos e trinta? Sem recear que prescreva? Sem terem acabado as folhas do livro de reclamações? Não ter sobrado nem umazinha?
Já agora ó queixinhas, ó mariquinhas, ó cobardolas, ó bufo, ó palermazeco, ó espia d' um raio? Já respira melhor já? Já respira melhor do narizinho? Já não ressona? E tosse? Já não tem? Tossesinha? Não? Já vai mais vezes ao centro comercial fazer as comprinhas? Já dá um pulinho à discoteca com a nova Lei do tabaquinho? já? Pronto... ainda bem.
Ao menos agora estão todos no seu lugar, fumadores para um lado, queixinhas, bufos, espiões, picuinhas, delatores, que não têm nada mais para fazer, que não têm vidinha própria, claro está, para se entreter, que estão sempre a pedir o livro de reclamações, que passam a vida a meter os outros em tribunal, no tribunal Judicial, no da Comarca, no do Trabalho, no Público, no do Comércio, no da Alfândega, no da Família e de Menores, nos Juízos Cíveis, Criminais e de Execução, ... para o outro!