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7.12.10

Festa de Natal na escolinha do Miguel



Todos os pais foram convidados a fazer uma pequenina representação: recitar um poema, fazer uma palhaçada, dar uma pirueta, tocar um instrumento, sei lá! na festinha da escola do Miguel.
Cativar uma criança é das coisas mais difíceis que conheço (cativar 20 é obra), fazer com que ela pare, escute e olhe e pelo menos no dia a seguir se lembre de nós numa figura. Como eu não sei dar piruetas, não me atrevo a cantar, não toco nada (já nem o "Pour Elise" de Beethoven ao piano nem nada e também não vai haver piano na sala) há bocado tive uma ideia: vestir-me com uma roupa XXL e encher(me) de almofadas, fazer umas grandes tranças com lã para por no cabelo presas com ganchos e recitar a "Menina Gorda" de um poeta brasileiro que nunca me lembro o nome, só me lembro da voz do João Villaret a dizer "Como esta minina istá gorreda! Búnita! (será Rui Ribeiro Couto? ou José Alencar?) eu só me lembro da voz cheia (cheia de cheia, cheia de fulgor), inconfundível, inesquecível, do João Villaret, de ouvir isto em criança vezes sem conta porque cativar uma criança é das coisas mais difíceis que eu conheço e o João Villaret tinha uma voz tão cheia que eu criança parava. E ficava encantada a escutar.


A MENINA GORDA

Esta menina gorda, gorda, gorda,

Tem um pequenino coração sentimental.

Seu rosto é redondo, redondo, redondo;

Toda ela é redonda, redonda, redonda,

E os olhinhos estão lá no fundo a brilhar.

É menina e moça. Terá quinze anos?

Umas velhas amigas de sua mamãe

Dizem sempre que a encontram, num êxtase longo:

“Como esta menina está gorda, bonita!”

“Como esta menina está gorda, bonita!”

E ela ri de prazer. Seu rosto redondo

Esconde os olhinhos no fundo, a brilhar.



Às vezes no quarto,

Diante do espelho;

Ao ver-se tão gorda, tão gorda, tão gorda,

Ela pensa nas velhas amigas de sua mamãe

E também num rapaz

Que a olha sorrindo,

Quando toda manhã ela vai para a escola:

“– Ele gosta de mim… Ele gosta de mim.

Eu sou gorda, bonita…”

E os dedos gordinhos pegando nas tranças

Têm carícias ingénuas

Diante do espelho.



Rui Ribeiro Couto




O poema é tão lindo (é tão aparentemente simples e no entanto há cambiantes por todo o lado), que se as crianças fugirem todas da sala pela janela e os pais das crianças forem todos para baixo de uma mesa a culpa não é do poema, nem do poeta, é minha, toda minha. Isto foi só uma ideia
 
(escondo os olhinhos no fundo, a brilhar)
 
A mãe vai tentar... 

4 comentários:

david a. disse...

Já marquei um lugar debaixo da mesa!

david

7 Sóis disse...

A ideia é ótima, mas não será preciso tanto. Tu já fazes parar tudo: as crianças, os animais, o trânsito, parece que até os astros não é?

Rainha Reles disse...

Vamos ver-te G O R D A? Vamos? Jura!

Carmina Burana disse...

David: Já podes sair de baixo da mesa :)

7 Sóis: É. Os astros sobretudo. Uma vez parei o sol em neptuno sem querer, e não calculas...

Raínha Reles: Já podes parar de dar pulos de contente :)