oreinabarriga

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29.12.08

As coisas boas e as coisas assim assim

O meu pai (o avô João) foi operado no dia 17 de Dezembro, salvo pequenas complicações, foi uma coisa boa. Bloco operatório, uma noite nos cuidados intermédios e regressou a casa no dia 18 bem humorado e sem queixinhas (o meu pai está sempre bem humorado e nunca faz queixinhas, eu e a minha mãe - a avozinha Ana, temos que adivinhar se lhe dói alguma coisa, o que vale é que temos um dedo que adivinha).

Dia 22 a enfermeira Joana do posto médico fez uma cara feia ao meu pai quando lhe viu os pontos. Voltámos à cirurgia B do hospital. O cirurgião, a olho, disse ao meu pai que "estava tudo bem", não foi bem a olho, o meu pai diz que também foram umas apalpadelas (mas o meu pai nunca se queixa e deve mas é ter sido um dedo que o médico pensa que tem, daqueles que adivinham). Ontem foi domingo e era domingo de tirar os pontos, para complicar um bocadinho aquilo que parecia simples (porque "estava tudo bem") um dos pontos infetou e como o cirurgião estava de banco fomos parar às urgências do hospital...


"As Urgências dos Hospitais públicos da região de Lisboa
estão entupidos, com grandes períodos de espera e tudo devido a um surto de
gripe (...) O Hospital Amadora-Sintra regista um tempo de espera de 12 horas
para os casos urgentes e muito urgentes (...)"


fonte rtp.

"A gripe está a provocar o caos nas urgências dos centros de
saúde e hospitais portugueses (...) As autoridades pedem prudência e bom
senso à população (...) 17 mil episódios de procura nos hospitais e 20 mil
nos centros de saúde, são números que estão a deixar a unidades à beira da
ruptura. A Direcção-Geral de Saúde (DGS) apela para que "se deixem os serviços de
urgência libertos para os doentes prioritários que podem correr risco de vida
(...)".


fonte radioclube.clix.pt

E o cirurgião manda o meu pai para as urgências para apanharmos todos gripe?! perdão, digo: para tratar de um ponto infetado??

Assistimos de facto a um surto de gripe, muitas ambulâncias a largar crianças e idosos nas urgências do hospital. Haviam os acidentes graves, de viação, das bulhas, vasculares cerebrais e cardíacos mas também (faz parte) haviam por ali umas dores num pré molar esquerdo que migravam até ao joanete do pé direito, umas insónias... O nosso mal até pode ser menor, mas agrava-se com as horas que ali passamos de pé, ou de um lado para o outro, a enganar o estômago com um chá da máquina, sobretudo os meus pais que têm 70 anos (os meus pais nunca se queixam, nem de fome, nem de espera nem de terem 70 anos, mas eu tenho um dedo que adivinha, que adivinha que a tensão arterial está sempre a subir, a diabetes do meu pai também e o cansaço...), o nosso mal até pode ser menor mas agrava-se a assistirmos ao sofrimento dos outros, às entradas na reanimação, às visitas que choram ao telemóvel... Os vigilantes, auxiliares e pessoal administrativo do hospital são todos simpáticos e prestam todas as informações que precisamos, são os que "levam" com as reclamações, com os gritos e ameaças das pessoas que no meio de algum desespero, se revoltam e mesmo que não tenham razão, têm desculpa porque "aquilo dá cabo dos nervos", "aquilo dá cabo da paciência", "aquilo dá cabo de nós". Quanto aos médicos, os que têm a faca e o queijo, os que têm a ciência e a força necessária para pôr aquilo tudo a andar sobre rodas, a funcionar em condições, sem esperas, melhor organizado (não havia uma sala de tratamentos em todo o hospital onde o médico pudesse tratar de um ponto infetado? tinha que ser no banco de urgências? apesar do alerta da DGS para que se deixem libertos os serviços de urgência para os casos mais graves?), quanto aos médicos, são os que caminham devagar pelos corredores e reagem devagar na sala de consultas, são os capazes de não destapar um penso para ver melhor, são os capazes de nos mandar embora, dizer que está tudo bem e nem sequer é para darem cabo da fila de espera lá fora, são os capazes de ir mudar de bata às 11 horas e só regressarem às 4 da tarde, são os que têm a faca e o queijo na mão e pouca vontade, parece-me, mas como tenho um respeito enorme por médicos e enfermeiros e auxiliares, por bombeiros e porque o meu pai é que quem tem um ponto infetado e lhe quiseram espetar com uma gripe em cima e não se queixa, eu também não me quero aqui queixar (apenas ando um bocado cansada), prefiro acreditar que esta maneira "sossegada", "despreocupada" de serem tem mesmo que ser assim, é um mecanismo de auto-defesa para se manterem bem, porque se eles (médicos, enfermeiros) não estiverem bem, quem cuidará de nós? Prefiro enaltecer-lhes o dom (quase todos têm o dom, a maior parte eu diria) e a faculdade. Por "este" e por "aquele" motivo (não gosto de falar em doenças), temos recorrido quase diariamente (e alternadamente) ao posto médico e ao hospital, este mês de Dezembro tem sido assim e ainda não terminou a romaria, de modo que parece-me mais justo ser-lhes grata, até porque estamos na época do ano em que todos os que têm família desejam estar com a família (e estão com a família), daqui a nada estamos no ano novo que é época do ano em que todos os que têm amigos querem estar com os amigos (e vão estar com os amigos), e vão sobrar os médicos, os auxiliares, os enfermeiros, os bombeiros (...) que estão lá sempre, a trabalhar, por nós, a zelar por todos e se for preciso, a salvar as nossas vidas, a nossa família e os nossos amigos.
A reclamar, prefiro reclamar que fui a três ou quatro casas de banho no hospital e na primeira faltava sabão para lavar as mãos e papel higiénico, na segunda faltava sabão, papel higiénico e as torneiras, e por aí a adiante (caramba! num hospital não há sabão para lavar as mãos??) e também me apetece dizer Bolas! e agora quem é que me ajuda a fazer o meu trabalho (eu trabalho!) no emprego? depois de todas as tardes e dias inteiros passados no posto médico e nas urgências do hospital a testar a minha (nossa) resistência aos vírus da gripe?
Foram as coisas boas e as coisas assim assim do meu Dezembro (que me fizerem andar um bocadinho longe do blogue também e este post não é melhor porque eu não gosto de falar nisto).
Este ano o meu Feliz natal! foi para Eles (médicos e pessoal dos hospitais). Este ano, o meu bom ano novo! vai para Eles (e para a minha familia, lá chegarei. Os amigos estão sempre presentes de uma maneira ou de outra, não preciso fazer um post, pois não? :)).

