oreinabarriga

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16.8.07

A Alta

A Alta fica para outro dia que o Ricardo passou mal, vomitou umas poucas de vezes e tudo.
Terá sido das Coca-colas? gostava que me explicassem por que raio naquele hospital dão Coca-cola aos doentes?! Quando lá cheguei vi um cafésinho na mesinha de cabeceira (que ele não bebeu) junto a uma latinha de Coca-cola (essa já meio bebida) e como o Ricardo sofre de Refluxo Biliar, não tolera a cafeína, bebi eu o café, em primeiro lugar e depois fui perguntar à enfermeira de serviço se queriam avariar o fulano da cama 27 de vez (isto por outras palavras claro). Que não, disse a enfermeira, que a cafeína tinha um efeito absolutamente imprescindível no processo de recobro da anestesia, que se eu o quizesse ver recomposto, que fosse ao bar comprar mais duas latinhas... e eu fui... a coçar o alto do cocuruto, mas fui. "Não se pode fazer tudo o que eles dizem." Tantas vezes já me lembrei desta sábia frase da minha sogra...
Estive no Hospital desde o meio-dia às 22 e 30.
A meio da tarde fui a casa dos meus pais buscar uma televisão portátil e o nosso filho para ver se ele animava. Com o nosso filho animou-se se bem que o Miguel não pôde ficar mais do que 5 minutos, entrou à revelia e sobre a minha responsabilidade (se ma pedissem claro, não pediram que ali ninguém dá por nada, eu podia ter entrado com o elefante do jardim Zoológico que eles assobiavam para o ar, basicamente) porque dentro do hospital o risco de contraír vírus, tuberculose, é consideravel, as crianças pequenas, são muito indefesas já se sabe.
À noite deixaram-me ficar depois da hora, lá nisso, são bons, não nos mandam sair dali para fora nem circular, devem precisar de nós para vestirmos e despirmos os doentes, para vazar os urinois, para darmos de beber pelas palhinhas e ajudarmos a mudar de posição, que eles têm mais que fazer, e se fizerem o mais que fazer com todo o respeito e dignidade, eu não me importo mesmo nada de tratar do resto, é para isso que eu lá estou e estarei até me mandarem embora. Ontem aconteceu (o mandarem-me embora) às 22 e picos. O Ricardo jantou bem, mudou de modelito, fez três ou quatro jarros de xixi depois de variadissimas tentativas sem sucesso porque não conseguia fazer deitado, lá conseguiu fazer de pé, às escondidas, porque o enfermeiro proibiu veementemente o ricardo de se levantar, é que nem a cabeça, e eu dizia-lhe que ele não conseguia fazer e ele ameaçava que lhe punha uma algália se ele "começasse com coisas" e só não se criou ali uma incompatibilidade entre mim e o enfermeiro sem necessidade nehuma, porque eu me enchi de tolerância.

Quando eu trabalhava na C. Saúde do R., o doente para mim tinha sempre razão. Exactamente como o cliente. Se dizia que dói eu concordava com ele e se me dizia que não era capaz eu acreditava piamente. Desde um simples formigueiro a uma dor grave, do doente humilde ao picuínhas, para nós importa apenas ter sempre presente que o doente está ali para ser "bem servido", não é para que agradeça e volte em breve, é porque não somos nós treinados para outra coisa caramba.
Deixei-o bastante ensonado e sem enjoos. A alta, essa, fica para amanhã, que como diz o ditado, é outro dia, melhor com certeza.

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