(post a propósito do iPod do blogue)
"Juntos no escuro de mão dada a ouvir.
Aquela música maluca, sempre a subir.
"Mas tu não ficaste, nem meia hora
Não fizeste um esforço para gostar e foste embora.
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não houve a mesma canção."
"... Será que somos capazes de amar e viver ao lado de alguém que sempre viveu numa outra realidade? Será o amor um catalizador tão eficaz que anula diferenças de princípio? De entre todas as diferenças quais são as realmente inultrapassáveis?
Percebi, com o passar dos tempos e algumas nódoas negras emocionais, que o amor não resolve tudo, aliás, no mais das vezes, nem sequer ajuda nada. Serve apenas de analgésico (de qualidade duvidosa) e atordoa-nos os sentidos, permitindo-nos continuar a viver num estado de semi-vigília enquanto tudo o resto se vais desmoronando e perde qualquer sentido. Quando acordamos, geralmente com uma ressaca monstruosamente acumulada, já nem nos lembramos das razões que nos levaram ao patamar onde agora estamos, e que nos parece, apenas, desconfortável, e constrangedor, como uma saia demasiado curta, que não nos cobre o suficiente para estarmos socialmente confiantes.
É este o resultado de tentar combinar pessoas com interesses e circunstancialismos totalmente distintos.
E o que é "a mesma canção"? Não me refiro, naturalmente, a questões financeiras. Mas a coisas muito mais determinantes: Carreira, ambições, valores e interesses culturais. Desisti de tentar adaptar-me a homens que não querem da vida mais do que eu, que me acham excêntrica pela mania dos livros e do jazz, a quem incomoda, mais ainda do que o interesse pela política e economia, as noites passadas no escritório ou à frente do portátil entre 38456 papéis.
Eu não sou só aquilo que sou de alguém, eu sou sobretudo aquilo que faço, e ainda mais, aquilo que quero.
E o que eu quero é um homem que eu possa admirar e que me faça querer estar em bicos de pés para chegar até ele, não alguém que eu tenha de me baixar para tentar perceber.
Descobri, que no amor, ao contrário da vida, tenho vertigens, e raramente gosto do que vejo quando olho para baixo... Pior, o mais certo é perder o equilíbrio e, invariavelmente, estatelar-me... "
10 comentários:
O nosso problema não é ficar, é sair, desligar.
david
sair do blogue, desligar o iPod.
david
Então e o Demis Roussos? Falta o Demis Roussos :)
Sabes que é nome artístico de Artemios Ventouris? é um nome bonito para sugerir no teu Post dos peixes.
david
Demis Roussos é que não!! não aguento o timbre 5 segundos.
Mail2Blogger
"... Será que somos capazes de amar e viver ao lado de alguém que sempre viveu numa outra realidade?"
Fazemos isso a toda a hora, quando casamos por exemplo, nem sempre casamos com aquele que pensamos ser o melhor homem (ou a melhor mulher), casamos naquilo que pensamos ser a melhor altura para o fazer.
Estou no teu blogue, a ouvir o teu iPod à mais de meia hora para que saibas :)
Beijinhos
Muitas relações terminam com ambas as partes a amarem-se de caras, a gostarem das mesmas coisas, ninguém é feito para outro, não é por aí...
Em relação ao post (à parte escrita por ti) comigo, não vais aprender uma grande lição :)
Opostos atraem-se, o pior é que não se entendem.
Têm pontos de vista diferentes em relação à educação dos filhos, às compras, à disposição dos móveis, ao destino de férias...
Atraem-se mas passam a vida a tentar mudar o feitio do outro...
Não é que eu perceba desta matéria, estou meramente a divagar, que eu casei com uma alma gémea :)
Vou descer do escadote a ver se isto me passa...
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