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2.6.08

Todas as Crianças caem

André, O Pássaro de Fogo
"(...) estávamos a passar férias em Armação de Pêra no
Algarve na casa da minha irmã, foi em 2001, o André tinha 8 anos, fizemos um
churrasco no jardim, lembro-me do Zé e do meu cunhado terem tido imenso cuidado
com as crianças, mandaram-nas embora para os quartos, brincar porque iam colocar o carvão e acender o fogo com álcool (aquele de gel) mas acho que naquele dia por mais cuidados que tivéssemos... A minha irmã andava sempre a perguntar
pela Inês (a mais pequenina) nós ficamos cá fora a beber caipirinhas mas sempre de olho nos miúdos pelos grandes vidros das janelas dos quartos, mas houve uma altura em que o André saiu, nos apanhou todos distraídos a falar alto e a pensar que eles estavam bem e entretidos uns com os outros e foi para o pé do churrasco e resolveu virar as carnes, o fogo pegou-se às mangas da swet-shirt (eu tenho que abrir aqui parêntesis porque eu tenho sempre tenção às etiquetas da roupa que compro ao André, verifico o nylon e os outros materiais sintéticos que não deixam a pele respirar e são altamente inflamáveis, as fantasias de carnaval por exemplo podem tornar-se muito perigosas em caso de acidente, se a swet-shirt do André fosse daquelas 70% poliéster, 20% não sei o quê e o resto algodão, tinha sido muito pior), o André começou a gritar e a correr o que fez atear mais as chamas, desatamos todos a correr atrás dele, o pai apanhou-o deitando-lhe a mão, atiraram-se os dois para o chão, eu o meu cunhado e uma prima fomos direitinhos à mangueira (todos nos lembrámos logo da água, eram 6 mãos em cima da torneira para abrir a água!), deitamos água para cima dos dois quase até chegarem os bombeiros!
O meu filho sofreu queimaduras de 2º e 3º grau, nos braços nas costas e na cabeça, felizmente as de 3º Grau (são as mais graves) foram só duas e numa extensão muito pequenina. No hospital passamos momentos desesperantes e aquela sensação: "o nosso filho está a sofrer tanto" nunca nos abandonava. Os médicos informaram-nos logo que mais vale uma queimadura de 3º grau numa pequena área que uma de 1º ou 2º grau numa área extensa (é uma curiosidade a propósito de nós comentarmos com a equipa médica que a queimadura de 3º Grau devia ter doído horrores ao André) as queimaduras de 3º grau queimam também os terminais nervosos, pelo que o paciente deixa de sentir dor. O pior são os danos irreparáveis que uma queimadura de 3º Grau pode provocar, o André sentiu mais dor nas queimaduras de 1º e 2º Grau nos braços que criaram bolhas enormes, mas felizmente ele fez uma única operação, ficou com algumas manchas mais claras, visíveis (mas não muito) nos braços mas sem qualquer mal-formação e todos, todos apanhamos um valente susto e uma experiência que nos marcou a todos (até porque todos nós temos crianças). Nós achamos que temos sempre imensos cuidados, mas basta que as crianças se portem bem durante uma hora, o nosso cuidado "baixa" para níveis muito perigosos, começamos a despreocupar-nos e é aí que o mal por vezes acontece, quando começamos a achar que já não há mal nenhum (...)"

Patrícia, Belém

O menino cor de lilaz


"(...) Deu uma queda violenta indo bater nos degraus de uma
escada, fez um traumatismo craniano, diagnosticado no hospital por TC
(tomografia computadorizada), na altura ficou inconsciente, só acordou mesmo (desperto) na ambulância, algum tempo depois começaram a aparecer zonas roxas à volta dos olhos o que nos alarmou mais ainda e deitava sangue pela boca (as enfermeiras todas diziam que era por causa da chucha (daquelas que têm plástico) são as piores. Durante meses, recorremos ao serviço de CI do Hospital de St.ª Maria para os médicos irem diminuindo o inchaço dentro do cérebro, despistar ou prevenir futuros ataques epilépticos e tomou medicamentos para as dores ainda durante muito tempo. Passada a fase do pânico, estamos desde aí sempre em estado de alerta. Felizmente à data está tudo bem, passaram-se dois anos, o medo que ele caia outra vez é extensível a toda a família (sobretudo aos avós) que tomam conta dele muitas vezes. Quando o vemos correr e jogar à bola (desporto favorito) o nosso coração salta pela janela!
(...)

