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23.8.08

A tara dos sapatos grandes


Sempre tive a tara dos sapatos grandes.
Grandes o suficiente para saírem do pé com facilidade. Grandes, sem me fazerem o pé grande, mas grandes o suficiente para poder estar sentada na carteira da escola, à mesa no restaurante, à escrivaninha e fazer movimentos com o pé por baixo da mesa (nada de movimentos lascivos, não estou a falar em provocar com isso situações indiscretas, obscenas, nada disso, apenas tocar com um sapato no outro em movimentos de entretém, ou porque a aula é chata, ou porque a conversa é monótona, ou porque não tenho fome, ou por ser um ritual) e o sapato soltar-se devagar, e com facilidade... chegar a casa, ao meu quarto, levantar o pé do chão, flectir o joelho como um reflexo e o sapato soltar-se do pé...
O meu pai conta que quando era pequeno o obrigavam a calçar os sapatos dos irmãos mais velhos que lhes iam deixando de servir e o meu pai, sem poder fugir a isso (não havia dinheiro para comprar uns sapatos à sua medida) tinha que andar com uns, dois números acima, era uma espécie de humilhação, para além do desconforto que certamente provocava. Hoje diz com um certo humor "Ainda bem que não eram dois números abaixo, eram dois números acima se não, o desconforto era ainda maior, agora tu filha? Que podes comprar uns sapatos à medida do teu pé? Que tara..."
É de facto uma tara.
O mesmo acontece com as sandálias. Não gosto de ver o calcanhar fora de uma sandália, muito menos os dedinhos dos pés. A sandália convém que seja um número a cima para o pé ficar arrumadinho. Pode sobrar sandália, ser mais sandália que pé, sobrar o pé é que não (ser mais pé que sandália).
Ontem tive um daqueles amores à primeira vista por uns sapatos (até os fotografei, como podem ver) mas não havia o 35 (por amor andaria com uns sapatos à minha medida, com o pé apertado, esfregaria um sapato no outro, por baixo da mesa e ele não se despegaria do pé com facilidade, quando chegasse a casa teria que me sentar numa cadeira e usar as mãos para me descalçar, mas enfim, por amor o que não se faz?) nem havia o 36 que é o meu número a cima, só o 37. Dois números a cima é coisa para o sapato me sair do pé em andamento e isso já não faz parte da minha tara por sapatos grandes, faz parte do problema dos saldos. Mas trouxe os sapatos na mesma. Eu não falei em paixão à primeira vista pois não? Não disse "flirt", um simples jogo de sedução, disse amor, amor à primeira vista e depois fui à farmácia comprar umas palmilhas de silicone que me custaram mais que os sapatos para poder finalmente calçar, dois, dois! números a cima do meu...
Ninguém disse que eu era boa da cabeça.

13 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho uma tara por toucas de banho.
Mas não vou falar disso.

david

Carmina Burana disse...

Uma tara por toucas de banho David?! Não percebo... tu nem rastas tens, nem cabelo comprido... Mas se não queres falar disso, eu respeito. Também não te vou pedir que fales disso.

Carmina Burana disse...

Fala disso! Conta-me, conta-me tudo (como se fossemos amigos intimos)

Anónimo disse...

Naaa...

david

Carmina Burana disse...

Como queiras. mais tarde ou mais cedo, vais acabar por falar disso.

Anónimo disse...

Mais tarde ou mais cedo vamos acabar por ser amigos intimos.

david

Carmina Burana disse...

Naaaaaa.

Rainha Reles disse...

Gostei da tua tara por sapatos grandes, aguenta-se, gostei dos sapatos, são lindos, mas "What you need is a second life" dois números a cima.

Carmina Burana disse...

Não me digas nada amiga, o que eu preciso é de um plano B, urgente!!

Becas disse...

Que tal vai isso do plano B?
Já accionas-te o botão?

Carmina Burana disse...

Não Becas. Ainda estou em queda livre.

Becas disse...

Quando caíres avisa quando e onde, para o Bequinhas se por a jeito, sabes como é... "a única coisa positiva quando caímos é a oportunidade que damos aos amigos de nos ampararem"
não é assim?

Carmina Burana disse...

Obrigada. Mas vou tentar cair num lugar despopulado.