"Obstetrícia A, enfermaria 10, cama 6."
Já passava da meia-noite. Tudo sossegado naquele piso. A minha cama ao lado da janela sem paisagem nenhuma. A falta de um cigarro para descontrair.
O meu filho ao meu lado, posto num berço, a decifrar-me. Acariciei-o vezes sem conta. Cortei-lhe as unhas, tirei-lhe as crostas da cabeça (só duazinhas, pequenas) com gaze embebida em soro, mudei a 1ª fralda, beijei-o nos pezinhos, nas mãos, na cabeça, guardei fundo aquele cheirinho a não sei o quê, e chorei durante tudo isto. Passei toda a noite a chorar. Por ter sofrido tanto, porque o meu filho era perfeitinho, tudo nele era perfeitinho e essa dádiva é um sentimento maior que não cabe em lugar nenhum. Chorei de alívio por ele estar ali, de alívio por já ter passado por tudo aquilo.
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