Susana e António, Lisboa

O mau pacificador


"(...) O meu filho Daniel caiu também quando
tinha 3 anos na cozinha da nossa casa, foi com a cara ao chão e a chucha (da chicco, com aureola de plástico)
que até então, tinha sido o elemento pacificador, foi o mau elemento da
história. Parabéns mãe e filho corajosos, sem dúvida".

Rúbem, Seia

Açucar só no café com leite


"Só queria desejar a cicatrização rápida em relação à ferida
do Miguel (é muito bom quando nos conseguimos manter calmos e lúcidos e quando
os nossos filhos colaboram tão bem como o Miguel colaborou, ele apesar de muito
pequenino, não fez um berreiro que é uma coisa que não ajuda nada embora seja
perfeitamente compreensível e normal, mas não nos ajuda a pensar) e que a
lembrança má passe também depressa, eu já passei por esse susto, não vou dizer
quantas vezes, mas posso dizer que muito provavelmente não será a primeira
nem a última vez, as crianças são uma surpresa, (...) nunca coloquem açúcar, manteiga, compressas e algodões sobre as feridas, uma vez a minha tia colocou açúcar numa ferida que a Beatriz fez na mão (para estancar o sangue que não parava de escorrer) e a médica depois no hospital não
conseguiu fazer o diagnóstico."


Ângela Filipa, Lisboa

Anjos, a mãe coragem e os seus filhos

"(...) um dia eu estava a cozinhar, ele tinha apenas 16
meses, estava com ele ao colo, como sempre e era se eu queria fazer alguma coisa
(...) mas nesse dia coloquei-o no chão só por um momento, só para fechar a
panela de pressão. Já gatinhava e como tal foi para o corredor e de lá subiu
(tão depressa que eu nem vi!) para cima de uma cadeira ao pé da mesa do
telefone, de costas para mim, de pé e de nariz para a parede, só ouvi: - "ãe!!!" e ao mesmo tempo que me viro cai o meu
bebé no chão em cheio com a nuca na pedra. Nunca vi tal choro a uma criança, era
um choro diferente, ele até abanava a cabecinha à procura de ar para respirar. A
palidez foi o que mexeu mais comigo. Apesar de não ter desmaiado nem vomitado
não achei aquilo normal. Corri para o Hospital e o médico disse que eu tinha
sido muito perspicaz em tê-lo levado logo para as urgências. O problema era
grave, não se podia fazer nada na altura, ficou no banco dos adultos numa maca a
noite toda e lá ficaria alguns dias sob vigilância, mas como mostrei ser
responsável, o médico veio falar comigo, explicou-me que corria o risco de à
medida que o osso fosse fechando, entalar os tecidos da cabeça trazendo
problemas bem sérios que não teriam cura e por isso davam-lhe alta à minha
responsabilidade, tendo o cuidado de lá ir todos os dias durante o tempo que eles
entendessem. Andou lá em vigilância até aos três anos (altura em que o crânio está fechado completamente). Como fez fractura craniana com lasca, (...) a epilepsia era apenas o mais brando dos problemas graves ou muito graves que daí podiam advir (...) por favor mamãs, não tenham medicamentos nem produtos abrasivos ou tóxicos ao alcance das crianças, não se podem ter cadeirões soltos
pela casa enquanto há bebés, desviem tudo, não tenham nada em casa se preciso
for, a vida dos nossos filhos vale isso e muito mais, o perigo está onde
pensamos que ele não existe. Não esperem depois de uma queda, que o vosso filho
vomite ou desmaie, o tom da pele diz-nos muito (...) com apenas 16 meses podia ter passado de um bebé lindo e perfeitamente normal a uma
criança dependente de alguém para o resto da vida (...) aos dois anos apanhou
uma coqueluche ou tosse convulsa que lhe arrastaria vários problemas durante 10
anos, mas o seu 4º aniversário foi terrível até que encontrei um homeopata que o
curou. - Mamã, mamã, amanhã vou para a escolinha!
Fomos todos levá-lo, quando regressou vinha a chorar: - Mamã,
tenho lá tantos amigos, porque é que não me metes-te na escola mais cedo? (...)
no interim desta odisseia e como eu só tenho bebés aos pares, quando o Joca tinha dois anos e quatro meses, nasceu uma menina. Mas isso é outra história..."

M.ª dos Anjos, Porto da Paiã


E fica para outro Post, já pensei até no titulo: "Anjos".
A tua alma de mãe é tão grande! Obrigada pelos "retratos" que ainda por cima estão em formato de papel, manuscritos, não imaginas o que representa para mim mos teres confiado (ainda para mais em formato de papel). A todos: Como vêem, eu não me esqueci de fazer este Post "Todas as crianças caem", não me esqueci da solidariedade, da amizade, não me esqueci de nada.

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