oreinabarriga

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4.7.05

A Alta

O dia da Alta foi também o primeiro dia de vida do Miguel.
Ainda fiz durante uns instantes alguma confusão mas agora está claro que o Miguel nasceu Sábado, dia 2 ao fim da tarde e já não conta pelo que só fez um dia completo ao fim da tarde de Domingo, dia 3, ou seja, hoje é o 1º dia de vida do Miguel, efectivemente! os meus neurónios estão devagar... muito devagar...
Logo pela manhã, a enfermeira preta dos sapatos grandes, mediu-me a tensão arterial e a temperatura (com um termómetro de encostar ao ouvido). A meio da manhã, veio uma médica examinar os meus pontos, calcar a minha barriga e dar-me alta! Graças a Deus!
Não me restou alternativa que calçar ao Miguel meias nas mãos, porque irritado, enfia os dedos dentro dos olhos e magoa-se! Já tinha utilizado esta medida na primeira noite, mas a enfermeira tratou de ralhar comigo porque estava muito calor e com o tempo, o bebé largava o hábito. O pior é que não largou e passei a noite com o braço que estava cheio de hematomas debruçado sobre o berço onde ele dormia a segurar-lhe as mãos. De manhã quando olhei para o meu pulso, tinha mais uma nódoa negra!
Ao meio-dia, foi a vez do meu filho ter alta. Passou outra vez nos exames com distinção e podemos os dois regressar a casa sãos e salvos! Os dois não, os quatro! Nós, o pai e a avó Dília na bagagem também, o que me leva a crer que não consigo fazer-me entender.
O melhor é desitir. Tudo o que eu queria era ir para a minha casinha. As únicas pessoas que me apetecem são o pai do meu filho e o meu bebezinho. Mas constato que a preocupação da minha sogra e do pai do meu filho, é quem faz as refeições se não estou capaz? Quem arruma a casa se eu não puder? Quem faz as limpezas? Quem me ajuda com conselhos a calar o meu bebé se ele chorar de noite?
Alguém se preocupou comigo de outra forma que não esta? Alguém considerou nem que por um segundo, satisfazer a minha necessidade de paz e o meu filho só para mim e o pai do meu filho também?
Não.
Eles é que estão em poder de todas as faculdades mentais. Eles é que sabem, como sempre, o que é melhor para mim.
Nem tempo tive de trocar a minha sogra pela minha mãe, como se nesta hora o Ricardo precisasse mais da mãe dele que eu da minha. Só ela entendeu tudo o que sofri, só ela me podia dar mimo... mas o que não tem remédio, remediado está.
Sei que tudo são boas intenções. Não pensem que isto é ingratidão.
Eu não tenho mais forças.
Não tenho mais forças que estas para desistir.

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