oreinabarriga
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21.7.11
Kem tem K
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ou pensando bem, talvez não.
passaram mais de vinte anos (vinte anos? sim, vinte anos), tenho a base de dados carregada de coisas, base de dados sentimental e tudo, o grafismo da revista era genial! fez-se luz, deu-se uma revolução no jornalismo, na imprensa, a esta hora o miguel esteves cardoso, o vasco pulido valente, a maria filomena mónica, o rui zink, o pedro rolo duarte, a constança cunha e sá, o rui vieira nery, até a agustina bessa-luís ainda esgaravatam e puxam pela cabeça para se conseguirem superar a si próprios, e ultrapassar, não ficarem atrás da linha, da época da escrita mais inquietante da história da nossa… literatura?
tenho a base de dados carregada de coisas, ir agora buscar as K todas, sem garantia nenhuma de recuar vinte anos para ir buscar um caixote de revistas e não arranjar uma quantidade de problemas (dar de caras com o um ex noivo, por exemplo e não resistir à tentação de recuperar umas cenas também e o datsun 1000 do meu pai estacionado à porta do n.º 4 e eu já não voltava para 2011 de cápsula, voltava de datsun), chegava com as revistas e uma data de coisas para explicar (ex noivo e tudo) e nas impressões com mais de vinte anos não se deve mexer. o melhor é deixá-las intactas. os filmes com mais de vinte anos não se devem voltar a ver. perdem o efeito. com as letras é igual (carros e ex noivos idem, se deram há mais de vinte anos não voltam a pegar), recuperava as revistas mas não recuperava a inocência nem o deslumbramento. isso não é possível. as imagens, os textos, as capas que tenho guardadas na memória, era tudo varrido. muito embora aqueles textos sejam literários, tudo aquilo intemporal, a demasiada luz dos nossos dias estraga (cor e tudo às memórias), eram imagens sobre imagens, sobrepostas, substituídas (não é a mesma coisa, vinte anos são vinte anos), pensando bem, não toco no fuso nem no efeito que as minhas memórias ainda produzem.
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