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18.6.09

Não tenho tempo

Tempo para escrever. Para me livrar disto: andar cheia de coisas nas veias (da caneta), coisas sérias, o que o meu filho me diz, a aula de música que fui assistir, o jacarandá da Rua da Voz do Operário (texto inacabado, um dia ainda arde), o que ando a ler, quem passa por mim e deixa uma data de dedadas indeléveis...
Aos textos que ainda não escrevi (espero que a tinta não seque nas veias), a quem ainda não agradeci, ou perdoei, ou respondi, ou esqueci (com tempo vai), aos aniversários que não me lembrei, aos tempos (compassos) onde não entrei (ou entrei fora de tempo), à minha vez de brincar contigo filho, de te fazer uma história. Assim que tiver tempo, levanto-me da cama de manhã com mais força e de uma só vez. A cabeça parará de doer (e as contraturas), a tinta (das veias) à temperatura certa há de fluir (a correr). Formar-se-ão as palavras de que preciso e a linha do horizonte... Passo dias sem ver a linha do horizonte. Semanas? (os oceanos têm a linha do horizonte perfeita) se ao menos a orbe, a gente, o trabalho e as caras (de parvo, de sério, de choro, de riso, de espanto, dos outros, e as que não me dizem nada), não estivesse tudo sempre tão perto da vista, entenda-se a orbe e todas aquelas coisas: os semáforos, para onde olhamos anos da nossa vida não contabilizados (quase sempre na linha da frente), entenda-se o prédio da frente (não a última janela, apenas a janela que fica na nossa direção), o ecran do computador, as folhas dos livros, o espelho da casa de banho... se o mundo não estivesse sempre tão perto da vista havia mais céu e eu reparava que quando não chove o teto do mundo é uma imensa clareira (e não está suja, visivelmente suja como o chão que pisamos e aquilo que fica a um palmo do nariz). Preciso de tempo (o horizonte está lá), descansar os olhos, respirar fundo (passo dias, semanas? sem respirar fundo, com tempo) ou da forma que me apetecer, ou não respirar. Passo dias no automático. Bem sei que a linha do horizonte é uma linha imaginária, mas interessa-me mais a parte que diz que a linha do horizonte é onde se localiza o ponto de fuga.
Quando tiver tempo, fujo.
Quando tiver tempo escrevo (é a mesma coisa), coisas a sério (daquelas a brincar a brincar). Quando tiver tempo a linha do horizonte voltará a fazer parte do meu infinito.

"Time heals all wounds. All any of us can wants, is more time.
Time to stand up. Time to grow up. Time to let go
Time."



In Time Has Come Today (Grey's anatomy)

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