Esta semana a capa da Revista Visão surpreendeu-me. A ideia não era original, a 23 de Abril de 2004 a Revista
DNa (suplemento do Diário de Notícias) apresentava a mesma solução gráfica, que achei, na altura (e ainda acho) tão original e interessante (quase tanto como DNa para nome de suplemento do Diário de Notícias), que a guardei até hoje. Como diz o autor da ideia original, o jornalista Pedro Rolo Duarte: "
As boas ideias resistem ao tempo ".
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Trouxe a Visão para casa (é já um ritual antigo), desta vez uma edição "censurada", o lápis azul, o carimbo "VISADO", "NÃO AUTORIZADO", "VISADO com cortes", tal como na ideia original, uma imitação, mas não deixou de ser para mim um prazer ver impressa outra vez a ideia brilhante do Pedro Rolo Duarte (e da sua equipa do DNa), achando eu que tudo se resumia a:
"As boas ideias resistem ao tempo"
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O que eu não estava à espera (trata-se da Revista Visão, caramba) e é no mínimo indecente, é que a Revista Visão não fizesse uma única referência, em toda a edição, ao criador, ou à versão original.
O jornalista Pedro Rolo Duarte é um génio que tem sido ofuscado (não sei porquê e se calhar nem que ele me explicasse, ficaria a perceber) por outras mentes aparentemente brilhantes que, vai se lá saber porquê, e com base em que critérios, ocupam o lugar na imprensa e nos órgãos de comunicação social daqueles que são realmente bons. O Pedro Rolo Duarte (e a equipa do DNa obviamente) foi (foram) literalmente plagiado(s) e ninguém, literalmente plagiado (ausência de qualquer referência ao autor), teria depois a educação, a finura, que teve o Pedro Rolo Duarte ao referir-se a isso:
"Por mim, prefiro pensar pela positiva: houve boas ideias no DNA que felizmente
continuam a inspirar e ser usadas pelos nossos colegas..."
Plagiar a escrita, as ideias, não é plagiar o homem em si, é plagiar uma parte, a terem que plagiar o homem todo: educação, código deontológico, finura, tudo, talento e tudo, era coisa praticamente impossível.
É uma pena que a edição 842 de 23 de Abril de 2009 da revista Visão, não tenha sido uma imitação, uma recriação da edição 386 de 23 de Abril de 2004 da Revista DNa, é uma pena que não tenha sido um 'trazer de volta à memória uma boa ideia, mas no fim dar a César o que é de César, porque assim é que é correcto', é uma pena que não tenha sido uma homenagem ao colega Pedro Rolo Duarte, a tão bom jornalismo, é pena, foi apenas um plágio e a prova que muitos, já gozam a liberdade jornalística, de expressão, etc., há mais de 35 anos e ainda não sabem o que fazer com ela.
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Aqui estão as fotos das duas edições para não haver dúvidas:
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capa do DNa 386 de 23/04/2004
capa da Visão 842 de 23/04/2009

Visão pág. 32 e 33

Visão pág. 12
DNa pág. 15
DNa pág. 18
DNa pág. 26
18 comentários:
este plágio que delatas aqui e caracterizas tão bem, parece-me um acontecimento diretamente relacionado com a morte de carlos cáceres monteiro (o director/ fundador da revista VISÃO).
eu bem sei que ele morreu em 2006 mas mesmo assim parece-me uma coisa diretamente relacionada com a sua morte.
É preciso ter lata!
E um e-mail ao diretor da Visão a dizer-lhe isso mesmo?
Um, dois, três e-mail's, até perfazer o tamanho da lata.
É caso para dizer (João Ayres) que no tempo do outro sr. estas coisas não passavam :)
podes sempre ver a coisa por outra perspetiva: a visão já quis ser a revista TIMES, agora quer ser o DNa, pode dizer-se que está a melhorar..
Lês muita imprensa portuguesa aí em L.A.? (Faço uma busca por imprensa portuguesa no estrangeiro e só me aparece o cão d' água do Obama).
leio muita imprensa portuguesa aqui em los angeles (estou a rir!) e fui leitor constante do dna durante.. 10 anos? de pedro rolo duarte como diretor.
há prazeres que nunca se esquecem..
Há prazeres que nunca se esquecem (e lá vai mais um plágio)
reportagens como "flores do mal", o tsunami (2004), a morte de arafat, no Dna, marcaram aqui a minha leitura da imprensa portuguesa (flores do mal e a capa da morte de arafat ganharam prémios internacionais de excelencia pelo design)
quanto ao (teu) plágio, ser plagiado é ser elogiado, o plagiado é que não tem como gozar dessa sensação
só me resta adormecer
03:00AM?
Boas insónias!
A inveja leva à cópia do estilo, não há nisso nada de mau, antes pelo contrário, já plagiar, é sídrome de inveja mal resolvida.
Eu leio a visão on line (é da distância), comecei por apreciar o vídeo que publicita a edição no site da revista e li isto: "Depois de muitos anos da sua vida a tentarem fintar os serviços de censura de Salazar e Caetano, a última coisa que passaria pela cabeça de dois dos nossos colegas de redacção era a de que um dia seriam convidados para fazerem de censores da VISÃO. Mas foi isso mesmo o que lhes aconteceu. Daniel Ricardo, jornalista... " (continua)
Vê lá tu que achei a ideia originalíssima.
Aqui se apresenta mais um que foi enganado.
Vale a pena ressalvar que a edição "censurada" da visão apresenta cortes em artigos de opinião, não só política como de cinema, livros... Não foram autorizados os artigos sobre a crise, o desemprego, a criminalidade, o erotismo, até a reportagem "Route 66" foi visada (tem cortes).
E na pág. 9 há uma caixa (obviamente não autorizada) onde constam as palavras que "não passavam" no antigo regime:
Colonialismo, Presos políticos, Comunista, Marxismo, Leninismo, Amnistia, Progressista, Democracia, Liberdade, Greve, Emigrantes, Corrupção, Aborto, Barracas, pedófilia, homossexual, DST, fome, violação, etc, etc..
Falava-se de quê? Escrevia-se o quê para fugir à verdade, no tempo da ditadura?
Dá que pensar (Becas).
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