oreinabarriga

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17.12.09

... E no entanto ela mexe-se



" Um sismo de 6.0 na escala de Richter foi sentido durante vários segundos ao
início da madrugada em várias zonas do país. Segundo o Sistema Geológico dos
Estados Unidos (USGS), tratou-se de um terramoto com magnitude de 5.7, ocorrido
às 01:37, 100 km a Oeste-Sudoeste do Cabo de S. Vicente, a 185 km de Faro e 265
de Lisboa, a 10 quilómetros de profundidade. O Instituto de Meteorologia aponta
para um grau de 6.0.
Este sismo, de acordo com a informação disponível até
ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido em todo o
território do Continente, verificando-se que a intensidade máxima foi de V
(escala de Mercalli modificada) na região de Lagos e Portimão.
A Autoridade
Nacional de Protecção Civil registou, até às 03:47, oito réplicas do sismo
sentido à 01:37 em Portugal Continental, todas de magnitude inferior e que não
provocaram danos, refere a Lusa. "

Senti um tremor de terra (eu, que durmo que nem uma pedra). É uma coisa arrepiante. As-sus-ta-do-ra (e o máximo que alguém ou alguma coisa numa escala de 0 a ... me assusta, é 1, e normalmente fico com soluços à mesma). Acordei de repente (foi o maior sismo sentido em Portugal continental desde à 40 anos), porque os meus dentes batiam uns nos outros que é uma coisa que nunca havia experimentado senão quando estava um frio de rachar.
Ricardo: - "Fooodasssistoéumtremordeterracaraças!"
Eu: " - O nosso menino!"

Levantei-me da cama (a bater o dente), pus os pés no chão, o chão a tremer e a ranger ao mesmo tempo, a cama indecisa, as coisas a tilintar (foram segundos, 10 segundos?), até o chão parar de tremer e deixarmos de ouvir aquele rugido (de leão? parece mesmo um leão enterrado vivo uns bons palmos debaixo dos pés) que é a terra numa ira.
Apodera-se de nós a sensação que vai dar-se um terremoto violento, metemos na cabeça que a coisa vai ficar feia e que estamos preparados (mas não estamos nada), agarramo-nos aos filhos e

" - Já passou"

E ainda bem que já passou porque nem do rádio de pilhas nos lembrámos de ir buscar.

O nosso menino sentiu o abanão da terra, não chegou para o acordar mas a cama a estremecer esboçou nele uma leve gargalhada.

Voltei para o nosso quarto de barriga vazia (de todas as vezes que acordo durante a noite que não sejam por causa de tremores de terra, vou sempre comer bolachas e beber leitinho) e um bocado mal disposta. O pensamento nas réplicas e que a vida não vale nada (até vale, mas está sempre presa por um fio) não me deixou pregar olho antes das 3 (4?) da manhã.

Nada há mais forte que a força da natureza (e lembrava-me do tsunami de 2004 e do terremoto em Itália e a erupção dos vulcões), se a natureza resolver acabar com isto tudo, acaba, e nós com a casa em cacos, no meio da rua descalços (com sorte com um filho nos braços), à procura do resto da família no meio dos destroços e deixa de haver lugar ou sentido para os nossos pequenos hábitos: A cara arranjada, um sorriso por cima ou uns sapatos bonitos.

De manhã lá estava o espelho da casa de banho, eu refletida, inteirinha (sem vontade nenhuma de rir ou dar graças a Deus, mas isso é porque de manhã sou de poucos amigos), o menino ali a dois passos, a dormir como um anjinho (aposto que ainda está a sorrir), o pote cheio de pulseirinhas (adoro pulseiras, tenho pulseiras de todas as cores e se eu agora telefonar para casa dos meus pais atende a minha mãe com certeza, está tudo bem assim como está) se o tremor de terra tivesse sido a valer, tinha o cabelo eriçado, uns trapos vestidos, um fio de sangue a escorrer pela cara a baixo, e isto se ainda cá estivesse para contar a história.

3 comentários:

Rainha Reles disse...

Há sempre duas alturas que me fazem pensar que ter marido faz falta, quando muda a hora e quando há um tremor de terra ninguém me avisa.

Jewel disse...

Qual sismo?

7 Sóis disse...

Ainda bem que cá estás, para nos contares histórias.