oreinabarriga

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28.5.09

Eu, sonhadora

O único fim em que creio é a morte, em relação a todos os outros fins sou cética. Quando acaba uma peça de teatro, o pano fecha, apagam-se as luzes, sucedem-se os aplausos, começam pessoas a pedir-me com licença, com licença, para passarem por mim em direcção às saídas, eu percebo que é o fim (já tinha percebido pela apoteose ou pelo "fade" da última cena) mas como não acredito em fins, se a peça valer a pena, ela prolongar-se-á até nunca mais acabar, não ter fim. Este é apenas um pequeno exemplo. O único fim em que creio é a morte, aí, já não há volta a dar, não acredito na reencarnação, acredito que somos altamente biodegradáveis, alma e tudo (se queremos deixar cá a alma é melhor começarmos já a escrever um livro, a amar mais, a dar mais, fazer qualquer coisa, porque depois de nos apagar-mos, adeus).
Depois da sentença (de morte como diz o pai afetivo da menina russa) dada pelo juiz que não aprendeu outra coisa se não que a justiça é cega e leva aquilo à letra, ouve-se dizer a todos os quadrantes: - É o fim. Não há mais nada a fazer ponto final acabou-se.
Eu é que não acredito em fins. Mesmo que digam fim, fim, fim (a mesma mentira dita muitas vezes torna-se verdade) eu tenho cá as minhas reticências. Realmente, agora mesmo que se venha a provar que a mãe biológica não tem condições para criar a menina, lhe bata, a alimente a vodka, não a ame, deixe que os "amigos" e "os namorados" a violem, a maior parte das vezes a filha é para ela um estorvo, etc., é improvável que os tribunais russos revertam a (brilhante) decisão do tribunal de Guimarães em retirá-la à família de acolhimento. O estado russo não assinou a convenção de Haia, o que impossibilita qualquer recurso para os tribunais internacionais, para além do mais, a Lei russa que é uma merda de Lei como a nossa, privilegia os laços biológicos em detrimento das ligações afectivas: um pai viola o filho, vai a tribunal fica com o filho porque é pai biológico, um pai mata a mãe vai a tribunal fica com os filhos porque é pai biológico, uma mãe sujeita sucessivamente uma filha a maus tratos, vai a tribunal fica com a filha porque é mãe biológica, ou seja, pela Lei portuguesa e pela Lei russa é preciso que a mãe biológica ou o pai biológico matem os filhos (matem mesmo, não é matem lentamente, matar lentamente não conta, têm mesmo que lhes por um fim) para que o tribunal não lhos devolva (uma coisa morta não se devolve, os pais biológicos já não querem aquilo para nada, a decisão do tribunal nesse caso é: enterra-se). Pela Lei russa , que é a mesma merda de Lei que a nossa, uma criança também só poderá ser adotada por estrangeiros, caso não existam candidatos russos a essa adoção, mas, eu, que sou sonhadora, acredito que os russos não têm todo aquele sangue frio como se diz, acredito que isso seja mais uma lenda, e acredito que quando começarem a ver a menina a morrer lentamente, juizes russos se compadeçam e aquela coisa da convenção de Haia enfim... fecha-se os olhos a tanta coisa... e imagino que nesta parte do sonho entram a Florinda e o João a quererem adoptar a menina. O sonho continua e os russos dem ficar todos caladinhos, ninguém vai manifestar vontade em adotar a menina só para que a Florinda e o João (estrangeiros) possam ficar com ela.
Se nada disto resultar eu ainda tenho outro sonho na manga: o pai! Não é um pai qualquer, não é uma porcaria de um pai de acolhimento, nem uma inutilidade de um pai afectivo, sem valor de espécie nenhuma, não, é o pai a sério, o biológico! Eu ainda tenho este sonho na manga, que o Ucraniano ainda há de sair dos planaltos e das planícies férteis da Ucrânia para salvar a filha desta agonia.
E Ai! de algum comentador que chegue aqui e me diga: - Acorda!
Que isso é pior que me dizerem: - É o fim.
Muito pior.

2 comentários:

MiudaCute disse...

E que os sonhos se tornem realidade, vivam! Os sonhadores...

Carmina Burana disse...

E o ponto final parágrafo.