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3.5.12

viciados no facebook?



no facebook estão os amigos, os sítios que gostamos, a família e as pessoas que admiramos, estamos ligados, informados, independentemente da distância física ou abstrata, partilhamos, comunicamos (gosto destes dois verbos: partilhar, comunicar), escrevemos e lemos também (escrever e ler são outros dois verbos simpáticos), gosto de escrever (tenho tinta de esferográfica nas veias, não serve para nada, nutrientes não tem nenhuns, nem qualquer substância ou sentido, só o vício de sair), escrevemos, outras vezes fazemos copy paste (que quer dizer que lemos), viciados no facebook? talvez. eremitas (e já agora sem vícios), é que não!

isto a propósito de...

"... Eu sei que preciso de café, porque, todas as manhãs, enquanto não tomo o primeiro, sinto um peso na cabeça que me empurra até ao chão. E faz com que o mundo rode descontrolado, ora mais lento ora mais rápido, mas nunca na minha velocidade. Enquanto eu não bebo café, os outros ficam desnorteados, que nem baratas tontas, atropelam-se à minha frente, fazem perguntas estúpidas ou calam-se de propósito, só para me irritar. Por isso eu bebo café. Talvez seja um vício.


Eu sei que não preciso do Facebook, porque enquanto não abro o computador e digito a morada nada de especial me acontece. Não tenho calafrios nem tiques nervosos, a cabeça não pesa e o mundo, bem ou mal, continua a rodar na mesma direção. Mas até já aconteceu passar alguns dias sem ir ao Facebook sem qualquer alteração taquicárdica relevante. Contudo vou quase todos os dias ao Facebook. Descobri uma imagem, com alguma graça, em que o símbolo da rede social era desenhado em cocaína. É legitimo colocar-me a questão: estarei viciado?


Quis explorar mais um pouco esta questão. Sobretudo porque há uma coisa que me faz confusão: a minha tia sempre falou horas ao telefone e eu nunca ouvi ninguém dizer que ela era viciada em telefonemas. A minha avó escrevia inúmeras cartas, mas nunca ninguém sugeriu que se desintoxicasse do papel e da caneta. E o meu avô, tal como eu e centenas de milhares de pessoas, era 'viciado' em jornais, sendo que, ao longo da vida, gastou largas dezenas de contos a consumir aqueles papéis dobrados aparentemente inúteis, sem que ninguém o acusasse de vicioso.


Procurei definições no dicionário, e apercebi-me que a palavra vício em aceções suficientes para abranger quase tudo. Mas, em geral, é usada como algo de nocivo, recorrente, irresistível e supérfluo. Fumar é um vício, mas comer é uma necessidade, claro está. Porque comer é algo corrente e irresistível, mas não será nocivo nem supérfluo.


Parece-me que vários meios tecnológicos se podem tornar viciantes, o mais frequentemente apontado é o dos videojogos, porque consomem demasiado tempo a demasiados adolescentes. Mas nunca ouvi ninguém preocupar-se com o vício da leitura, apesar de poder provocar dificuldades de sociabilização semelhantes ou maiores. As redes sociais talvez possam ter alguns desses traços, tudo depende do uso que se lhes dá,. Mas tratando-se, acima de tudo, num meio de comunicação, estar viciado no Facebook significa estar viciado nos outros. Um vício a que só se escapam os eremitas. Esses estão viciados em si próprios, o que talvez seja uma doença muito mais grave."




Homem do Leme: Esta cena do Vício


Manuel Halpern


16:26 Quinta feira, 6 de Out de 2011

Ler mais: http://visao.sapo.pt/homem-do-leme-esta-cena-do-vicio=f625613#ixzz1toAn3JoR



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