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24.11.10

Fazer ou não fazer GREVE


Há quem diga que ah! as Greves não resolvem nada (como se não fazer Greve resolvesse alguma coisa), e há sempre uma diferença entre sermos um povo pacífico e um povo passivo.
Desta vez fiz greve. Fiz greve não contra o governo, fiz greve contra os que não podem fazer greve: os que não podem abdicar de um dia de vencimento e subsídio de refeição, os que não podem fazer greve porque sofrem represálias, aos ignorados pelos sindicatos, aos que fazem greve e a seguir perdem o emprego, e contra estes fascistas de m#:

I

" - ... a estrutura hospitalar vai ver-se livre de gente que perturba e não quer trabalhar (...) esta é a oportunidade para a necessária e urgente redefinição da gestão daquele hospital (...) são manifestamente incapazes e incompetentes para lidar e liderar a Saúde na Madeira".
Isto foram declarações do presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, perante a greve de médicos ortopedistas do Sesaram (Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira).

Obrigada à Administração do "Sesaram" pela postura destemida que teve em resposta a esta ignóbil afronta)

II

Um gestor do "Intermarché" de Vila Nova de Famalicão atropelou com um Jipe duas sindicalistas que se encontravam à porta do estabelecimento a promover o piquete de greve. Ao ser perseguido pelos trabalhadores ainda apontou uma pistola a uns quantos.

III

Os funcionários dos CTT fazem greve e a administração dos CTT contrata empresas de transporte privadas para fazerem a distribuição do correio (mais inconstitucional que isto é difícil) mesmo assim o corpo de intervenção da PSP caiu em cima dos... administradores dos CTT? Não. Caiu em cima dos grevistas.

A Greve é a cessação coletiva e voluntária do trabalho. Desta vez fiz greve. Fiz greve não contra o governo, não contra os meus "patrões" porque tenho a sorte e o privilégio de ter diretores a quem posso manifestar os meus descontentamentos e dizer aquilo que penso li-vre-men-te, sem medo do despedimento, de levar um processo disciplinar em cima. Fiz greve contra os que não podem fazer greve: os que não podem abdicar de um dia de vencimento e subsídio de refeição, os que não podem fazer greve porque sofrem represálias, aos ignorados pelos sindicatos, aos que fazem greve e a seguir perdem o emprego, fiz greve contra estes (e outros) fascistas de m#, mas fiz greve sobretudo pela Célia e pelo Miguel que são meus colegas até à data de termo de um contrato

(há sempre uma diferença entre sermos um povo pacífico e um povo passivo)

eu já estive na situação deles. Eu sei o que é instabilidade e a profunda desmotivação para trabalhar, eu sei o medo que dá a icógnita do futuro (engravido ou não? Vou com a minha vida para a frente ou não? Parece que tudo gira à volta do emprego), eu já estive lá... e ainda me lembro e é tudo tão recente que não só faço greve por eles (o contrário de passivo) como estou capaz de exercer alguma violência (contrário de pacífico).

Ah e há uma razão  pela qual eu faria greve inevitavelmente: Todos os outros colegas fazerem greve.
Fura-greves, isso é que não!

Parêntesis: eu trabalho para a administração publica, os meus diretores não são diretamente responsáveis pela admissão de trabalhadores nem pela decisão de abertura de concursos para a manutenção dos postos de trabalho em perigo como os dos colegas que a cima referi, é um à parte para quem não sabe não encontrar aqui uma incoerência entre eu dizer que tenho a sorte e o privilégio de trabalhar com diretores que permitem a liberdade de expressão e manifestação dos trabalhadores com o fato de ter dois colegas à beira do despedimento).

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