16 comentários:

7 Sóis disse...

Faz lááááá...

7 Sóis disse...

Beijinho.

Carmina Burana disse...

Faz lá o quê? Um post? Não... não é preciso Zé. De uma maneira ou de outra, presencialmente, por telefone, pela net, vamos estando sempre em contacto, juntos. Post's para quê?
Beijinho.

Becas disse...

Eu vou só ali buscar uma máscara e já venho comentar.

Anónimo disse...

Andares nas urgências dos hospitais a tentar apanhar uma gripe e depois vires para aqui escrever, ou será transmitir? Parece-me pouco prudente. Sabes como somos sensíveis. Frágeis e sensíveis não sabes?

david

Carmina Burana disse...

Estou a rir!
Vocês não sabem mesmo dar uma de bonzinhos pois não? :D

Becas disse...

Podemos tentar.

Anónimo disse...

mas é arriscado.

david

Gema disse...

"De uma maneira ou de outra, presencialmente, por telefone, pela net, vamos estando sempre em contacto, juntos." Mais palavras para quê? Beijos, mais beijos.

Rainha Reles disse...

Sabemos que não gostas de falar disso. E que este post foi um bocadinho tirado a ferros.
Beijos sininho, mais beijos e um abraço sr. João!!

Anónimo disse...

A culpa do estado das urgências, do mal geral dos hospitais e centros de saúde não se deve aos médicos, mas a má gestão: desde as filas de espera á falta de papel e sabão nas casas de banhos. A cima dos médicos está o gestor-estado ou o gestor privado. A cima dos maus médicos, estão os maus gestores.
Desejo a todos um bom Ano, boas festas, felicitações pelo post do "paizito" que está um mimo e diz muito de si.
Com um abraço e votos de francas melhoras,

Paulo Viegas

Carmina Burana disse...

Não disse que o estado das coisas é culpa dos médicos, não disse isso, disse que eles têm muita força, assim como quem diz: Podem por favor... Usá-la?
Sei que também está a recuperar (corajosamente) e desejo-lhe as rápidas melhoras e um ano novinho em folha (um virar de página) só com coisas boas!

Carmina Burana disse...

Os beijinhos e os abraços ao avô João foram todos, todinhos entregues!

Carmina Burana disse...

(o post foi um bocadinho tirado a ferros pois foi)

Anónimo disse...

Obrigado. Tenho o seu blogue para ler que tem ajudado e bem a recuperar (corajosamente). A verdade é que sou um piegas, mais piegas que outra coisa.

Paulo Piegas, perdão, Viegas.

Anónimo disse...

Agradeço e retribuo. Um excelente ano para si, inspirado o mais possível.

Paulo Viegas